N.E.R.D.
Seeing Sounds
[Interscope, 2008]
The Neptunes conseguiu ao longos dos anos 2000 se tornar uma marca dentro da música pop. E também um sinônimo de revitalização para artistas perdidos no ralo do mainstream, como Britney Spears e Justin Timberlake. O N.E.R.D., projeto alternativo desses produtores lançou esta semana, cheio de expectativas, seu terceiro álbum, Seeing Sounds. O resultado ficou aquém do que Pharrel Williams e seus colegas significam para a música pop atual. Algumas faixas trazem melodias e idéias tão desgastadas que nos fazem questionar o espírito sempre visionário da banda. A única que ainda tem vigor e se assemelha ao passado recente é “Everyone Nose (All The Girls Standing In The Line For The Badroom”) e “Anti Matter” com seu rap dançante. De resto, nada que já não exista nas paradas de sucesso. [PF]
NOTA: 4,0
MOSCOW OLYMPICS
Cut The World EP
[Lavender, 2008]
O Twee Pop encontra a amargura pós-punk. Assim pode ser definido o som dos filipinos do Moscow Olympics. Além do nome esdrúxulo, a banda esconde outras características caras ao indie rock feitos nos recônditos mais escondidos. A música, quase etérea, leva o ouvinte a uma escalada triste ao passado shoegazer, quando bandas como Slowdive era a trilha sonora de jovens sem perspectivas sentimentais e profissionais. E se a volta do elogio à depressão não é motivo a se comemorar, podemos dizer que o grupo é uma boa promessa no rock atual, com letras bem construídas e boas referências sonoras. O Moscow Olympics ainda está perdido num imenso deja-vu, um clichê do rock feito nos anos 00 de se apropriar do que já foi feito, decalcando até mesmo os acordes. No entanto, é possível perceber na banda uma falta de oportunismo e sinceridade em músicas como “Ocean Sign” e “What is Left Unsaid”, dois hinos perfeitos para os piores momentos do ano. [PF]
NOTA: 7,5
BONNIE “PRINCE” BILLY
Lie Down In The Light
[Drag City, 2008]
Não bastava os fãs de indie folk serem surpreendidos com o novo disco do Will Oldham, o Bonnie “Prince” Billy este ano, também descobrem que o músico se apresentará no Brasil no segundo semestre, no projeto Folk-se, no Studio SP. Lie Down In The Light é o 15º álbum de Oldham, que já atendeu por vários pseudônimos desde 1993, quando começou a carreira. Este disco ainda busca na tradição country americana sua principal fonte de inspiração, mas já se apresenta como o mais acessível disco na carreira do projeto Bonnie “Prince” Billy. “I’ll Be Glad” desmente os quem acusam o folk alternativo de ser apático, enquanto “You Want That Picture” promove uma interessante mistura entre as mais antigas melodias do cancioneiro com acordes rocker. O único porém do álbum é se perder em faixas por demais monótonas, encaradas apenas pelo público alvo do gênero. Mas, Prince não tem pretensão em ser próximo a ninguém. [PF]
NOTA: 7,0
LYKKE LI
Youth Novels
[LL, 2008]
Direto da Suécia, sem muito alarde, vem uma das mais criativas mistura de gêneros, a cantora Lykke Li. Com este primeiro disco, Youth Novels, a moça traz uma deliciosa proposta sonora que une soul, electro e pop, tudo embalado por uma voz doce que só os nórdicos sabem produzir. Mas Li não é uma promessa desamparada. Sua estréia foi produzida por Björn Yttling, do Peter Bjorn and John e Lasse Mårtén, que já produziu de Shout Out Louds a Kelly Clarkson. Com isso, temos aqui uma bem produzida artista, pronta para seduzir o público indie e flertar com as paradas de sucesso. Há lugar até para experimentações como “Complaint Department” e “This Trumpet In My Head”. Mas o que a torna uma ótima surpresa são as canções mais dançantes, como “Dance Dance Dance” e “I’m Good I’m Gone”, que estão fazendo falta nos sets das festas mais modernosas. [PF]
NOTA: 8,0
HEALTH
/Disco
[Lovepump, 2008]
A banda de noise rock HEALTH (assim mesmo, em caps lock) lançou seu segundo disco /Disco já aclamada como a melhor novidade da música eletrônica de 2008. Este segundo lançamento trata de uma compilação de remixes do disco anterior, de 2007, gravado no clube The Smell e, para muitos, já histórico. As novas versões além de trazer outras visões para as músicas deram vigor, fugindo da pura releitura. Nunca um disco de remixes teve tanta relevância. “Crimewave”, remodelada por outra sensação, o Crystal Castles já um dos hits nas pistas de dança de todo o mundo, com sua batida melancólica e seca. “Triceratops”, que abria o disco anterior, ganha aqui uma roupagem ultra-retrô, anos 80 gritando alto pelas mãos do Acid Girls. /Disco é um convite para descobrir a estréia deste grupo de Los Angeles, mas, reconstruído por convidados ilustres, é de fato, uma dos mais impressionantes registros da música eletrônica este ano. [PF]
NOTA: 8,5
THE NOTWIST
The Devil, You + Me
[Domino, 2008]
A banda alemã The Notwist já figurou com uma grande aposta por anos. Agora, desistiu de representar alguma coisa para a cena de seu país ou para qualquer outra. O novo disco, o sexto em quase vinte anos traz, finalmente, uma novidade: o uso de mais elementos eletrônicos. A surpresa é que deu certo. O disco já está sendo aclamado no mundo todo, ao menos entre a crítica especializada. Seis anos depois de apostar num indie rock sem muito impacto, este The Devil, You + Me traz uma diversidade inédita na banda. Cada faixa busca uma referência distante e denotam um desejo explícito de renovação por parte da banda. “The Alphabet” é a mais corajosa, soando experimental e melódica (para não dizer melancólica). Algumas faixas ainda parecem meio soltas no meio do conjunto, e outras, simplesmente entediantes (pule “Sleep”), mas ainda assim, um bom disco. [PF]
NOTA: 7,0