DesiRée Beck, apontada no início do Drag Race Brasil como uma das favoritas na corrida pela coroa, foi a quinta queen a ser eliminada do reality nesta segunda temporada. Com a “Perua”, a Bahia voltou a brilhar no maior palco da arte drag do Brasil. Apesar da saída do programa, DesiRée tem colhido frutos positivos com a visibilidade do programa. “O Drag Race trouxe uma atenção GIGANTESCA para tudo o que tenho lançado e trabalhado”, afirma.
O apoio dos fãs tem sido tão intenso que ainda não conseguiu processar completamente a repercussão. Em turnê por várias cidades do Brasil, o carinho do público tem reforçado a certeza de que valeu a pena para a queen participar do reality.
Natural de Irecê e radicada em Salvador, DesiRée Beck, nome artístico de Michael Batista, começou a se montar em 2015, após se encantar pelo universo apresentado em RuPaul’s Drag Race. A chegada aos palcos aconteceu no tradicional bar Âncora do Marujo, no centro de Salvador. Desde então, ela construiu uma trajetória marcada pelo humor, pela irreverência e por uma forte identidade estética.
Com carreira consolidada na cena drag de Salvador, Desirée ficou conhecida nacionalmente ao participar do reality Caravana das Drags, comandado por Xuxa e Íkaro Kadoshi. Na atração, exibida em 2023, ela se destacou pelas performances de humor, chegando à final da competição.
Atualmente, DesiRée está em turnê nacional com o show DesiRée e Frimes Topam Tudo por Dinheiro e tem se dedicado ao seu canal no YouTube, especialmente ao quadro Arde mas Passa, que segundo ela tem sido um grande sucesso.
Indagada sobre os haters da internet, ela é taxativa: “Vejo muitos haters como pessoas sozinhas em casa, sem ter com quem comentar. Eles encontram na internet um espaço onde se sentem à vontade para falar como se estivessem em suas salas, sem filtro”, dispara.
Sobre a possibilidade de participar de uma versão All Stars, seja brasileira ou internacional, ela está disposta. “MEU NOME É SIM, e estarei sempre preparada”, revela.
Provocativa, divertida e autêntica, DesiRée Beck fez de sua passagem por Drag Race Brasil um espetáculo à parte e, pelo visto, ainda tem muito para entregar. Em entrevista à Revista O Grito!, DesiRée falou sobre a eliminação, a repercussão de sua participação e os planos após o reality.
Os fãs que acompanham sua trajetória sabem que o Drag Race sempre esteve nos seus planos. Quem é DesiRée antes e depois de participar do reality?
Com certeza! Desde o início da minha trajetória como drag queen, meu trabalho sempre teve uma ligação muito forte com o programa. Todo mundo que me acompanha vibra comigo justamente por verem o impacto que o Drag Race tem na minha vida. A DesiRée antes e depois do programa continua sendo a mesma pessoa em constante evolução, mas a diferença é que agora realizei o maior sonho da minha vida.
Quais as diferenças que sentiu ao gravar “Caravana das Drags” e “Drag Race”?
Quando gravei o Caravana, estava embarcando em uma aventura totalmente nova, então não fazia ideia de como tudo seria mostrado na exibição. Já no Drag Race, conhecia bem o formato e até tinha uma certa malícia. Só que, misteriosamente, o novo me deixava mais tranquila, enquanto o que já conhecia me deixava totalmente ansiosa e agoniada com a forma como seria exibido.
Como foi assistir ao episódio da sua eliminação?
Tive um tempo para me preparar para assistir à minha saída. Tinha muito medo de, mesmo me preparando psicologicamente para lidar com a minha falha, acabar ficando mal. Mas, estrategicamente, escolhi assistir em Salvador, ao lado do meu povo e com as minhas irmãs drags no palco. Saí de lá com a melhor sensação possível: a de dever cumprido.
Você teria feito algo diferente no programa?
Prefiro pensar que faria diferente caso tivesse uma nova oportunidade. É claro que tenho algumas frustrações, mas, no fim das contas, tudo isso construiu a história que deixei no programa: uma história da qual gosto e tenho muito orgulho.
Saberia escolher um momento predileto?
Meu momento preferido é, de longe, o lipsync de “Brasil”. Tenho muito orgulho do espetáculo que fizemos naquele palco.
Você e Mellody Queen fizeram história com o lip sync da música “Brasil”. Comente sobre essa apresentação icônica.
Não houve ensaio, não houve equilíbrio mental. Foi apenas química e muita vontade de estar ali. A história foi feita, e esse vai ser sempre o maior marco que guardarei do programa.
Apesar da eliminação, tem colhido frutos positivos com a visibilidade do programa?
Total! Consegui ter um grande destaque e bastante tempo de tela. Muita gente me amou e muita gente se incomodou, mas o amor venceu. Hoje tenho viajado o Brasil inteiro, me apresentando em lugares que nunca imaginei estar. Meus números nas redes sociais continuam crescendo até hoje e estou muito feliz.
Desde seu look da promo, até algumas runways, você foi alvo de polêmicas sobre estética. Como analisa a visão do público e a visão dos jurados a respeito?
Bem, sou uma perua. O cafona está na minha estética. Claro que poderia criar figurinos mais fashionistas, mas isso seria abrir mão de quem sou. Para o público me conhecer de verdade, mesmo sendo arriscado, a minha estética precisava sustentar minha identidade. E amei os memes! Mesmo depois da eliminação, as pessoas querem saber quais atrocidades ainda colocaria no palco (risos).

Como você lida com os haters?
Vejo muitos haters como pessoas sozinhas em casa, sem ter com quem comentar. Eles encontram na internet um espaço onde se sentem à vontade para falar como se estivessem em suas salas, sem filtro. Nesse processo, vem a vontade de se destacar, ganhar atenção e acabam se perdendo nas palavras e, às vezes, até com ofensas. Consigo entender isso, não trago negatividade para mim e até uso como material para brincar.
Se houvesse convite para uma franquia internacional, a perua estaria disposta? Falando hoje, ainda é cedo para pensar a respeito?
MEU NOME É SIM, e estarei sempre preparada.
O que falaria ao seu eu de anos atrás, quando começou a carreira?
Não falaria nada. Apenas observaria e deixaria o fluxo me levar até aqui. São 10 anos de muito orgulho.

a queen baiana. (Foto: Instagram pessoal/reprodução).
Atualmente, você está em turnê nacional com o show DesiRée e Frimes Topam Tudo por Dinheiro e tem se dedicado ao seu canal no YouTube, especialmente ao quadro Arde mas Passa. Como tem sido a recepção dessas iniciativas?
O Drag Race trouxe uma atenção GIGANTESCA para tudo o que tenho lançado e trabalhado. Isso me deu mais liberdade de atuar da forma como sempre sonhei e de escolher com o que realmente quero trabalhar. Principalmente, tenho contado com o apoio da minha produtora Realness, que tem embarcado comigo em todas as minhas loucuras.
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