HOLE
Nobody’s daughter
[Mercury Records, 2010]
Em seu quarto disco, o Hole chega para deixar bem claro aquilo que muita gente já desconfiava: para a banda, a música é apenas um detalhe. Por mais injusto que pareça, especialmente para os seguidores de Courtney Love, é inegável que o grupo saído de Los Angeles tem toda sua importância musical diminuída perante os escândalos em que a vocalista se envolve. As brigas públicas com a filha, aparições tresloucadas em eventos e intermináveis audiências nos tribunais servem apenas para mitificar a imagem “rebelde” de Courtney, disfarçando suas fragilidades artísticas. As melancólicas Honey e Letter to God funcionam como um breve alívio no meio de tanta verborragia. Os fanáticos pelo trabalho da viúva de Kurt Cobain podem se considerar bem servidos com Nobody’s daughter. Já para o resto do mundo é apenas mais do mesmo. [Lidiana de Moraes]
NOTA: 4,0
PATA DE ELEFANTE
Na Cidade
[Independente, 2010]
Na cidade, o terceiro disco da banda gaúcha Pata de Elefante, surge para deixar bem claro de uma vez por todas para o país inteiro aquilo que todo o Rio Grande do Sul já sabia pelo menos desde 2004: existe espaço para inventividade no rock brasileiro. A habilidade musical do trio formado por Daniel Mosmann, Gabriel Guedes e Gustavo Telles envolve os ouvintes de tal forma que até aqueles que estão habituados a torcer o nariz para a música instrumental acabam se esquecendo da ausência de letras nas treze canções do disco. São aproximadamente 48 minutos em um viagem musical que nos leva das influências da surf music que embalava a trilha sonora do seriado Hawaii 5.0, como em “Squirt Surf” e “Pesadelo de Bambus”, até nas nuances das composições desérticas de Ennio Morricone encontradas em “À luz de velas” e “Arthur”. Está aqui um disco com músicas instrumentais para serem cantaroladas. [LM]
NOTA: 7,5