VIÇO JOVEM EM TIRADENTES
Ator pernambucano Paulo Philippe, protagonista do filme Ferrolho, destaca-se como promessa do cinema nacional
Por Alexandre Figueirôa
De Tiradentes (MG)
Além de jovens cineastas, a produção contemporânea brasileira de filmes também está colocando em cena muitos novos roteiristas, diretores de fotografia, diretores de arte e outros técnicos, boa parte deles egressos ou ainda cursando escolas de produção audiovisual. Temos também jovens atores estreantes e alguns deles já despontando como artistas promissores na atuação diante das câmeras. Paulo Philippe, pernambucano nascido em Timbaúba, com apenas 22 anos, é um deles. Ele é o protagonista do longa metragem Ferrolho, de Taciano Valério, um dos concorrentes da Mostra Aurora, na 16ª Mostra de Cinema de Tiradentes.
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Apesar da pouca idade, Paulo tem no seu currículo a participação em outros dois longas, Tudo que Deus Criou, de André da Costa Pinto, onde também teve o papel principal, quanto em Onde Borges Tudo Vê, de Taciano Valério, exibido em Tiradentes na sessão de abertura da Mostra deste ano. Como Ferrolho, um jovem torcedor caruaruense do Central Esporte Clube e que comete pequenos atos de delinqüência, Paulo já demonstra segurança como intérprete e revela-se talhado para abraçar projetos autorais em que o ator participa ativamente do processo de criação.
Paulo Philippe começou a se interessar pela arte de representar quando ainda era estudante em Juripiranga, na Paraíba, onde morava com a família. Fez teatro de rua e ao ingressar no cursos de Letras da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, logo passou a dividir seu tempo com a primeira turma do Curso de Formação de Ator para Vídeo, também na UEPB. Ao concluir o curso participou da seleção do filme de André Costa Pinto e foi o escolhido. Por conta de sua atuação foi então convidado para Onde Borges tudo vê e o caminho estava aberto para ser Ferrolho.
Para compor o personagem Ferrolho, durante meses Paulo dividiu seu tempo entre João Pessoa, onde reside atualmente, e Caruaru, cidade onde desenvolve-se a trama do filme. Ele conta que lia as cenas enviadas por Taciano, as ensaiava e ia incorporando nelas o resultado de suas observações e vivências em Caruaru, quando então ia aos jogos do Central, circulava nos bares e também no Alto do Moura, local chave da história. Mesmo ao lado de atores tarimbados como Everaldo Pontes, Paulo não fica nada a dever em sua performance. “Gosto muito da forma de Taciano trabalhar com o elenco, nós ficávamos à vontade para propor idéias e quando elas funcionavam eram integradas ao filme”, conta.
Embora afirme gostar mais de sua atuação no teatro, Paulo está entusiasmado com este novo campo que se abre para sua vida. Ele revela a crescente força da produção cinematográfica fora dos grandes centros e que permite a um jovem de cidades menores sonhar em trabalhar com audiovisual. “Sinto- me participando deste novo momento do cinema brasileiro”, afirma. Confiante, Paulo largou o curso de Letras e fez vestibular para o curso de audiovisual na Universidade Federal da Paraíba. “Gosto de fotografia e pretendo, quem sabe um dia, realizar meus próprios filmes. E meu caminho será de um cinema autoral e experimental, pois isto me provoca mais”, finaliza.
* Viajou a convite da organização do festival