PAUL WELLER, DIVINO
Com novo disco, músico prova porque é tratado como Deus nas terras inglesas
Por Lidiana de Moraes
Colaboração para a Revista O Grito!
Paul Weller já não é mais nenhum novato no mundo da música. O começo da carreira aconteceu na década de 1970, com a banda The Jam. Apesar de logo ter se tornado um dos expoentes do movimento Mod, o reconhecimento do grupo fora de seu país sempre foi bem abaixo do esperado. Depois de cansar do trabalho que presenteou os fãs com clássicos da estirpe de A town called malice, Going Underground e Eton Riffles, o cantor carinhosamente apelidado de Modfather formou o Style Council, projeto repleto de swing e soul que mais uma vez foi bem aceito pelos ingleses, mas ignorado pelo restante do mundo. Finalmente, partindo para carreira solo Weller vem produzindo discos aclamados. O mais recente Wake up the nation de tão primoroso não deixa dúvidas dos motivos pelos quais o artista é tratado como um Deus em seu local de origem.
Quem vai à Inglaterra e se interessa minimamente pela cultura rock n’ roll do lugar dificilmente passará imune pela adoração à Weller. A escolha do músico como um pilar fundamental da tradição inglesa não é infundada, uma vez que ele consegue capturar em suas melodias boa parte dos elementos que tornaram o mercado fonográfico do país da rainha algo a ser acompanhado de perto. Sem contar as letras compostas por ele e que são um retrato do povo do Reino Unido, falando de perto para o coração de todos que mesmo longe sonham com as paisagens da Britânia.
Ao contrário da pacificidade encontrada no disco anterior 22 dreams (2008), Wake up the nation é um petardo pronto para dar uma chacoalhada naqueles que chegaram ao novo século acomodados com a pobreza da música pop atual. As 16 faixas são uma coleção dos melhores momentos de todas as personalidades musicais de Paul, retomando os bons tempos da indústria cultural inglesa e sem deixar uma sensação de nostalgia ou cheiro de naftalina.
Canções como a que intitula o trabalho, “Moonshine” e “No tears to cry” estão ali para representar a riqueza sem limites que há nas composições do inglês. O disco alcançou o segundo lugar nas paradas britânicas.
PAUL WELLER
Wake Up The Nation
[Island, 2010]
NOTA: 8,5