A Watch Party Phenomena, evento realizado no Club Metrópole, no bairro da Boa Vista, no Recife, exibiu a estreia da segunda temporada do Drag Race Brasil, com a presença de Shannon Skarllet, participante da primeira temporada do reality, na última quinta-feira (10), com a exibição do episódio. Além disso, o evento teve debate pós-episódio com “toot & boot” da runway e performances, sob o comando de Norman Bancks. Esta é responsável pela produção da festa junto com Mia J, Lea Farsaid, Mayven Hoax, Lola Bllum e Flor de Xarque.
O Phenomena Drag aposta em um novo formato para valorizar a arte drag, para além do circuito tradicional das festas noturnas. Com performances artísticas, humor e interações com o público, a festa busca oferecer uma experiência em um ambiente mais intimista, com mesas e serviço de brunch. “A ideia do Phenomena Drag surgiu da observação da cena drag de outros estados, onde formatos diferentes já vêm sendo explorados com sucesso, e também da percepção da falta de diversidade nos eventos locais”, afirma Lea Farsaid, uma das idealizadoras.
“No Recife, muitas festas acabam limitando as performances drag ao universo pop, deixando de fora drags que exploram linguagens cômicas, dramáticas ou experimentais. Além disso, o interesse do público por eventos exclusivos com temática drag, como shows e watch parties, demonstrou que havia demanda por algo novo e mais focado”, acrescenta.
Após a exibição do episódio e dos comentários, momento para as performances de Mia J, Lea Farsaid, Mayven Hoax, Lola Bllum e Flor de Xarque, Louise Veras, Charlotte Delfina, além da própria Skarllet, para alegria do público presente.
Um lar para chamar de seu
Foi emocionante acompanhar a estreia da segunda temporada na pista Nova York, principalmente pela carga histórica: nesse palco funcionou a extinta Misty, um dos primeiros redutos de drags e da arte transformista no Recife, onde brilharam importantes nomes como Rogéria, Márcia Pantera e Silvetty Montilla.
Mais do que um lugar para se divertir, ao longo de mais de 23 anos de trajetória, a Metrópole funcionou também como um espaço onde obter referenciais, e para que gente da cidade e de fora se reconhecesse em outras pessoas. Vale ressaltar que é recente toda a compreensão sobre as identidades diversas e plurais que cabem debaixo do grande guarda-vidas que é a sigla LGBTQIAPN+. Houve uma época em que existiam basicamente as pistas, e a Metrópole era um espaço-presença nesse tempo.

Além disso, o clima era forte de torcida, principalmente por conta das presenças das pernambucanas Poseidon Drag e Ruby Nox. A primeira representa a potência da cena drag recifense que carrega com beleza, atitude e muito orgulho, como sombrinha de frevo na raba. E sim, desde o primeiro momento em que ouvimos falar dessa edição, sabíamos que o nome dela precisava estar lá. E ESTÁ!
De Carnaíba para o mundo, Ruby já chegou fazendo história: venceu o primeiro episódio com um look deslumbrante inspirado no cangaço. Com mais de uma década de carreira na cena drag de Recife, Ruby é puro talento e representatividade. O desempenho da sertaneja já chamou atenção até mesmo fora do Brasil, com elogios da atual campeã do All Stars 9, Angeria Paris VanMichaels. Recentemente, Nox esteve em sua cidade natal para gravações de um documentário que será lançado em breve.

Aqui vai um parênteses: o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou uma pesquisa sobre orientação sexual – termo que define as expressões de afetividade e sexual de cada indivíduo – da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). A coleta foi realizada em 2019, um ano antes da pandemia da Covid-19. Em Pernambuco, por exemplo, 71 mil pessoas de 18 anos ou mais se autodeclararam homossexuais ou bissexuais. O número equivale a cerca de 1% da população do estado. No Recife, foram 2,5% da população adulta, ou 31 mil habitantes da capital.
Pois bem, cada apresentação na Phenomena é uma oportunidade para que os artistas demonstrem habilidades e criatividade, enquanto também promovem um espaço seguro e acolhedor para todos os participantes e espectadores. O evento busca reforçar a importância da visibilidade e do reconhecimento dos talentos queer, estimulando um ambiente de apoio mútuo e empoderamento.

O Phenomena tem como proposta principal ser um espaço criado por drags e para drags, oferecendo liberdade artística, visibilidade e oportunidade de crescimento. “A missão é proporcionar um palco diverso, onde as artistas possam explorar sua criatividade, construir portfólio profissional e alcançar novos públicos, especialmente aqueles que valorizam a arte drag além do entretenimento de festa”, pontua Bancks.
Ao longo de mais de duas décadas de funcionamento, a Metrópole sediou festas, shows e ballrooms, tornando-se tornando um ponto de referência para o meio drag nacional. O fenômeno foi tão grande que participantes americanas do Drag Race americano já viajaram até a capital pernambucana só para e deixar seus autógrafos escritos com batom vermelho como é o caso de queens como Jujubee e Adore Delano.
Agora é hora de ver duas representantes da nossa terra arrasando na franquia que tanto esperamos. E o Phenomena vai transmitir toda essa temporada.
E tem mais: a maranhense Frimes já está pronta para a Watch Party Phenomena desta quinta-feira (17), na Metrópole. A diva vai entregar tudo comentando o segundo episódio de Drag Race Brasil e ainda promete uma performance babadeira!
Ingressos disponíveis no Sympla.
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