A bagagem sonora da Qampo é reflexo direto do pluralismo estético que conduz os processos criativos da banda desde a sua fundação, em 2015. Neste mês a banda lança seu primeiro álbum, Ao Espírito da Hora Passada, já disponível nas plataformas digitais. “Eu e Pedro [Laporte – bateria, samples e percussões] somos amigos de colégio e já tivemos outros projetos por aí. Com o tempo as coisas foram mudando, algumas coisas deixaram de ser, mas eu e ele continuamos sempre tocando. Primeiro como hobby, depois já amadurecendo algumas ideias de composição e gravação também”, explica um dos vocalistas da Qampo, Rafael Zimmerle.
“Anos mais tarde, por volta de 2015, eu conheci o Beró [Ferreira – guitarra e voz] e encontramos várias afinidades estéticas entre nós. Ele passou a integrar a banda naquela época e um tempo depois, entre 2021 e 2022, chegaram o Marco D’Almeida (baixo) e o Rafael Durão (guitarra, violão, voz, piano e synth) pra fechar o time”, ele explica.
O álbum traz nove faixas ao todo, uma delas já conhecida do público, “Leão de Fogo, Galo de Briga”, divulgada como single semanas atrás. Na parte temática, quem dá a letra é o outro compositor e vocalista da banda, Beró Ferreira.
“Este álbum traz um eu-lírico muito consciente de si e com um olhar que busca resolução”, completa o artista. “É um indivíduo que está mirando a janela entre o ser e estar no mundo. Por isso a janela da capa. Ela aparece aqui sempre como um canal de comunicação”, explica.
A banda frisa a participação dos produtores Pedro Bettin e Cacau Lamaia, que conseguiram agregar bastante aos arranjos. De acordo com Zimmerle, “eles souberam comprar nossas doideiras e implementá-las nas gravações”. O produtor Bettin comenta que realizar musicalmente uma ideia é, muitas vezes, “fácil, instintivo, vem das inúmeras referências que permeiam nossas construções artísticas. Já experimentar o não-óbvio, tanto no sentido musical quanto lírico, não é simples e acrescento esse mérito à banda. Foi algo que me conquistou nessa parceria”.
Para Lamaia, o sentimento é parecido. “Trabalhar ao lado de pessoas geniais é uma aventura emocionante. Ver os meninos fazendo da criatividade a matéria-prima para essa construção, foi o que mais cativou o projeto do começo ao fim. A naturalidade e sensibilidade na implementação das ideias do disco, bom, conduzir o barco fica fácil quando a tripulação já içou as velas”.
Para Fábio Trummer, que apadrinhou o grupo, “esteticamente, a banda me lembrou a música brasileira do fim dos anos 70, começo dos anos 80. Não se trata de saudosismo nem de uma cópia da musicalidade dessa época, a Qampo tem uma pegada contemporânea forte e uma identidade única que faz com que soe vanguardista”, ele prossegue. “Minha contribuição não foi musical, já que a banda tem sua musicalidade muito definida. Meu trabalho foi o de dirigir as sessões de gravação para otimizar o tempo e extrair ou acentuar suas características próprias”, ressalta.