Trapaça, com 10 indicações, não levou nada. Cate Blanchett e Matthew McConaughey vencem melhor atriz e ator
O filme 12 Anos de Escravidão confirmou o favoritismo e fez valer o peso de sua indicação histórica no Oscar deste ano, que aconteceu na madrugada dessa segunda (3), em Los Angeles. A mais contundente história da escravidão já contada no cinema levou três prêmios, melhor filme, melhor roteiro adaptado para John Ridley e melhor atriz coadjuvante para Lupita Nyong’o. Gravidade, como também era esperado, ficou com melhor diretor para Alfonso Cuarón, e outros seis prêmios, todos em categorias técnicas.
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O filme de Steve McQueen parecia muito forte para a Academia, sempre reticente em celebrar longas com temáticas mais difíceis ou com muita violência em tela. Mas, a história de um homem livre que foi sequestrado e vendido como escravo em 1841 era difícil de ignorar. a campanha do filme uma semana antes da premiação lembrava que este é um dos primeiros trabalhos a abordar o ponto de vista dos negros – além de ter diretor, roteirista e atores protagonistas negros.
Já Gravidade ficou com a maior parte dos prêmios técnicos, merecidíssimos. O longa de Alfonso Cuarón, primeiro mexicano a vencer um Oscar como diretor, mostra que é parte do cinema a busca por inovações no modo de contar uma história. Por sua boa condução de trama e produção visual, ele saiu com a melhor direção e ainda outros seis Oscar, incluindo trilha sonora, fotografia, som e montagem.
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O melhor e o pior no discurso dos atores
O Oscar não trouxe surpresa nos prêmios de atuação. As certezas se confirmaram – entre elas, a não-vitória de Leonardo DiCaprio mais uma vez. Lupita Nyong’o ganhou como atriz coadjuvante por 12 Anos de Escravidão, Jared Leto por coadjuvante em Clube de Compras Dallas, Matthew McConaughey, pelo papel principal em Clube de Compras Dallas e Cate Blanchett, atriz por Blue Jasmine.
De todos, o discurso mais inspirado foi o de Jared Leto. Ele agradeceu à sua mão, presente na plateia, ao diretor Jean Marc-Vallé e ainda declarou apoio aos manifestantes na Ucrânia e na Venezuela. Falando sobre compaixão e superação ainda lembrou que a luta contra a aids, tema de seu filme, ainda segue firme. Em uma direção bem oposta, seu colega de elenco fez uma fala constrangedora sobre religião e de como é uma espécie de predestinado. Já Cate citou nominalmente todas as indicadas, elogiando a atuação de suas competidoras e agradeceu a Woody Allen, diretor de Blue Jasmine, por tê-la colocado no filme.
Lupita Nyong’o coroou a ótima leva de prêmios nessa temporada com um discurso bem emocionado. Falou de seu irmão, seus colegas de elenco, elogiou Steve McQueen e também à sua personagem, Patsy. Nascida no México e criada no Quênia, Lupita começou como assistente de direção e atuou no teatro até conseguir esse papel de destaque. “Quando eu olho essa estátua dourada, ela lembra a mim e a todas as crianças que não importa de onde você vem, seus sonhos são válidos”.
Mais favoritos
E sem surpresas, o Oscar ainda entregou os prêmios aos favoritos Spike Jonze, que venceu melhor roteiro original por Ela e A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino, que saiu como melhor filme estrangeiro. O Som Ao Redor, de Kleber Mendonça Filho, chegou a fazer parte de uma pré-seleção para essa categoria, mas acabou não sendo escolhido.
Já Frozen – Uma Aventura Congelante levou melhor animação e canção original, com “Let It Go”. O documentário A Um Passo do Estrelato desbancou O Ato de Matar e saiu vencedor.
Entre os maiores perdedores da noite está Trapaça, que foi indicado a 10 categorias, mas não levou em nenhuma. Acreditamos que o namoro da Academia com o diretor David O. Russell, para muitos um hype infundado, deva dar um tempo de agora em diante.
Ellen e a maior selfie de todos os tempos
A apresentadora Ellen DeGeneres retornou ao Oscar nove anos depois de sua última apresentação da cerimônia. Ela ajudou a tornar a premiação mais dinâmica e trouxe piadas que ficavam no espaço seguro do ofensivo. Sua maior contribuição foi tornar o evento mais interativo, com suas postagens no Twitter. E isso inclui a maior selfie da história, com mais de 1 milhão de retuítes. O recorde anterior era de Barack Obama.
Para deixar tudo mais descontraído, Ellen ainda trouxe pizza para o teatro Dolby e tirou onda com o fato da festa não ter comida nem bebida. O evento ainda contou com mais performances musicais que o habitual, com a presença de Pink, Bete Midler e os indicados à canção, Karen O. e Ezra Koening por Ela, U2 tocando o tema do filme sobre Mandela, Idina Menzel com Frozen e Pharrell Williams defendendo “Happy”, de Meu Malvado Favorito 2.
Veja a lista completa de vencedores:
Melhor filme: 12 Anos de Escravidão
Melhor diretor: Alfonso Cuarón
Melhor roteiro adaptado: John Ridley, 12 Anos de Escravidão
Melhor roteiro original: Spike Jonze, Ela
Melhor atriz: Cate Blanchett, Blue Jasmine
Melhor ator: Matthew McConaghey, Clube de Compras Dallas
Ator Coadjuvante: Jared Leto, Clube de Compras Dallas
Melhor Cabelo e Maquiagem: Clube de Compras Dallas
Melhor Figurino: O Grande Gatsby
Melhor Curta de animação: Mr. Hublot
Melhor filme de animação: Frozen – Uma Aventura Congelante
Melhor efeitos visuais: Gravidade
Melhor curta-metragem: Helium
Melhor curta-metragem de documentário: The Lady In Number 6
Melhor longa de documentário: A Um Passo do Estrelato
Melhor filme estrangeiro: A Grande Beleza
Melhor mixagem de som: Gravidade
Melhor edição de som: Gravidade
Melhor atriz coadjuvante: Lupita Nyong’o, 12 Anos de Escravidão
Melhor fotografia: Gravidade
Melhor montagem: Gravidade
Melhor design de produção: O Grande Gatsby
Melhor trilha sonora: Gravidade
Melhor canção original: “Let It Go”, de Frozen
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