paulete
(Foto: Caia Ramalho/ Divulgação)

“Tem alma, tem soul, tem groove”: um papo com Paulete Lindacelva, que lança o EP “Ácido Brasil”

Nascida no Recife, mas radicada em São Paulo, a DJ e produtora fala sobre o legado da festa INFECCIOSXS, o contexto de seus EPs e a experiência de tocar em outros países

A trajetória de Paulete Lindacelva é marcada pela passagem entre diferentes territórios musicais e geográficos. Formada no ambiente cultural do Recife, onde o afoxé e o maracatu moldaram suas primeiras experiências sonoras, ela se consolidou na música eletrônica a partir de uma relação direta com a cena independente e queer da cidade, especialmente por meio da festa INFECCIOSXS, da qual foi integrante e produtora.

Hoje radicada em São Paulo, a artista desenvolve um trabalho que articula elementos percussivos da música brasileira e sonoridades da house music, explorando temas como deslocamento, identidade e sobrevivência.

Em conversa com a Revista O Grito!, a artista, que se apresenta no Recife nesta sexta-feira (07), fala sobre suas origens no Recife, o processo de formação como DJ, a criação de seus projetos musicais e a cena eletrônica underground brasileira.

01
(Foto: Caia Ramalho/ Divulgação)

Você já falou que suas primeiras experiências com música vieram através da proximidade com o afoxé e o maracatu, mas como foi o caminho até a música eletrônica?

O meu rolê como DJ não começou necessariamente na música eletrônica. Eu tocava outras coisas, e aí no meio dessas outras coisas tinha música eletrônica. Eu acho que eu surjo no boom de DJs, que eram os DJs que tocavam tudo. Tem uma gata de João Pessoa que eu acho que ela caracteriza muito isso, a Claudinha Summer. E aí depois é que eu me aproximo da música eletrônica de uma maneira mais firme. Eu acho que vir para São Paulo influenciou eu me relacionar com a música eletrônica e me aproximar dela. 

Já como DJ, você também participou e produziu a Infecciosxs, a festa. Como surgiu a ideia para realizá-la e quais lembranças você tem dessa época?

Ah, era outro momento, né? A internet estava começando a ficar no auge. O que tinha na época era muito a coisa do textão e a festa acompanhou muito esse movimento. Era esse espaço onde se tinha uma visão política quase radical para algumas coisas, mas o intuito da festa era mais de se divertir. Eu via toda a coisa como uma oportunidade de tirar algum dinheiro – e não dava dinheiro. Dava uns R$50, R$100, mas isso para mim era muito, porque eu não tinha nada. 

Eu estava passando por um momento de saída dos movimentos sociais, tentando entender quem eu era, isso em 2014. Essas dezenas de anos que eu passei na minha vida, né? Agora eu passei outra, fiz 30 anos em 2024. Eu sou de 1994. Então o “quatro” na minha vida têm uma força, tem uma simbologia muito forte – o “Estar de quatro” [risos] 

E aí, nesse contexto, tinha essa coisa de ser uma festa que, tipo assim, estava entendendo o que era a noite. Todo mundo tinha uma relação com a música em alguma instância. Acho que tinha essa coisa da experimentação, meio disruptiva, de querer criar uma outra linguagem artística, sonora, de percepção, de vivência da cidade. Quebrar com a ideia de manguebeat, porque tinha pessoas do grupo que falavam muito isso, que Recife vivia e respirava o tempo inteiro essa lógica – que é importante para a cidade, que é bafo, mas que a prende culturalmente. Recife tinha tudo para ser uma cidade cosmopolita, mas era uma cidade muito voltada para si. O Recife é muito cheio de si, pernambucano no geral, é muito cheio de si.

Paulete Lindacelva
(Foto: Caia Ramalho/ Divulgação)

Então a gente tinha esse lugar de pertencimento, de dizer que era de Recife, mas que queria se projetar para fora, então fizemos muitos contatos. A INFECCIOSXS tinha laços com as bichas da Paraíba, de Natal. Tinha essa loucura, e é bem recente, de dez anos atrás. Era outro momento político, outro momento de geografia afetiva da cidade, porque as pessoas saíam à noite, iam para o centro do Recife, viviam o Centro. Não quero dizer que não era perigoso, mas acho que a gente criou uma geografia afetiva desse momento, com o Recife.

A INFECCIOSXS era cinco pessoas malucas juntas, todas artistas, e até hoje a gente é artista, umas estão no cinema, outras produzem, outras pintam, mas todo mundo era da arte, todo mundo era artista, e eram pessoas querendo criar uma cena, não propositalmente, mas a gente sabia que tinha essa potência, porque existia um déficit de espaço que fosse só delas. 

Os precipícios invisíveis existem no centro dessas grandes cidades, em que muitas pessoas se lançam sobre eles. A música é o que me faz sair disso, mas ela também me leva para perto desses precipícios. Existe uma melancolia. Então, o Ácido Brasil tem um pouco disso, que faz remoer por dentro.

Paulete Lindacelva

Hoje, no Recife, a eletrônica underground é uma espécie de herdeira do momento em que a Infecciosxs e outras festas aconteceram. Como você vê a cena do Recife hoje? Acompanha?

Eu acompanho a cena. Agora em novembro eu vou tocar numa festa aí. É a primeira vez que eu vou tocar em Recife três vezes no ano, desde que eu saí. Eu gosto da cena de Recife. Eu acho que é diferente de outras do Brasil. Definitivamente os recifenses têm um elã fino para curtir festas e tudo. Esteticamente, eu acho que se caracteriza muito mais com coisas de São Paulo. 

É difícil falar disso como se fosse uma coisa unânime, porque não quer dizer que não existia uma cena de música eletrônica, entende? Acho que queer é a gente, porque sempre tem LGBT, ou por conta da estética, ou porque a festa se diz estar atenta a determinadas questões, porque tem festa no Recife que é só boyzão mesmo, né? Mas, eu não sei. Acho que hoje tem mais coisas paulistas do que recifenses.

Não que no período em que eu estava presente na cena, vivia no Recife, não tivesse coisas que reproduziam um pouco das características de São Paulo. Mas acho que era diferente. Por exemplo, não existia a presença tão forte de performers na cena de São Paulo como existia em Recife. Acho que Recife levou isso para São Paulo. E muito porque a Misa, a Misael Franco, uma bicha soteropolitana, de Salvador, trocava muito com as bichas de todo o Nordeste. E por ser performer e não ser DJ, eu percebo que ela levou muito isso dos bares, das casas de show. Então, se você percebe, é o DJ e a gata na frente, dando o close e, para mim, lembra muito essa coisa de sauna, de espaços que tem o DJ e então a drag sobe e faz show. Então, para mim, isso lembra muito Recife, lembra muito Salvador, que é muito característico dessas duas cidades. 

Vejo a cena do Recife como uma cena bafo, uma cena próspera. Tem uma dificuldade de crescer, porque é difícil se organizar em uma cidade que precariza tudo que é voltado para a cultura, mesmo sendo uma cidade muito cultural. É essa loucura de dizer e se orgulhar muito do que tem, mas não há políticas públicas de fortalecimento na cidade.

Paulete Lindacelva.
(Foto: Caia Ramalho/ Divulgação)

Ainda nessa toada local, queria falar sobre o EP Guabiraba Chicago, que tem uma referência local já no título, e, para mim,  dá uma ideia de paralelo entre o bairro recifense de Guabiraba e a cidade norte-americana. Esses paralelos existem para você?

Mas não tem paralelo nenhum [risos]. Nenhum. Eu acho que o “Chicago” vem por uma coisa de territorialidade. Era um gueto. Chicago é conhecida por ser uma cidade que tem uma comunidade negra muito presente, e com isso respira-se muita música. Eu acho que o nexo que eu faço é: a house music é uma música que eu adotei como forma de trabalho. Dentro da Dance Music, é a expressão com a qual quero trabalhar, porque tem alma, tem soul, tem groove. Coisas que lembram algo que remete muito ao meu passado, ao meu lugar de infância. O house já é o meu cotidiano como artista, é o estilo que eu mais toco. Quando vai para a construção de uma narrativa, para dar um nome a algo, vem desse contexto. 

Hoje é a House Music que paga as minhas contas. Salvou a minha vida real. Eu até falei isso em algumas entrevistas: ‘O house salvou a minha vida’. É meio caricato, mas é real, porque é o que me trouxe sustento. Eu vivia abaixo da linha da pobreza no Recife. Eu não tenho nenhum problema em falar isso. Como eu vivia com isso? Não sei, mas vivia. Estou viva até hoje. Estou aqui. 

Mas o que eu trago dentro da narrativa do álbum é que eu uso as repetições, a estrutura, as baterias eletrônicas, as “TRs”, que eram utilizadas dentro do contexto da house music com as expressões culturais que eu vivi no meu bairro. Então tem percussão, tem alfaia, tem toda uma narrativa percussiva, em grande maioria, que unem os dois bairros nesse contexto, que também é o meu contexto.

O EP Ácido Brasil tem São Paulo, onde você mora há tanto tempo, como um conceito central nele. Qual foi o contexto da sua mudança pra lá? Se sente nativa na cidade?

Não sou, não serei, nunca serei. Migrante é sempre imigrante em qualquer lugar do mundo, mesmo dentro do próprio Brasil, aliás, principalmente no Brasil nesse contexto Nordeste-Sudeste. Não existe isso. Eu posso ter sotaque, eu posso pegar hábitos da cidade. Isso vai me fazer uma pessoa que é “mista”, mas não nativa. Para mim, isso não acontece. Isso dentro do próprio país. Porque fora do país é ainda pior.

Agora, meu contexto de mudança pra cá foi porque eu estava dura em Recife. Eu estava dura, não tinha perspectiva de vida, não entendia muito bem o que eu iria fazer da minha vida para me manter, mas era certeza que no Recife eu não conseguia mais ficar. 

Primeiro, eu fiquei um ano em São Paulo e depois eu voltei para Recife e dei um tempo, porque a minha primeira chegada aqui foi muito avassaladora, era muita informação, eu me joguei demais. Então, eu volto para Recife e depois de um ano eu retorno para São Paulo com o propósito de trabalhar, ganhar dinheiro, não importa como. Só não posso roubar nem matar, mas o resto eu tenho que me jogar, tenho que fazer o meu dinheiro.

Quando eu chego em São Paulo, eu não consigo estabelecer laços muito firmes. Eu tinha esse ranço da pessoa que tem que migrar e, quando você migra, existe uma raiva de ter que sair de onde você estava. Mas depois eu comecei a criar espaços de afetos na cidade. O povo diz assim: “Ah, vou para o Rio porque lá tem praia”. Aqui não tem isso. Aqui tem concreto, vida noturna, pessoas loucas o tempo inteiro e uma competição voraz. Mas veio, funcionou. 

Em outras entrevistas sobre o EP, você cita o caos urbano de São Paulo como um conceito que permeia a produção. Você encara esse trabalho mais como denúncia ou como celebração desse caos urbano?

Acho que nem denunciando, nem celebrando. Penso que está muito mais envolto no que a cidade é por ser cidade, e qualquer uma vai ter determinado caos. Uma grande cidade é feita por gente que é dali e também por muita gente que não é, e isso já cria conflitos. Aí tem os conflitos das figuras que vivem na rua e de quem tem casa; quem come e quem não come; no trânsito e sua disputa por espaço. Isso tudo cria esse espaço cacofônico, ruidoso. Que também é o caos psicológico. 

Os precipícios invisíveis que existem no centro dessas grandes cidades, em que muitas pessoas se lançam sobre eles. A música é o que me faz sair disso, mas ela também me leva para perto desse precipício. Existe uma melancolia. Então, o Ácido Brasil, para mim, tem um pouco disso, que faz remoer por dentro. Não é bem uma denúncia, é mais uma celebração, talvez. Mas não uma celebração a tudo, e sim a algo que pode sair de positivo no meio do dia.

06
(Foto: Caia Ramalho/ Divulgação)

Também sobre o Ácido Brasil, os títulos das faixas me chamaram muita atenção. Por exemplo, o título “Heliogábalo à Brasileira”, é muito curioso. Tem a ver com o imperador romano? E tem outras poesias também, declamadas por você. Qual a sua relação com a poesia?

Não sei, acho que tenho um saudosismo nas poesias, digamos, nessas coisas que tenham certa complexidade. E talvez seja uma coisa para me provar também, porque não sou pessoa que tem escolaridade. Então acho que talvez eu me apegue muito no meu trabalho e nas coisas que tenho para me mostrar. Não sei. 

Mas, “Heliogábalo À Brasileira” é, primeiro, porque sou meio fascinada com a história da bicha, acho que ela foi babadeira. Foi uma gata que anarquizou muito o trono romano. Em registros recentes, ele evoca a necessidade de ser tratado como mulher. Tem uma movimentação no British Museum para realocar todo o acervo dele para uma área LGBT, tratar ele como feminino. O meu poema dessa música fala sobre o processo de como deve ter sido a cabeça da bicha, para poder pensar toda a narrativa dela para que ela pudesse construir seu espaço, sua imposição. Eu escolhi para abrir [o EP] por ela ter anarquizado o trono, e por ela ser LGBT, definitivamente.

Quando se é imperador, você tem que ter firmeza. Mas era uma bicha, soberba, que não entendeu o direito que estava ali, e morreu assassinada pela família, essa ideia de família que permanece até hoje; uma conceito de família que mata inúmeros LGBTs. E aí ninguém sabe se essa é a narrativa branca e cishétero contada para dizer que ela anarquizou, que ela foi uó, e por isso foi assassinada, ou se foi simplesmente ela ser quem ela era e ter casado com quem ela casou, porque ela se casou com homens. A gente não sabe disso.

Também resgato o poema de “Psicologia de um Vencido”, de Augusto dos Anjos, que para mim é uma pérola nordestina. E fala também muito desse contexto, para mim, de estar em São Paulo. Fala sobre o quanto a gente é perecível.

“Eu, filho do carbono e do amoníaco,

Monstro de escuridão e rutilância,

Sofro, desde a epigénesis da infância,

A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,

Este ambiente me causa repugnância…”

A bicha era depressiva, e trazia para ela esse contexto de morte. E nós vamos em algum momento encontrar com o único mal irremediável, que é a morte. Somos perecíveis, é isso. Então o EP é sobre um contexto até um pouco down, sabia? Porque foi um ano de muitas descobertas. Tem sido. Esses 30 anos… Eu falei isso no início da conversa, né? Os quatro, todos os quatro, para mim, são difíceis. Esses 30 anos estão sendo muito reveladores, muito marcantes. 

Além desses últimos lançamentos, também aconteceu a sua última turnê internacional nesse últimos tempos, turnê essa que te levou até o Japão. Como foi essa fase viajando o mundo e conhecendo outras pistas?

Foi fantástico. Eu amo muito viajar. Talvez seja, para mim, a maior expressão de vida. É conhecer gente, se movimentar, ir para outros lugares, conhecer o inimaginável. E o Japão foi meio isso. Não faz nem um ano que eu viajei, são alguns meses e ainda me pego pensando. Esse ano eu estive em Tóquio, realizando uma das coisas mais loucas da minha vida! 

Tem Istambul, que é uma cidade que eu amo de coração. É uma das cidades mais lindas que conheço. Amo muito tudo o que fiz na minha carreira, mas acho que viajar foi algo que me transformou, porque acabou me trazendo sentido para a vida, principalmente em momentos muito turbulentos, muito depressivos. Ando muito com a melancolia. Eterna parceira, acho. Nesses momentos de viagem, sinto que ela não vai embora, mas ela dá espaço para situações muito belas. Então, viajar para mim tem esse caráter.

E as pistas desses lugares? O que é que você pegou de novo desses espaços? 

Eu acho que música é a chave. Música une tudo, separa tudo. Você tem que ter a leitura de feeling para tentar que as pessoas permaneçam naquele espaço e dancem contigo até o final do babado. Então é dúbio. Tem lugar que é incrível, tem lugar que o povo não entende, tem vezes que eu caminho pelo safe, para poder segurar as pessoas. Acho que o lugar mais estranho que eu toquei foi Kosovo, ano passado. Estranho não por conta das pessoas, eram todas maravilhosas. Tinha pouca gente, mas foi uma pista louca. Então foi um lugar, eu diria, diferente, mas onde eu conheci pessoas incríveis, extremamente amorosas, que eu guardo comigo.

O trabalho desenvolvido no underground nacional dos últimos anos tem reivindicado uma retomada de um público e de artistas LGBTQIAPN+ e negros na música eletrônica. Como você percebe esse movimento e as suas articulações. Como você enxerga essas movimentações?

Primeiro, eu não acho que há um movimento. Que me perdoe. A música eletrônica foi capturada, a Dance Music, em específico. Então, se você pensa em música eletrônica e vai conversar com qualquer pessoa, elas vão dizer quem? Alok, Vintage Culture. Pessoas que são do hype e que têm toda uma lógica branca as envolvendo.

Eu acho que há uma conexão forte de pessoas de várias partes do Brasil, mas que não atuam coletivamente. Eu acho que há sim uma conexão de pessoas vivendo aqui, que são DJs ou que produzem ou que têm uma notoriedade e que conversam com pessoas de João Pessoa, de Natal, e isso acontece no underground. 

É porque somos uma parte da coisa, não é? Dentro dessa nossa parte aqui, tem uma comunicação. Mas essas pessoas não são articuladas coletivamente. Elas não têm o propósito de pensar saídas para o enfraquecimento da noite. Discussões sobre o que fazer para pautar, por exemplo, o uso excessivo de GHB (ácido gama-hidroxibutírico) nas festas.

Eu acho que teve uma política que começou em Pernambuco e que saiu para o resto do Brasil, que é o Trans Free [entrada gratuita para pessoas trans e travestis], por exemplo. É uma política que une todo mundo, que muitos dos coletivos que se colocam nesse lugar do underground se utilizam. Mas não acho que eles se articulam como um movimento, sabe? Acho que cada cena tem seu corre, algumas pessoas interagem, outras não tanto. Mas é porque é caro fazer isso, é caro se encontrar. 

Também não tem como pensar uma narrativa nacional, já que as demandas são diferentes. O público de São Paulo, que frequenta as festas, é diferente do público de Fortaleza, que é diferente do Recife, entende?

Sim. Percebo que existe um alinhamento de discurso entre as cenas, mas não há necessariamente uma articulação entre elas.

Acho que a conexão no discurso vai existir porque há uma coisa em comum, que é a música. A música de quem? Por onde essas músicas passam? Onde as pessoas consumiram essas músicas? 

Então, isso cria uma noção de comunidade, porque tem várias pessoas que vão beber e comungar de coisas parecidas. Então, de Norte a Sul, as pessoas ouvem BADSISTA, que carrega um discurso. Ele é um cara trans, esteve em um coletivo, faz algumas falas públicas que emitem a opinião dele, e isso forma opinião. Nesse sentido, há unidade, no sentido político, estético, sonoro. Há uma coisa que une, mas no sentido de articulação, não.

Para mim, o Guabiraba Chicago é um trabalho que fala sobre raízes – as suas e a da House – e o Ácido Brasil diz sobre o lugar que você está atualmente. Você pensa em um trabalho que encerre o ciclo numa trilogia? Um EP sobre perspectivas futuras, talvez.

Eu estou construindo um álbum. Não sei nem se precisa colocar essa informação [risos]. Eu não sei quando vai sair, como vai sair, por onde ou o que vai ser desse álbum, mas ele está sendo feito já. Eu não sei se ele amarra, mas ele traz um pouco dessa atmosfera. 

Mas acho que o primeiro, de fato, é sobre a minha relação com a minha cidade e o que eu tinha feito desde então. Esse agora, não necessariamente, é sobre esse meu momento. Talvez mais um momento psicológico do que necessariamente uma coisa.

Cronológica?

Isso.


Siga: @pauletelindacelva no IG, no Spotify e no Apple Music.

Leia mais reportagens