Projeto resgata o legado de Luiz Domingues, mestre da azulejaria

Memorial criado por sua neta, Laís Domingues, vai catalogar e digitalizar as obras do português

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Foto: André Nery/Divulgação.

O Memorial Luiz Domingues, idealizado pela artista-educadora Laís Domingues, vai catalogar, higienizar e digitalizar as obras do azulejista português Luiz Domingues (1926-2021), que viveu e produziu em Pernambuco por mais de cinco décadas. O projeto prevê ainda a produção de um catálogo virtual e impresso, além de uma roda de conversa sobre memória, patrimônio, arquitetura e cidade.

Natural de Coimbra, Domingues chegou ao Brasil em 1954 e trabalhou inicialmente na fábrica de cerâmicas da família Brennand, antes de abrir seu próprio ateliê. Suas criações estão presentes em residências e em obras da arquitetura modernista pernambucana, como o Edifício Acaiaca, projetado por Delfim Amorim, e os painéis do Edifício Joaquim Nabuco, assinados por Abelardo da Hora, e da Avenida Cruz Cabugá, de Corbiniano Lins.

Segundo Laís Domingues, o memorial busca valorizar a produção do avô, muitas vezes invisibilizada. “Meu avô veio de uma família muito pobre e ser artista não parecia uma possibilidade. Assim, ele nunca se considerou um artista. Nem mesmo permitia que o chamassem assim, quando, na verdade, ele sempre foi. Então, esse projeto surgiu também como uma forma de contar a história de quem dedicou a vida a produzir arte, mesmo que silenciosamente. Há muitos trabalhos que meu avô sequer assinou, por exemplo. Então, também é uma espécie de resgate e de questionamento das estruturas que fazem alguém ser chamado ou não de artista”, afirma.

Desenhos de azulejos de Luiz Domingues Foto Andre Nery
Foto: André Nery/Divulgação.

O projeto também busca mapear obras de Domingues espalhadas por diferentes estados. Já foram localizados trabalhos na Paraíba, em Alagoas e no Pará. A população pode colaborar identificando possíveis obras por meio do perfil no Instagram (@memorialluizdomingues).

“Os azulejos estão muito presentes na arquitetura brasileira e trazem essa ideia de aconchego, de personalidade, de memória e afeto. Recentemente, temos visto um interesse renovado nessa tradição e, mesmo para pessoas que não moram mais em lugares com azulejos, a estética evoca lembranças muito fortes, seja das casas onde cresceram, de familiares etc. O Memorial Luiz Domingues quer que as pessoas olhem essas criações, não só do meu avô, e se perguntem sobre quem fez”, acrescenta Laís.

O projeto tem incentivo do Sistema de Incentivo à Cultura (SIC), da Fundação da Cidade do Recife, Secretaria de Cultura e Prefeitura do Recife.