Nancy | Chora, Matisse!

Nancy (Foto: Divulgação)

MATURIDADE NA ESTREIA
Bem conhecida dos solos ianques, Nancy faz seu disco de estréia exibindo trabalho bem cuidado
Por Fernando de Albuquerque

NANCY!
Chora, Matisse!
[Independente, 2009]

Nancy (Foto: Divulgação)Em 2008 veio o primeiro convite para o South by Southwest (SXSW) que foi recusado por problemas no visto. Em 2009 o convite foi repetido. E eles foram para Austin, no Texas, se apresentar em um dos principais eventos da música mundial. O sucesso texano fez com que os cosmopolitas do Nancy colocassem os instrumentos numa van e partissem para uma turnê na Costa Leste – Baltimore, Nova Iorque, Washington e Philadelphia. E depois desse périplo chegou a vez de João Paulo Praxes, Fernando Lanches, Ivan Bicudo, Dreaduardo e Munha, acompanhados por Camila Zamith, lançassem seu primeiro disco Chora, Matisse!. Disponível para download no www.spsonica.com.

A banda nasceu em 2003 e de lá para cá teve muitas mudanças. Em 2005 chegou ao fim completo, quando Praxes partiu para o Rio e Zamith para Londres. Mas foi a distância que fez o grupo crescer. A internet uniu os dois na criação e composição de músicas. De um lado os arranjos eram enviados por e-mail, do outro os vocais baixavam na caixa de entrada como resposta. E aí tudo (re)começou. Hoje Camila mora em São Paulo. E mesmo batizada como brasiliense, o Nancy está muito mais para uma banda com o cosmopolitismo bem incrustado na veia do que um grupelho qualquer que se esconde atrás de regionalismos. E Chora, Matisse! é o sinônimo disso. Do bem-estar de ser cidadão mundo.

Esse primeiro disco mostra o quanto a banda é madura e se configura como uma das mais bem cotadas gratas surpresas desde 2008. São nove faixas (a nona é um remix bônus dos canadenses Born Ruffians para a faixa de abertura) intercaladas por letras em português e inglês que a todo momento reforçam o tom enigmático, doce e suave de Camila Zamith. Quase impossível não se sentir persuadido pelo bom acabento do disco, a produção para lá de cuidadosa, com arranjos, sopros e teclados bem metrificados.

“Keep Cooler”, música que abre os trabalhos, é uma balada indie que seduz o ouvinte em uníssono fazendo com que a audição do resto do material seja quase que automática. Na sequência vem a romântica “Cinema Nacional” com refrões do tipo “era fácil te ver/ não doi nada te dizer/ você era o que faltava”.

Não menos interessante são “Mamba Negra Fashion Week” e “Glicerina Dreaming”. Essa última é quase um convite/acusação aos “lambedores de sabão” de todo mundo. E quem nunca deu uma discreta passada de língua, mesmo que escondido no escuro do banheiro, no Lux Luxo? Outra música que merece atenção especial é “Inbox Drama”. Com três fases distintas, mas bem concatenadas, essa última leva qualquer cidadão a bater palmas e entorar o côro de Camila no último minuto da música.

NOTA: 8,0

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