Aconteceu neste final de semana em Garanhuns, a primeira edição do Festival Internacional de Literatura Infantil de Garanhuns, o Filig. Quem esteve por lá foi a presidente da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil(AELIJ), escritora Sandra Pina. Ela lembrou o ótimo momento que vive o mercado editorial para leitores jovens.
“A literatura infantil brasileira vive um momento riquíssimo em diversidade e qualidade. O trabalho de muitos autores do nosso País é admirado no mundo. E esses escritores e ilustradores têm muito a contribuir com a formação dos novos cidadãos”, disse Pina durante um bate-papo realizado, na tenda do Filig.
Sandra Pina também falou sobre a importância da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil para os autores de literatura infantil do País. A entidade completa 15 anos em 2014. “O trabalho do ilustrador e do escritor é muito solitário e a AEILIJ oferece para esses profissionais um espaço para debater não só questões da estética literária infantil, como também a relação com o mercado editorial e vários outros assuntos”, disse Pina.
Política pública é papel, diz Irene Vasco
Depois do bate-papo com Sandra Pina, a escritora colombiana Irene Vasco falou sobre formação de leitores durante uma palestra realizada no auditório do Sesc Garanhuns. “Política pública é papel. Há leis, entrega de livros, mas sem acompanhamento não há possibilidade de fazer florescer”, disse.
Para um auditório cheio de estudantes e professores de Garanhuns e região, a autora mostrou que é possível fazer chegar a leitura aos mais diversos lugares. Acostumada a levar o “mundo dos livros” às comunidades em áreas mais afastadas da Amazônia colombiana, a escritora ressaltou que os governos se preocupam muito mais em colocar nas escolas computadores e outros aparatos tecnológicos do que encontrar estratégias para que os livros cheguem às crianças.
Para Irene, uma das barreiras está na formação dos professores, que também não são leitores. “Essa familiarização com a leitura e a escrita, desde a estética à emoção, colocando em prática a sua imaginação, vai permitir que a aprendizagem da leitura seja algo mais fácil”, defende.
Mesmo convivendo em regiões mais afetadas pelo narcotráfico e com altos índices de violência, a autora diz não temer ser alvo. “Eu me pergunto onde está a violência? Na sala de espera de um hospital sem médicos, enfermeiras, remédios, nem camas? Nas favelas das grandes cidades? Nas minas de ouro e de carvão onde as crianças morrem asfixiadas e debaixo de toneladas de escombros? Nos rios contaminados pelas indústrias que não gastam nem um pouco de sua receita no cuidado das águas? Nas casas onde a fome se sente de dia e de noite? Nas escolas sem livros? A violência está em muitas partes. A esperança também”, acrescentou ressaltando problemas, que são comuns não só à Colômbia, como ao Brasil.
O Filig trouxe ainda debates com Florencia Esses (Argentina) e Eleonora Arroyo (Argentina). Cerca de 6 mil pessoas participaram do festival durante quatro dias.