No próximo sábado, 9 de agosto, a partir das 14h, o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM) recebe Vórtices Errantes, performance de Ana Gábri, artista-pesquisadore e autore do poema homônimo.
Concebida inicialmente como forma alternativa de publicação poética, a obra será registrada ao vivo em uma publicação sonora, convidando o público a acompanhar a gravação da performance que transforma a poesia em experiência sensorial por meio do encontro entre a palavra falada e experimentações acústicas.
Fruto da pesquisa de Ana Gábri quanto ao erro e do desejo de experimentar formas não convencionais de publicação, o trabalho tem lançamento previsto para a primeira semana de setembro nas principais plataformas de streaming sob o selo independente Edições Marafas.
Vórtices Errantes é a oralização da palavra a partir da errância sobre o próprio texto, desde diferentes retornos, ênfases, dicções e ritmos. O artista e músico Fernando Remígio é quem tem acompanhado Ana Gábri em performance desde a primeira edição, assinando a sonoplastia entre ruídos, ecos e dissonâncias feitos em uma guitarra tocada de forma não convencional.
“Vórtices Errantes é a celebração do erro a partir da criação de uma imersão forjada pela linguagem em errância, um jogo metalinguístico com a realidadeficção. Primeiro veio o poema que queria ser publicado em algum formato já diferente, mas em papel, depois entendi que poderia publicar com meu corpo, ou seja, publicar como tornar público em performance. A publicação sonora vai vir da 4a edição da performance e isso me anima muito”, explica Ana Gábri.
Proposição estética e política, a ideia de uma publicação sonora passa a se articular à chance de maior acessibilidade do compartilhamento de experiência, paralelamente fazendo repensar os modos de circulação da poesia. Ao adotar o som como suporte, Vórtices Errantes intenciona ampliar seu alcance material ao dialogar com a crescente demanda por conteúdos em formato de áudio, tais como audiobooks e podcasts.

Inspirada por práticas experimentais, se projeta em um diálogo com a poesia concreta, se inscrevendo em uma linhagem que atravessa a sound poetry, o dadaísmo, o futurismo, o Fluxus e as peças contemporâneas de arte sonora experimental. A obra busca conjugar presença e experiência pela potência da poesia vocalizada — processo que será exposto e compartilhado com o público durante a gravação pública no MAMAM, e que ainda contará com tradução simultânea em LIBRAS.
“Uma das coisas que eu mais me encantei dentro desse processo é que a performance começou na própria estrutura de ensaio. Fazer sonoplastia com a guitarra elétrica é utilizar o instrumento no sentido de uma caixa de sons, de uma máquina que produz ecos, sensações, tensões e sons que não seriam esperados. É como entender comigo uma criatura que grunhe e que sente as palavras como se fosse um bicho, eu só sou um condutor de uma criatura perpassada por palavras”, comenta Fernando Remígio.
Vórtices Errantes já teve desdobramentos anteriores em espaços culturais independentes como a Casa Lontra, Ateliê Ex-Libris (Edf. Texas) e a Kaza Ruta, no Recife, reunindo públicos diversos das artes literárias, visuais e experimentais. A gravação pública no MAMAM marca mais um passo na construção de uma peça híbrida, a tomar corpo em um material gravado e disponibilizado de forma gratuita.
O projeto conta com incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio da Secretaria de Cultura e da FUNDARPE, através do FUNCULTURA – Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura.
Gravação pública — Performance Vórtices Errantes
Sábado, 9 de agosto | A partir das 14h
Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Rua da Aurora, 265 – Boa Vista, Recife – PE)
Entrada gratuita


