MULTI SHIKO
Artista paraibano ganha exposição individual em Olinda e anuncia grande retorno às HQs em 2013
Por Paulo Floro
Da Revista O Grito!
O artista plástico e quadrinhista Shiko promete um 2013 com muitas novidades. Mais importante: novidade em quadrinhos. Depois de chamar atenção com a HQ Blue Note, que ele chamou de “álbum sonoro” e que já trazia alguns personagens presentes em suas pinturas, o artista deve retomar sua produção quadrinhística este ano. A principal delas é sua versão para Piteco, de Maurício de Sousa. Neste domingo, ele abre exposição em Olinda, na Casa do Cachorro Preto.
Shiko foi um dos escolhidos para integrar o time de artistas escolhidos para trazer nova visão dos personagens de Maurício de Sousa. Ele lançará uma graphic novel estrelada pelo Piteco, o herói da Pré-História, presente em gibis da Turma da Mônica. “Eles acharam que meu estilo combinava com o Piteco. Então, mandei um esboço do roteiro, e foi aprovado. Estou muito empolgado e devo passar todo o primeiro semestre me dedicando a finalizar este projeto”, diz o autor por telefone, de João Pessoa, onde passou as festas de fim de ano com a família (atualmente, reside em Florença, na Itália).
A HQ, com texto e desenhos de Shiko, deve sair até o final de 2013. “Shiko é um quadrinhista e ilustrador talentosíssimo, que o mercado brasileiro precisa conhecer. Muita gente vai ficar embasbacada não apenas com sua arte, mas também com o roteiro que desenvolveu”, disse o editor da obra, Sidney Gusman. Pela repercussão que essa nova artística para os personagens de Maurício de Sousa vem tomando, a visibilidade deve ser importante para o autor. Sua HQ mais conhecida, Blue Note, teve muitos elogios da imprensa especializada quando foi lançada em 2007, de forma independente. Com roteiro de Biu, a história fala de música e sexo e já apresenta diversos elementos que caracteriza o estilo de Shiko, como os tipos urbanos e a ficção-científica, presente em personagens meio androides.
No ano passado ele também participou da coleção da editora Ática que adapta clássicos da literatura brasileira para os quadrinhos. Ficou responsável por O Quinze, escrito por Raquel de Queiroz. A história se passa no Sertão do Ceará, em 1915 e aborda a morte e a miséria trazida pela seca. Shiko, que nasceu no interior da Paraíba, mas tem um trabalho influenciado pelas metrópoles, realizou intensa pesquisa para desenhar a HQ.
Este ano, além de Piteco, ele participa de coletâneas da editora Marca de Fantasia. Uma delas, voltada para histórias com temática homossexual. “Chegou a hora de abrir as gavetas. Tenho muito material de quadrinhos que pretende liberar esse ano. São coisas que fiz há muito tempo e que ficaram guardadas”, diz. “Fui convidado para essa edição, mas tem outras coisas para sair, mas não tenho como adiantar muito”. E a produção segue. “Penso em outros álbuns e estou trabalhando em novas HQs”.
Na Casa do Cachorro
Shiko é o artista que abre as exposições deste ano n’A Casa do Cachorro Preto, no sítio histórico de Olinda. O lugar ficou conhecido nos últimos meses por movimentar a cena de artes plásticas e música independente na cidade. Entre os trabalhos exibidos estarão quadros que ele pintou e desenhou nos últimos dois anos. Será uma espécie de panorama, como ele explica: “Não é uma reta. Não tem um tema”.
A obra de Shiko, tanto nos quadrinhos como nas telas a é permeada de uma presença urbana muito forte. “Tudo acaba me inspirando. Pessoas esperando trem, cultura pop, artistas de rua, tatuagem”. Ele também é conhecido pela aparição de robôs e andróides, como Idoru, uma droide feminina presente em algumas telas.
Morando em Florença, na Itália, Shiko diz que a experiência no exterior vem mexendo com sua percepção artística. “Esse tempo em que estou morando por lá está servindo para ver meu trabalho de outra maneira. Estou interessado em saber o que públicos de outros países acham do que faço. Acabo sendo influenciado pela cidade, me instigo a experimentar novas ideias”, diz. Ele passou a morar na cidade italiana para acompanhar sua mulher, que faz mestrado na cidade. Mas, o plano desde o início é voltar a viver em João Pessoa, capital de seu Estado-natal. “Não aguentaria ficar aqui para sempre”.
Mas, a estadia na Europa tem sido proveitosa para a carreira. Fez pequenas mostras em Lyon e no Salão do Livro de Paris, ambas na França, além de Florença. Ao longo de 2013, Shiko deve retornar outras vezes para o Brasil, sobretudo por causa do cinema. Ele faz parte da cooperativa de curtas-metragens com sede na Paraíba.
Shiko, novo Franscisco
Nascido em Patos, no Interior da Paraíba, Shiko ficou por lá até os 18 anos, quando mudou-se para João Pessoa. Depois de trabalhar no mercado publicitário, o artista Francisco José Souto Leite tornou-se Shiko e passou a expor em feiras e exposições, individuais e coletivas. Na área de quadrinhos, passou a editar e publicar a revista indie Marginal Zine, que ganhou coletânea pela Marca de Fantasia.
Passeando pelas HQs, artes plásticas e cinema, 2013 promete ser ano ainda mais prolífico para Shiko.
Serviço
Exposição individual Shiko
Local: A Casa do Cachorro Preto, Rua 13 de maio, 99, Cidade Alta, Olinda
Quando: A partir de domingo, 6 de janeiro
Entrada: Grátis