SURPRESA ZERO
O Artista sai consagrado, Hugo vence prêmios técnicos e cãozinho Uggie é destaque: o que aprendemos com a edição deste ano
Da Revista O Grito!
E o Oscar mais uma vez rendeu-se ao óbvio e não surpreendeu. O Artista venceu como melhor filme, direção (Michel Hazanavicius) e Jean Dujardin como melhor ator. Meryl Streep ganhou pela interpretação de Margaret Thatcher, em A Dama de Ferro, Octavia Spencer como melhor atriz coadjuvante em Histórias Cruzadas e Woody Allen como roteirista de Meia-Noite em Paris. No meio disso tudo, a única surpresa para quebrar a monotonia foi a chegada triunfal do cãozinho Uggie – que diziam estar barrado na festa.
No ano em que os filme homenagearam o saudosismo do cinema, A Invenção de Hugo Cabret e O Artista foram consagrados, cada um com 5 estatuetas. Com leve vitória para o longa francês, que levou as categorias nobres. Como fizemos no Globo de Ouro, fizemos uma cobertura ~ analítica ~ do que aprendemos com a edição deste ano. Mas, antes, veja a lista dos vencedores.
BILLY CRISTAL IGUAL PICOLÉ DE CHUCHU
A Academia preferiu não correr riscos com apresentadores tuiteiros e chapados (James Franco) e chamou seu lugar-comum, Billy Cristal. Mas, decadente, o ator não chamou atenção nem quando fazia piadas ruins. Saiu-se inexpressivo, sem sal, um picolé de chuchu. Talvez tenha sido esse o intuito, tirar a atenção do apresentador e levar à festa em si. A única parte inspirada foi quando trolou o presidente da Academia de Artes e Ciências, dizendo que seu discurso institucional foi “eletrizante”. Igualmente chatas foram suas aparições. Nem quando fazia piadas com negros americanos conseguiu ser controverso. Ai, que falta faz um Ricky Gervais.
BRADLEY COOPER PROVOCA OVULAÇÕES
A Academia é sempre óbvia em chamar seus apresentadores. Mas, acertou na escolha certeira de Bradley Cooper. O ator nunca conseguiu um papel relevante no cinema, mas anda batendo de mil a zero em simpatia e beleza que seus colegas consagrados – Tom Cruise, Tom Hanks, Sandra Bullock, todos em aparições bem monótonas. No Twitter, sempre que aparecia, era uma grita! Outros apresentadores que divertiram esta noite foram Cameron Diaz e Jennifer Lopez (os peitos quase pulando fora), o elenco de Missão Madrinha de Casamento e Emma Stone toda eufórica por apresentar o Oscar pela primeira vez.
HUGO É PERFEITO TECNICAMENTE – E SÓ
Os votantes da Academia devem ainda não ter entendido bem a proposta de A Invenção de Hugo Cabret. Acham que a produção é bonita, bem feita, mas ainda um entretenimento voltado para crianças, uma boa diversão. Por isso, todos os prêmios técnicos que recebeu e nenhum nobre, nem mesmo o de direção para Martin Scorsese, que era favorito. Hazanavicius, o homem que até então era conhecido apenas por seus filmes paródia de 007 tirou o Oscar de um dos nomes mais conhecidos e querido da indústria em Hollywood. Isso sim foi um feito grande, até mais do que toda a ousadia do filme mudo O Artista.
CHRISTOPHER PLUMMER SÓ É DOIS ANOS MAIS NOVO QUE O OSCAR — E OSCAR NIEMEYER JÁ TINHA 20 NA PRIMEIRA CERIMÔNIA
Foi bom ver Christopher Plummer vencer o Oscar de melhor ator coadjuvante pelo seu papel em Toda Forma de Amor (que foi direto para DVD no Brasil). O filme não é nada demais, mas a interpretação do ator de um homem que assume a homossexualidade na velhice é bem tocante. Ele torna-se o homem mais velho a receber a estatueta: 82 anos. Foi dele uma das melhores frases da noite: “Você é apenas 2 anos mais velha do que eu. Aonde esteve esse tempo todo”, disse olhando para o troféu. Ele só perde – como lembrou o Twitter – para Niemeyer, que tinha já 20 anos na primeira cerimônia do prêmio 84 anos atrás.
A GLOBO TE DESPREZA
A TV Globo deu um show de maldade com os cinéfilos sem TV a cabo ao exibir o Oscar com quase duas horas de atraso. Mais de cinco prêmios já tinham sido entregues, entre eles o de melhor atriz coadjuvante quando ela começou a exibir. Tudo porque não poderia deixar de exibir o Big Brother Brasil um único dia. O pior é que quando iniciou sua transmissão, em nenhum momento fez questão de atualizar o espectador, dizendo que a festa já tinha começado há tempos, os momentos mais importantes e o porque de sua decisão em retalhar o evento. Com os direitos de transmissão nas mãos, ela mais uma vez criou seu universo paralelo e alienou sua audiência. O bônus: os comentários de José Wilker, que disse que Meia-Noite Em Paris de Woody Allen tinha sido feito às pressas e momentos inspirados como “fazer cinema é um deslumbramento, um sonho”.
CARLINHOS BROWN PERDEU O “NOSSO” OSCAR
Maior baluarte de nossa baixa auto-estima, Carlinhos Brown não conseguiu trazer o Oscar de melhor canção por Rio. Venceu o favorito (menos pra gente), Muppets. E ele nem conseguiu a glória de aparecer na transmissão do Oscar. Foi aparecer somente de relance quando todos levantaram para aplaudir Meryl Streep. Ali, no meio das grandes estrelas, ele teve o seu momento. Foi triste.
BRAÇOS E PERNAS DE ANGELINA AINDA SEGUEM ASSUSTANDO
Se no Globo de Ouro, a hashtag #bracosdeangelina era prova do quanto as pessoas estavam assustadas com a magreza da atriz, neste Oscar, quem roubou a cena foi sua perna direita. Teve até direito a um Twitter: @AngiesRightLeg. A presença de Angelina em todas as premiações mostra o prestígio dela dentro da indústria hollywoodiana, mesmo sem papeis recentes de destaque. Aqui, ela serviu para provocar buzz em uma festa bem monótona. Tem até os 10 melhores momentos de sua perna na cerimônia.
WOODY ALLEN SEGUE SAMBANDO
O diretor e escritor Woody Allen segue mostrando que não está dando a mínima para que o que os votantes da Academia acham dele. Venceu o Oscar de melhor roteiro original, mas claro, não deu-se ao trabalho de ir buscar a estatueta.
IRÃ CONFIRMA FAVORITISMO
Primeiro filme iraniano a vencer o Oscar, a Separação encerra sua temporada de prêmios com o prêmio de melhor filme em língua estrangeira (estava ainda indicado para roteiro original). O diretor fez um discurso curto, mas contudente: “Dedico este prêmio às pessoas de meu país, pessoas que respeitam todas as culturas e civilizações”. Fez ainda críticas à política no País.
JEAN DUJARDIN O MISTER SIMPATIA VENCE COM SEU SORRISO-ATENTADO
Sem falar nada, o francês Dujardin desbancou George Clooney, que era um dos favoritos ao prêmio. Seu papel por O Artista quase não tem falas, mas ele chama atenção pela expressão e, claro, por seu sorriso. Agradeceu dizendo que “amava seu país”. E arrebatou com “puta que pariu! Isso é muito louco”.
UGGIE FOI A MAIOR SURPRESA E CHAMOU ATENÇÃO MESMO APARECENDO POUCO
Bem vestido e todo elegante, o cãozinho Uggie chamou atenção nas poucas vezes em que apareceu na tela. Primeiro foi em uma brincadeira de Billy Cristal, que tentava adivinhar o que estavam pensando os artistas – e lá estava Uggie. Depois foi quando O Artista levou o prêmio de melhor filme – ele de novo, apenas sendo fofo. Michel Hazanavicius chegou a agradecê-lo quando recebeu o Oscar de melhor direção. Veterano, Uggie é um dos destaques de O Artista, e depois desse longa ganhou enfim, sua aposentadoria. Que chave de ouro, essa!.
Veja a lista dos vencedores
Melhor Filme
O Artista
Melhor Atriz
Meryl Streep, por A Dama de Ferro
Melhor Ator
Jean Dujardin, por O Artista
Melhor Atriz Coadjuvante
Octavia Spencer, por Histórias Cruzadas
Ator Coadjuvante
Christopher Plummer, por Toda Forma de Amor
Melhor Diretor
Michel Hazanavicius, por O Artista
Melhor Edição
Millenium – Os Homens que não Amavam as Mulheres
Melhor Documentário
Undefeated
Melhor Documentário em Curta-Metragem
Saving Face
Melhor Animação
Rango
Melhor Trilha Sonora
O Artista
Melhor Canção Original
Man or Muppet, de Os Muppets (Bret McKenzie)
Melhor Roteiro Original
Meia-noite em Paris
Melhor Roteiro Adaptado
Os Descendentes
Melhor Som
A Invenção de Hugo Cabret
Melhor Edição de Som
A Invenção de Hugo Cabret
Melhores Efeitos Visuais
A Invenção de Hugo Cabret
Melhor Curta-Metragem de Animação
The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore
Melhor Curta-Metragem
The Shore
Melhor Filme Estrangeiro
A Separação
Melhor Maquiagem
A Dama de Ferro
Melhor Figurino
O Artista
Melhor Direção de Arte
A Invenção de Hugo Cabret
Melhor Fotografia
A Invenção de Hugo Cabret