O cartunista Glauco Vilas Boas ganha exposição individual no programa Ocupação Itaú Cultural, que chega à 30ª edição. A homenagem reúne tiras inacabadas e obras finalizadas, além de material que mostra o processo criativo do artista.
A exposição começou dia 9 deste mês e vai até 21 de agosto de 2016. A entrada é gratuita.
Com um traço minimalista, Glauco criou personagens icônicos dos quadrinhos brasileiros como Geraldão, Dona Marta, Casal Neuras, Doy Jorge, entre outros. Ele iniciou a carreira nos anos 1970 e trouxe inovações para o cartum brasileiro, como a quebra do realismo dos cenários e personagens e um humor negro bem afiado.
Glauco fundou a igreja Céu de Maria, em Osasco, onde a comunidade de fiéis tomava doses de santo daime (a bebida ayahuasca). Essa parte importante da vida do cartunista também foi lembrada pela exposição, que trouxe objetos religiosos e até um altar estilizado.
O cartunista foi assassinado aos 53 anos, em 2010, ao lado do filho, Raoni, 25, por Carlos Eduardo Sundfeld. O assassino confessou à polícia que planejava sequestar Glauco para que o cartunista confirmasse à sua mãe que era Jesus Cristo.
Todo o material para a mostra foi cedido pela família do cartunista. Há desenhos à lápis, anotações e bilhetes guardados por Beatriz Veniss, com quem Glauco foi casado por 15 anos.
A exposição traz depoimentos em vídeo dos colegas cartunistas Laerte e Angeli, com quem Glauco trabalhou na série Los 3 Amigos. A ocupação conta com acessibilidade para pessoas com deficiência, como mapas táteis, audioguias e cartuns em relevo e descrições em braile.
“Ele passou aqui na terra como um verdadeiro professor, ajudou muita gente e deixou uma obra artística com um estilo único, além de um legado de muito respeito, muita admiração, e uma saudade imensa”, em comunicado à imprensa sobre a obra.
O Itaú Cultural fica na Av. Paulista, 149, ao lado da estação Brigadeiro, em São Paulo.