+ Música: Air France, The Cool Kids, Tha Black Pus, Maps & Atlases

airfranceAIR FRANCE
No Way Down
[Sincerely Yours, 2008]

Os suecos não cansam de surpreender o mundo com sua música pop. E têm algo intrigante em todas as suas bandas: elas não trazem muitas inovações estéticas ou formais, mas são sempre imbuídas de carisma. Esse frescor pop, com pouco experimentalismo está muito bem representado no Air France, que lançou seu segundo EP No Way Down nos EUA. Entre sons de passarinhos e crianças brincando, o grupo de Gothenburg traz composições que se aproximam bastante dos conterrâneos Radio Dept. A diferença é uma maior aproximação com o dance, como “Collapsing At Your Doorstep” e “No Excuses”, que não faria feio em uma pista de dança. Depois de dois EPs (o anterior, On Trade Winds, também muito bom é de 2006), esperamos por um álbum cheio cheio dessa vitalidade indie-electro. Falando em electro, dá pra baixar ótimos remixes deste disco gratuitamente, aqui. [PF]

NOTA: 8,0

recomendado

bakesaleTHE COOL KIDS
The Bake Sale
[C.A.K.E./Chocolate Industries, 2008]

O Hip Hop alternativo americano é rico em experimentações. Os exemplos vão desde o Aesop Rock e suas viagens jazzísticas até o midas Jay Z. O duo de Chicago, Cool Kids, via de regra, segue o padrão. Sua diferença reside numa música de seu segundo EP: o namoro com o funk, na ótima “Bassment Party”. Um funk sujo, vocal preguiçoso como bem pede o ritmo. A inserção em outro estilo também foi bem sucedido em “What It Is”, um dançante break. A melhor faixa é mesmo “Black Mags”, que ganhou um videoclipe bastante elogiado final do ano passado, onde glamourizam as bicicletas BMX. Produzido por Evan “Chuck Inglish” Ingersoll, metade da dupla, foi o principal cartão de visita do Cool Kids, entre os “relevantes” do rap independente americano. Com boas letras, que passam longe da verborragia do mainstream (ao contrário, são até minimalistas na rima), Bake Sale é uma boa prova de que o Hip Hop americano é um dos gêneros mais ricos e criativos atualmente. [PF]

NOTA: 8,0

black pusTHE BLACK PUS
Black Pus IV: All Aboard the Magic Pus!
[Diarreah, 2008]

O que é o baterista e vocalista Brian Chippendale num projeto solo? Se o Lightning Bolt para muitos já representa o estágio mais avançado que o rock pode chegar em experimentação e barulho, eis que o americano chega com o Black Pus, trabalho que já entra em seu quarto álbum. Aqui, quanto mais estranho o negócio for, mostra o quanto ele está acertando em seu intuito. Música para fãs de ousadias sonoras, ou mais certamente, do Lightning Bolt. O mais curioso são as misturas de graves e agudos e também da imprecisão das notas vocais, dissonantes do conjunto sonoro, criando um efeito interessante. As baterias também surpreendem, mesmo que sobrepostas sobre vários outros instrumentos. Chippendale só derrapa quando recorre aos clichês do rock experimental, que é fazer de ruídos uma espécie de hermetismo cool, quando na verdade se trata apenas de uma música ruim. Pouco mais da metade do disco segue essa proposta. Se dá bem quando busca criar e desbravar outras sonoridades. Como um cientista maluco, às vezes os experimentos dão certo, como “Wise Toad”, tão indescritível quanto boa. [PF]

NOTA: 6,0

mapsMAPS & ATLASES
You And Me In The Mountain
[Sargent House Records , 2008]

Este grupo de Chicago se enquadram no que estão chamando agora de Math-Rock, ao lado de bandas como The Battles. Na verdade, esta comparação pode estar um pouco equivocada. Oriundos da faculdade de arte de Columbia, o quarteto chamou atenção da mídia independente em 2006, quando o EP Tree, Swallows, Houses, lançado de forma independente se esgotou. Atualmente é injusto isolar o M&A num estilo esgotado como o Math Rock. Com um frescor pop, eles não têm a rigidez nos acordes nem são milimétricos nas guitarras e baterias. Claro, que sua música não traz nenhum arroubo, mas eles são apenas contidos como legítimos estudantes tímidos de arte. Todas as cinco faixas soam dançantes, com o vocal de Dave Davison soando um tanto desafinado de propósito. Os destaques são “Daily News” e “Artichokes”, músicas empolgantes tanto na melodia quanto no ritmo. Dá pra esperar ansioso pelo álbum, enfim. [PF]

NOTA: 7,0

RÁPIDO E RASTEIRO
Pela Equipe D’O Grito!

womenWOMEN
Women
[Flemish Eye, 2008]

A banda canadense aposta tudo em seu debut: experimentalismos, cabeçudisses, muita distorção e aqueles chatos solos de assopros e chiados. É clara a influência do Sonic Youth aqui, sendo que o Women pulou as etapas e foi logo para a parte em que tentam ser vanguarda.

NOTA: 5,5

autistaAZEVEDO SILVA
Autista
[Lástima, 2008]

Ainda existem bons intérpretes masculinos na música pop, é o que nos comprova o novo disco do português Azevedo Silva, guitarrista e vocalista do Madcab, em seu segundo trabalho solo. As lástimas às vezes apelam para um sentimentalismo óbvio demais nas letras, mas ainda assim delicado.

NOTA: 6,0

wild beastsWILD BEASTS
Limbo, Panto
[Domino, 2008]

Há sempre que se desconfiar de bandas que apostam tudo numa releitura retrô. O Wild Beasts, quarteto inglês tenta soar passadista até nos vocais, cheio de falsetes e afetação. Acerta por exagerar até o limite, numa clara ousadia musical.

NOTA: 6,5