HQ indie com tom sobrenatural alia roteiro ágil com projeto editorial bem resolvido
Por Paulo Floro
NECRONAUTA 5
Danilo Beyruth (texto e arte)
[Independente, 16 págs, R$ 2,50]
À venda no site www.evilking.net
Existe um apuro estético evidente na HQ O Necronauta, de Danilo Beyruth, lançado de forma independente em setembro. Antes de mais nada, chama atenção a edição bem cuidada com que o autor – o faz-tudo da revista – reserva à obra. Este mesmo esmero chega aos desenhos, à primeira vista muito próximo aos comics americanos. Este quinto número da publicação volta a ser assinado também pelo próprio Beyruth, que chamou nas últimas três edições escritores convidados.
A premissa da série aborda aventuras do Necronauta, entidade sobrenatural que tem a função de conduzir a alma dos mortos ao além. Para todos os efeitos trata-se de um super-herói (ou anti-herói, depende da perspectiva), mas a construção da personalidade tende a se tornar mais complexa. No entanto, as histórias ainda se encontram focadas no fato abordado, ainda que a história seja bem contada. A riqueza do personagem está mesmo nos detalhes (o necrodisco é ao mesmo tempo uma homenagem às comics como uma tirada bem-humorada) e em como ele interaje com as situações.
Nesta edição, o Necronauta encontra o cientista Nikola Tesla, um dos maiores estudiosos da energia elétrica, preso num plano intermediário pós-morte por conta de sua obsessão. Sem se apoiar apenas em referências, o roteiro é ágil e tem mais ação que as edições anteriores. Aos poucos, Beyruth pode criar um personagem de sucesso nos quadrinhos brasileiros, já que desenvolve com cuidado o Necronauta e todo seu universo – ainda que limitado pelo pouco espaço, já que as edições anteriores tinham apenas 8 páginas.
Ainda focando na edição do material, este número 5 aderiu ao formato americano e trouxe mais qualidade no papel de capa. No entanto, percebe-se um projeto editorial sólido, desde o primeiro número. Não deveria demorar muito para que editores percebam que o Necronauta é um dos cases de maior sucesso nos quadrinhos independentes nos últimos anos.
NOTA: 7,5