Philip K. Dick sobre drogas e limites da mente no clássico Um Reflexo na Escuridão

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Gif baseado em uma camisa da TheStrangeCompany.

Um Reflexo na Escuridão, de Philip K. Dick, retorna às prateleiras das livrarias brasileiras em edição caprichada da editora Aleph, que vem publicando as obras do autor no País. O livro se passa em Orange County do futuro e mostra o policial Fred em uma investigação para descobrir mais sobre a droga conhecida como Substância D. Em um disfarce que muda até sua fisionomia ele se infiltra em um grupo de usuários e é obrigado a tomar grandes quantidades da droga. Ele passa então a duvidar da própria existência: não sabe mais se é um agente policial honesto ou um viciado que finge ser policial.

Esses limites da consciência é característica marcante da obra de FKD, um dos maiores nomes da ficção científica do século 20. Parte do livro traz elementos autobiográficos, tirados da experiência do autor em meio à cultura das drogas. Em 1970 Dick passou a conviver com um grupo de usuários que viviam em sua casa. As alterações da consciência trazidas por substâncias é parte nevrálgica desta obra e fazem das investigações do autor sobre a condição humana e seu estar no mundo.

Se a ficção científica é o reflexo de nossos medos em relação aos rumos que tomamos enquanto sociedade, a obra de Dick pode ser traduzida como os nossos piores receios enquanto seres humanos. Os questionamentos de Dick são perturbadores porque vão fundo em algo que é inerente a todos nós: o quanto a nossa volta é realidade e o quanto é uma ilusão.

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Um Reflexo na Escuridão foi adaptado para o cinema em 2006, com o título de O Homem Duplo, filme do cineasta Richard Linklater (do premiado Boyhood). O filme utilizou uma técnica inovadora de animação, usando atores e transformando-os depois em desenho. Falando em filmes, Philip é um dos autores mais adaptados. Ganharam versões nas telas Blade Runner, baseado no romance Androides Sonham Com Ovelhas Elétricas?; O Vingador do Futuro, Minority Report e Os Agentes do Destino, O Vidente, entre outros.

A nova edição da Aleph traz uma entrevista com o autor, morto em 1982, aos 53 anos. Ele fala sobre suas experiências com drogas – que lhe trouxe consequências irreversíveis – literatura policial, o próprio gênero da ficção científica. O livro vem ainda com um artigo de Vaughan Bell sobre psicose e outras situações neuropsicológicas mostradas no romance.

Obra indispensável em qualquer biblioteca de ficção científica.

philip2UM REFLEXO NA ESCURIDÃO
Philip K. Dick
[Aleph, 352 páginas, R$ 44]
Tradução: Daniel Lühmann