Cinqüentão, Weller retorna eclético e prolífico
Por Mariana Mandelli
PAUL WELLER
22 Dreams
[Yep Roc/ Island, 2008]
Uma das principais atrações prometidas para a edição 2008 do Tim Festival, Paul Weller – que na verdade se chama John William Weller – chega ao nono álbum de sua carreira solo de modo brilhante. Ex-membro do The Jam, um dos ícones do punk rock setentista, e do The Style Council, que fazia um som “new wave jazzístico” na década de 80, o britânico, que também é um símbolo da cultura mod, reuniu em 22 Dreams as mais diversas referências de sua experiente carreira, fazendo do novo trabalho um disco lindamente eclético.
Aos 50 anos de idade, completados neste ano, Weller mostra, desde a épica “Light Nights”, a faixa de abertura, que consegue mesclar simplicidade com sofisticação. A canção, acusticamente estarrecedora, contrasta com o bom e o velho rock direto e irresistível de “22 Dreams” (que dá nome ao álbum), “All I Wanna Do (Is Be With You)”, “Push It Along” e na psicodelicamente pesada “Echoes Round The Sun”, que conta com a participação de Noel Gallagher (Oasis).
A diversidade reinante do disco pode ser percebida na mistura de faixas sonicamente distintas: “Why Walk When You Can Run” (um folk introspectivo); “Song For Alice” (instrumental de melodia tensa); “Black River” (conta com efeitos eletrônicos e com a guitarra de Graham Coxon, ex-Blur); “One Bright Star” (praticamente um bolero); “Cold Moments” (romantismo jazzístico) e “God” (de letra proclamada) são apenas alguns exemplos da densa salada musical de Weller.
A voz deliciosamente rouca do cantor dá charme ao piano das belíssimas “Invisible”, “Empty Ring” e “Where’er Ye Go” , além de deixar ainda mais elegantes os arranjos de faixas como “Have You Made Up Your Mind” (primeiro single do disco).
Por incrível que pareça, não falta coesão às 22 faixas do extenso disco duplo. Weller soube aproveitar o tempo do álbum sem deixá-lo cansativo, mantendo seu estilo nos mais diversos momentos e fazendo de 22 Dreams um exercício de ambição artística que deu muito certo. O disco é tão surpreendente que, quando “Night Lights” (atenção para o trocadilho com “Light Nights”, a primeira faixa), a 21ª e última canção acaba, a vontade que fica é de que haja uma 22ª. E uma 23ª, uma 24ª… Paul Weller, dá para lançar um álbum triplo da próxima vez?
NOTA: 8,5
[audio:http://www.theyellowstereo.com/Daily%20Graboid/Paul%20Weller%20-%20Push%20It%20Along.mp3]