Um novo prêmio literário brasileiro está a caminho, abrindo espaço para a palavra escrita e o direito à livre criação. Com o intuito de promover novos nomes da literatura contemporânea nacional, o escritor e produtor cultural Henrique Rodrigues criou o Prêmio Caminhos de Literatura, no qual o critério de seleção é guiado unicamente por quatro pilares: o talento da escrita, o ineditismo da autora ou do autor e da obra submetida a avaliação, além do gênero literário – restrito aos romances. A obra vencedora será publicada pela Editora Dublinense, que traz em seu catálogo nomes como Natalia Borges Polesso, Carol Bensimon, Julia Dantas, Rogério Pereira e Samir Machado de Machado.
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Um dos idealizadores do Prêmio Sesc de Literatura, Rodrigues sempre apostou na liberdade artística dos concursos literários como forma de democratizar o acesso às práticas de escrita e leitura. Apesar do aumento considerável de premiações literárias no Brasil, o espaço para nomes ainda desconhecidos do grande público permanece como desafio para o aparecimento de novas autorias, que proporcionem a bibliodiversidade e a pluralidade de vozes e temas.
Ao criar de forma independente o Prêmio Caminhos de Literatura, cujas inscrições poderão ser realizadas de forma gratuita no site da premiação entre 22 de julho e 21 de agosto, Rodrigues reforça a aposta na qual os prêmios podem ser grandes canais para descobrir e explicitar a pluralidade que o Brasil pode oferecer. Os benefícios se reproduzem em cadeia: desde o ingresso no mercado editorial de forma profissional, passando pela visibilidade pública e comercial, até a presença em eventos literários que acontecem por todo país. Logo após o anúncio do resultado final, em outubro, o autor ou autor(a) vencedor(a) irá participar da programação oficial da Fliporto, evento literário de grande visibilidade que acontece em novembro em Olinda.
“Existem centenas de premiações literárias no Brasil, também de vários tipos e para os mais diferentes segmentos de escritores. Poucas, porém, conseguem tirar uma pessoa da invisibilidade e colocá-la na cena literária com a atenção merecida. Devido às nossas dimensões continentais e à concentração de grandes editoras no Sul-Sudeste, para autores de diversas regiões ter uma obra publicada numa editora renomada parece um sonho distante. É claro que os prêmios não dão conta de toda a demanda, mas têm uma função simbólica de introduzir representantes das mais variadas localidades e segmentos populacionais do país.”, avalia Henrique Rodrigues.
Em um cenário literário tão diversificado e complexo como o do Brasil contemporâneo, a maioria dos autores inéditos almeja ter seu livro publicado com a chancela de uma editora de prestígio, com todos os benefícios que isso representa, incluindo uma edição cuidadosa, um projeto gráfico bem elaborado, divulgação de imprensa, pagamento de direitos autorais, ações de marketing e ampla capilaridade comercial.
“Descobrir novas vozes faz parte da nossa essência como editores desde o nascimento da Dublinense. Por isso mesmo, nos associarmos a este novo prêmio literário faz muito sentido e é, ao mesmo tempo, uma alegria. Tenho boas expectativas e acredito que o Prêmio Caminhos de Literatura tem o potencial de revelar nomes que serão conhecidos pelos leitores brasileiros num futuro próximo e vai muito rapidamente virar o prêmio de originais referência do Brasil”, diz Gustavo Faraon, editor e cofundador da Dublinense.
Com inscrições abertas ainda em julho e o resultado divulgado em outubro, a obra vencedora chegará às livrarias em 2025, seguindo os padrões da casa editorial que prima por edições caprichadas e curadoria atenta. Além da publicação da obra por uma editora experiente, a premiação inclui o pagamento de um adiantamento no valor de 5 mil reais, além de uma mentoria particular com o curador do prêmio sobre carreira e mercado literário.
Demitido do Sesc Nacional por ter se recusado a impedir, na última Flip, a leitura do romance vencedor do Prêmio Sesc, cujo conteúdo incomodou os diretores da instituição, Rodrigues decidiu criar o Prêmio Caminhos também como uma forma de lutar contra o cerceamento à liberdade literária.