10 fotos de locais para entender os protestos em Hong Kong

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A revolução está sendo conhecida como "revolução do guarda-chuva". (Foto: Bluue Panda/Flickr).
A revolução está sendo conhecida como "revolução do guarda-chuva". (Foto: Bluue Panda/Flickr).
A revolução está sendo conhecida como “revolução do guarda-chuva”. (Foto: Bluue Panda/Flickr).

Por Oiwan Lam*
Do Global Voices

Há mais de um mês, manifestantes pró-democracia estão acampando em locais importantes de Hong Kong para reivindicar um sistema aberto de indicação para a eleição do líder da cidade em 2017. Até o momento, a negociação entre os oficiais do Governo e os representantes dos estudantes não foram muito frutíferas. Os representantes do Governo de Hong Kong insistem que o amplo comitê de indicação pró-Beijing, que foi instituído pelo governo central, não pode ser mudado.

Tendo em vista uma ocupação duradoura, os manifestantes transformaram os lugares de acampamento em vilas organizadas e funcionais, decoradas com mensagens políticas feitas por artistas e designers pró-democracia para o público.

O mapa da revolução por DASH. (Divulgação).
O mapa da revolução por DASH. (Divulgação).

O local de protestos em Admiralty funciona como a sede da “Occupy Central”, que é o nome popular do movimento [Nota da tradutora: Admiralty é a extensão leste e adjacente do bairro onde funciona o centro de negócios da ilha de Hong Kong. Mais informações aqui]. Neste local, os organizadores realizam reuniões públicas e informam sobre os mais recentes desenvolvimentos do movimento democrático. Na última contagem, os manifestantes haviam montado mais de 1.600 tendas.

Dash, uma plataforma estudantil de mídia ativista, criou um mapa (clique para baixar em alta resolução) que mostra os locais de protesto mais famosos em Admiralty. Abaixo se encontra uma breve explicação destes locais com as fotos de Au Kalun, um antigo jornalista e famoso blogueiro.

1. Praça dos Guarda-chuvas na estrada Harcourt

Foto: Au Kalun/Divulgação.
Foto: Au Kalun/Divulgação.

Manifestantes ocuparam as oito faixas das estradas Harcourt e Connaught com mais de 1.600 tendas. A estátua “o homem com guarda-chuva”, feita por um estudante de 22 anos, situa-se no centro da denominada Praça dos Guarda-chuvas.

A estátua “Homem com guarda-chuva” foi feita por um estudante de 22 anos. Foto: Au Kalun.
A estátua “Homem com guarda-chuva” foi feita por um estudante de 22 anos. Foto: Au Kalun.

2. Centro de estudos

Vários estudantes aderiram ao boicote à escola para participar da ocupação em massa. No intuito de ajudá-los a continuar estudando enquanto estão no local, marceneiros colocaram mesas e cadeiras lá. Além disso, professores voluntários dão aulas no centro de estudos.

Estudantes usam o local para estudar e fazer dever de casa. (Al Kalun).
Estudantes usam o local para estudar e fazer dever de casa. (Al Kalun).

3. Muro de Lennon

O muro de Lennon em Admiralty está coberto por post-it coloridos. As pessoas escrevem neles os seus desejos e sonhos para o futuro de Hong Kong e os colam na parede.

 

Post-its coloridos no muro de Lennon. (Au Kalun).
Post-its coloridos no muro de Lennon. (Au Kalun).

4. Muro da Vergonha

O muro da vergonha foi feito nas grades de ferro de fora da sede do Governo. A grade de ferro foi construída em agosto, após um protesto contra o desenvolvimento dos Novos Territórios, ao leste de Hong Kong. Na época, o líder da cidade e chefe executivo ordenou o reforço na segurança ao redor do prédio com uma grade de ferro de dois metros de altura para impedir as pessoas de entrar na praça. Os manifestantes transformaram a grade em um local de postagem de comentários críticos sobre o governo.

Grade de ferro de dois metros de altura na parte de fora da sede do Governo é agora denominada pelo Muro da Vergonha. (Foto: Au Kalun).
Grade de ferro de dois metros de altura na parte de fora da sede do Governo é agora denominada pelo Muro da Vergonha. (Foto: Au Kalun).

5. Planta do asfalto

Beijing continua a dizer que o “Occupy Central” não vai mudar a situação política de Hong Kong, uma região administrativa especial do governo central chinês. No entanto, os estudantes insistem em “sonhar o impossível”. Uma expressão artística desta frase desafiadora é o crescer de plantas no asfalto.

Uma planta como símbolo da realização de um sonho impossível. (Foto: Au Kalun).
Uma planta como símbolo da realização de um sonho impossível. (Foto: Au Kalun).

6. Barricada Honrada

O departamento de polícia está sob investigação pública desde a ocorrência do episódio em que a polícia utilizou gás lacrimejante para acabar com os protestos pacíficos em 28 de setembro. Posteriormente, em 3 de outubro, opositores do movimento “Occupy Central” atacaram os manifestantes em Mongkok enquanto a polícia negligenciava a violência. A polícia negou qualquer permissividade ou envolvimento com os opositores no intuito de abafar os protestos, enfatizando que o departamento policial é ”Guang ming lei luo” (光明磊落), um termo chinês que carrega um rico significado e se refere à descrição do caráter de uma pessoa como correta e honrada, iluminada e progressiva, aberta e direta, cândida e sincera. Manifestantes e cyber cidadãos passaram a utilizar o termo com sarcasmo após a divulgação do vídeo do “canto escuro”.

Manifestantes batizaram a barricada de "barricada honrada". (Au Kalun).
Manifestantes batizaram a barricada de “barricada honrada”. (Au Kalun).

7. Canto Escuro

Em 14 de outubro, manifestantes tentaram bloquear a grande avenida Lung Wo, que conecta as partes leste e oeste da ilha de Hong Kong, em protesto contra a remoção das barricadas pela polícia, fato que ocorrera naquele dia. Na data, um dos manifestantes foi algemado e levado a um canto escuro, onde foi espancado por sete policiais. O espancamento foi filmado por uma câmera de televisão. O local da violência policial tornou-se um marco histórico em Admiralty.

O local onde sete policiais espancaram um manifestante que estava algemado está marcado como canto escuro nos mapas do Google. (Foto: Au Kalun).
O local onde sete policiais espancaram um manifestante que estava algemado está marcado como canto escuro nos mapas do Google. (Foto: Au Kalun).

8. Infraestrutura 

Operários da construção civil construíram uma infraestrutura que conta com, por exemplo, escada rolante, para ajudar as pessoas a atravessar a avenida e chegar ao local dos protestos. Nos banheiros públicos perto da sede do governo, as pessoas doaram todo tipo de produtos de higiene pessoal, como sabonetes, escovas de dente, tonificantes, lenços de papel e panos, para ajudar os manifestantes a se manter limpos enquanto acampam.

Tem de um tudo nesse banheiro público. (Foto de Au Kalun).
Tem de um tudo nesse banheiro público. (Foto de Au Kalun).

9. Túnel e estrada vazios 

A estrada Connaught é a mais congestionada da ilha de Hong Kong. A ocupação transformou a paisagem da cidade e atualmente a estrada e o túnel estão vazios. O ar está livre de gases de escape.

Foto: Au Khan.
Foto: Au Khan.

10. Vila Harcourt e a Rotatória dos Guarda-chuvas

Grupos civis que promovem estilos de vida alternativos também se mudaram para o lugar dos protestos. É possível ver pessoas tecendo roupas, fazendo produtos de couro, pintando e plantando vegetais na estrada. A instalação do passeio dos Guarda-chuvas, que se situa na frente do conselho legislativo, simboliza a necessidade de refletir sobre o modo de desenvolvimento da sociedade.

ma máquina de tercer simples foi posta na vila Harcourt. (Foto de Au Kalun).
ma máquina de tercer simples foi posta na vila Harcourt. (Foto de Au Kalun).

 

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* Oiwann Lam é mídia-ativista e educadora baseada em Hong Kong. Ela colabora para o Global Voices, onde este texto foi publicado. A tradução é de Mariana Monteiro de Matos.