“Quem vai cuidar do meu Instagram quando eu morrer?” O verso inicial de “Instagram”, novo single do cantor e multiartista Perdido, em parceria com o cantor e compositor paulista Lucca Simões, traz uma questão complexa característica dos dias atuais. Em tempos nos quais o perfil pessoal em uma rede social se tornou uma afirmação da existência de alguém, o que devemos fazer quando o perfil segue existindo enquanto a pessoa por trás dele não existe mais? A grande sacada do artista, no entanto, está no verso subsequente: “Quem vai cuidar de mim quando o Instagram morrer?”.
No contemporâneo, a morte das redes também marca nossa relação com elas, ou com como deixamos de tê-las para apoiar nossa existência virtual. “Instagram” chega neste dia 12 de julho pelo selo dobra discos com distribuição da Altafonte Brasil, nas plataformas de streaming como single, e também com videoclipe dirigido e editado por Perdido, e com fotografia de Raoni Maddalena.
O single se inspirou nos perfis de artistas que morreram e continuam ativos no Instagram: ao mesmo tempo que a obra e o artista se mantêm vivos por por meio da plataforma, parece que, se não existir mais Instagram, todas as carreiras artísticas irão desaparecer. “Quem mantém quem vivo? Quem cuida de quem? A gente cuida do Instagram ou ele cuida da gente?”, questiona Perdido.
A parceria com Lucca Simões surgiu de uma troca de mensagens no Whatsapp; inicialmente com o começo da letra e os acordes bases de Perdido, completados com a guitarra de Lucca. Perdido seguiu com o seu estilo faça-você-mesmo de colagem sonora – já parte de seu universo e linguagem artísticos. O resultado é um som indie, com toques de humor e melancolia.
A temática do amadurecimento atravessado pela tecnologia é fonte de inspiração e reflexão por Perdido em trabalhos anteriores. Seu single “e ai, a.i”, lançado em maio, fala sobre o impacto que a Inteligência Artificial tem no fazer artístico, ao mesmo tempo que utiliza da ferramenta no processo de desenvolvimento da música e do clipe. No single “aqui”, lançado em junho, Perdido usa registros analógicos de sua vida para falar sobre a passagem do tempo.
“Instagram” segue o tom leve característico do trabalho de Perdido para falar sobre preocupações de uma geração que transita entre o analógico e o digital, e as questões desse contexto tão particular. Em um mundo tão conectado, mas tão distante, a arte aparece como válvula de escape e lente para entender o mundo.