RENATO RUSSO
Trovador Solitário
[Discobertas/Coqueiro Verde, 2008]
Difícil mensurar a importância que Renato Russo e suas letras cheias de “questionamentos” e mensagens fortes tiveram para toda uma legião de balzaquianas e balzaquianos. Seus shows rodaram o país inteiro, embalaram muitos romances, tapas em cigarros e toda uma geração que, hoje, (em sua grande maioria) está criando os filhos. Mais difícil ainda é pensar num lançamento de canções lado B de Renato tendo em vista o quanto a mídia e as gravadoras usaram e abusaram de sua imagem enquanto musicista e pessoa. Mas é a mais pura verdade. Intitulado de O Trovador Solitário, o disco recém lançcado pela Discobertas/Coqueiro Verde traz versões pra lá de inéditas de músicas como “Eduardo e Mônica”, “Geração Coca-Cola”, “Farostes Caboclo”, entre tantos outros sucessos. O disco é resultado de gravações em fita cassete realizadas no quarto do apartamento dos pais, em Brasília, quando Renato se apresentava, em caráter sólo, como “trovador solitário”. São canções realizadas entre o fim de sua primeira banda Aborto Elétrico (de 79 a 1980) e a criação da Legião Urbana (83 a 1996). O CD é um documento puríssimo e se você for fã tem que tê-lo na prateleira, já os que não conhecem e só ouviram falar, devem passar longe. O registro vale pelo valor histórico e sentimental e na última faixa é possível acompanhar um bom dueto entre ele e Cida Moreira com o “Summertime”. [FA]
NOTA: 7,0
K.D. LANG
Watershed
[Warner/ Nonesuch, 2008]
Nacionalmente conhecida como o ícone saponífero canadense, K.D. Lang já exibiu sua voz doce no Tim Festival de 2003 e levou o público ao delírio ao exibir um look masculinizado em uma voz que beira e meiguice. Seu perfil de ícone comportamental, muitas vezes, ofusca o real talento da cantora que é muito mais que uma diva GLS. No novo disco, lançado ainda em abril deste ano, ela recebe os créditos como produtora, arranjadora e na programação eletrônica. Esse é o primeiro disco de canções inéditas depois de um jejum de sete anos e peca, somenta, pela irregularidade narrativa. As principais músicas são “I Dream Of Spring”, “Sunday” e “Coming Home” soam como clássicos de referência instantânea ao ouvinte. O restante mantém a mesma sofisticação, mas possui um tom mais burocrático. [FA]
NOTA: 8,0
TIM FITE
Fair Ain’t Fair
[ANTI- Records, 2008]
Um profeta pessimista do pop diria que o futuro de todos os músicos experimentais, representantes de uma “anti-música” é mesmo o esquecimento. Outro mais abonador e condenscendente – e aí podemos incluir os críticos de música – afirmarão que se tratam de visionários cujos trabalhos influenciaram a vanguarda das novas gerações. Tim Fite não se encontra em nenhum desses momentos. Seu novo disco Fair Ain’t Fair o transformou numa incógnita. Com músicas que passeiam entre o folk tradicional, o hip hop e o indie-rock, fica difícil prever o seu futuro. De certo, temos apenas a certeza de seu som, um exercício de hermetismo, que por vezes confunde-se com uma simples e óbvia música mal tocada. Algumas experiências merecem destaque pela tentativa de se buscar novas sonoridades, como “Heaven Is War”, com seu andamento uniforme e cheio de detalhes e “Sing Alone”, uma balada folk dançante. O resto é apenas masturbação. [PF]
NOTA: 4,0