UM SINAL PELUDO EM FORMA DE CULHÃOZINHO
Apesar dos detratores de plantão, novo filme da grife agrada com comédia rasgada
Por Rafaella Soares
OS NORMAIS 2 – A NOITE MAIS MALUCA DE TODAS
José Alvarenga Jr.
[Os Normais 2 – A Noite Mais Maluca de Todas, bra, 2009]
A parceria entre os autores Fernanda Young e Alexandre Machado com a Globo Filmes data dos anos de 1990, quando a romancista e seu marido colaboravam nos textos da Comédia da Vida Privada. Desde então salvo chatices como Os Aspones ( 2004) e Minha Nada Mole Vida (2006-2007), a dupla criou uma das mais engraçadas experiências da TV em formato contemporâneo, Os Normais (2001-2003).
Rui e Vani, casal interpretada por Fernanda Torres e Luiz Fernando Guimarães voltaram aos cinemas no último fim de semana no segundo longa derivado da série de TV. Os Normais – A Noite Mais Longa de Todas, agrada ao público com mais do mesmo: piadas sexuais (e sexistas), situações inimagináveis fora de um contexto ficcional e todos aqueles ingredientes que criam identificação pelos absurdos pelos quais todo mundo está exposto, considerando-se normal ou não.
No filme, Rui e Vani estão noivos há 13 anos (apenas quem assistiu Os Normais – O Filme, senão os próprios episódios que a Globo exibiu de 2001 a 2003) conhece a trajetória do casal; ela não é re-explicada aqui).
O motivo de tão insólito compromisso é os dois terem se conhecido no dia do casamento deles com outros pares, e a partir da descoberta que Sérgio (Evandro Mesquita) e Marta (Marisa Orth) eram amantes, eles combinaram permanecer no estágio intermediário antes do casamento propriamente dito. E mantiveram seus apartamentos separados encenando lá e cá suas doidices.
Se o estado civil dos dois já era motivo de piada, aqui a monogamia os deixou numa rotina típica dos casais que vivem há algum tempo juntos. Ou, segundo um gráfico improvisado por Vani no banheiro do bar, uma perspectiva de sexo nenhum em dois anos.
A noite mais longa de todas começa num karaokê meia-boca e os dois cantando Ricky Martin – essa semana os atores tentaram repetir a cena no programa do Jô e o tratamento vocal feito pro filme já não funcionou.
Com medo do que as estatísticas reservam para um futuro próximo e sem juízo algum, eles se metem em uma jornada carioca atrás da parceira pro que vai ser o divisor de águas na vida sexual deles: um ménage a trois.
Clichê máximo do raciocínio hétero, eles vão da gatinha atleta à garota de programa do calçadão, passando pela classuda-bissexual-bem-resolvida vivida por Claudia Raia (que a qualquer momento parecia na eminência de revelar-se um travesti – coitada, vai sempre passar essa impressão na telona, por conta da sua estrutura física).
A passagem mais hilária, no entanto, não é sua performance na axé music, e sim a bad trip de Vanilce (ninguém chama ela pelo nome todo, uma pena) com uma erva de procedência indígena.
Dirigido pelo mesmo José Alvarenga Jr. do anterior, o filme serve ao que se propõe, diversão de casais balzacos, fãs da série, da dupla, cheia de bobajada, mas bacana se você gosta dos protagonistas.
Fernada Torres e Luiz Fernando Guimarães ainda funcionam muito bem entre nojinhos, escatologias, pastelão e sobretudo uma história de amor hilária ao fundo.
NOTA: 7,5
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