Um retorno “preza”
BIDÊ OU BALDE
Adeus, Segunda-Feira Triste EP
[Independente, 2011]
Sem lançar disco desde 2004, quando representaram o maior hype a sair do Rio Grande do Sul, o Bidê ou Balde anuncia retorno com esse EP Adeus, Segunda-Feira Triste. O disco é um aperetivo para o disco cheio que eles devem lançar ainda este ano. A volta parece promissora. São cinco músicas que grudam à mente na primeira audição. A começar pela “(Não Existe Lugar) Mais Longe Que O Japão”, com um refrão tosco que é levado numa melodia cheia de melancolia. No mesmo tom vem “Me Deixa Desafinar”, com letra igualmente nonsense. O mais legal é que o grupo mantém o mesmo estilo e segue firme na fórmula que os fizeram conhecidos no Brasil todo há alguns anos atrás – quem não lembra do pop chiclete, “Mellissa”? Pop muito bem produzido, o EP ainda traz uma faixa multimídia, “Fantasia e Descontração em Búzios”, de Filipe Barros, com os bastidores da gravação do material. Com disposição para conseguir novos fãs, esse trabalho atinge em cheio os fãs antigos. Com um pé ainda nos anos 1990, o Bidê ainda aposta no CD e fez um trabalho muito interessante, com um encarte muito bonito assinado por Gabriel Not e Leo Lage. Eles trazem um texto inédito do professor Luís Augusto Fischer, que escreveu o dicionário Porto-Alegrês, com um artigo que explica o significado da palavra “Preza”. Pra completar, o disco, encontrado nos shows da banda e através do Facebook é bem barato. Feliz retorno esse. [Paulo Floro]
NOTA: 8,0
Compre: O disco está à venda também pelo email, ou pelo Facebook.
WILD BEASTS
Smoother
[Domino, 2011]
Com uma indicação ao Mercury Prize no currículo, o Wild Beasts é um dos nomes mais aclamados atualmente no Reino Unido. Ainda sem muita força nos EUA e no resto do mundo, o grupo fundado em 2008 tem conseguido elogios com seu dream-pop cheio de sintetizadores. Este mais recente trabalhado foi lançado no início de maio e conseguiu chegar ao top 20 da parada britânica. Entre as referências do grupo para formar seu esquisito DNA estão o pop experimental do Fuck Buttons, Frankstein de Mary Shelley e até nossa Clarice Lispector. A expectativa pelo novo trabalho foi alta, sobretudo depois de dois discos anteriores bastante elogiados. Este Smoother consegue ser ainda mais inspirado nas letras, mais rebuscadas e cheia de melancolia. O vocal de Hayden Thorpe vem todo empostado, mostrando que o interesse da banda é ir sempre ao passado, a despeito da modernidade que impera entre seus colegas do Britpop. Inglaterra ainda despontando boas ideias. [Paulo Floro]
NOTA: 7,5
Baixe: “Albatross”, “Deeper”
RAPHAEL SAADIQ
Stone Rollin’
[Columbia, 2011]
O cantor americano Raphael Saadiq conseguiu construir uma carreira de esmero no R&B, com hits fincados no que o gênero tinha de mais tradicional. Foi responsável também por emprestar seu talento para artistas que se firmaram na música pop dos EUA, como Mary J. Blige, TLC, John Legend e Joss Stone. Vencedor de diversos grammies, ele lançou no final de março seu novo trabalho, Stone Rollin’, que vem ganhando muitos elogios desde seu álbum mais aclamado, The Way I See It (2008). Com influência forte da soul music, ele retomou a parceria de longa data com seu antigo colaborador Chuck Brungardt e fez um disco cheio de canções que cheias de pegada, ideias para serem cantadas como um crooner sensual do naipe de Saadiq. Ele também busca inspiração em antigos discos da gravadora Motown e avança na mistura de R&B, rock e funk. O disco só peca por se manter numa zona de conforto e não representar um avanço de seu último trabalho. Mesmo sendo um mais do mesmo, é um disco impecável tecnicamente e mostra que o músico da velha guarda ainda tem muito carisma.
NOTA: 6,5
Baixe: “Radio”, “Good Man”