Tiradentes assume inquietações do cinema indie
Mostra competitiva traz filmes voltados para experimentação. Novos filmes de Marcelo Lordello, Daniel Aragão e Gabriel Mascaro estão em competição
Por Alexandre Figueirôa
De Tiradentes (MG)
A Mostra de Cinema de Tiradentes é hoje, sem sombra de dúvidas, o evento mais instigante de difusão e debate do cinema brasileiro contemporâneo. Em sua 16ª edição, com o eixo temático “Fora do Centro”, serão exibidos, em sessões gratuitas, 131 filmes – 34 longas e 97 curtas – com a maioria deles realizados fora do eixo Rio – São Paulo. Nos longas a prevalência é de Minas, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Paraná e Bahia. O evento começou este final de semana e vai até o dia 28 deste mês.
A aposta dos organizadores da Mostra desde seu início foi a inovação, e os resultados estão começando a aparecer. Uma nova geração de realizadores criativos e originais encontram na histórica Tiradentes o espaço ideal para apresentar obras que se voltam para um cinema cuja motivação está voltada para a experimentação e o refinamento estético. Filmes que assumem as inquietações e desafios da produção independente e cujos autores mostram-se dispostos a cometer erros e acertos.
E isto pode ser conferido nos vários programas onde os filmes agrupados revelam as tendências formadoras de uma nova cartografia da produção nacional, fruto da significativas mudanças dos processos de realização. Processos estes que tem a ver tanto com as novas políticas de incentivo e financiamento quanto dos avanços tecnológicos promovidos pelos equipamentos digitais.
Outra marca fundamental da Mostra de Tiradentes é a riqueza dos debates realizados entre diretores e críticos. O que em outros festivais é apenas uma entrevista coletiva para jornalistas, em Tiradentes os cineastas e suas equipes tem a chance de discutir seus trabalhos com críticos, acadêmicos, pesquisadores, resultando num diálogo rico e vigoroso onde todos saem ganhando.
Entre os filmes pernambucanos presentes em Tiradentes temos os longas Eles Voltam, de Marcelo Lordello; Ferrolho, do paraibano Taciano Valério; Boa Sorte, Meu Amor, de Daniel Aragão; e Doméstica, de Gabriel Mascaro. Os curtas são Canção para Minha Irmã, de Pedro Severien; A Onda Traz, O Vento Leva, de Gabriel Mascaro; Orwo Forma, de Karen Black e Lia Letícia; O Ouvido de Vinicius, de Sérgio Oliveira e Ezequiel Perri; Porcos Raivosos, de Isabel Penoni e Leonardo Sette; Retrato, de Adelina Pontual; e Câmara Escura, de Marcelo Pedroso.
A Mostra competitiva prossegue até o sábado 26 e conta ainda com a realização de oficinas e seminários com destaque para Um Olhar para o Cinema Brasileiro, uma reflexão sobre a imagem do cinema brasileiro, em especial na Europa e América, e Fora de Centro – Estilos Cinematográficos, um debate em torno das novas narrativas e como os processos de produção atuais contribuem para as escolhas estilísticas dos cineastas contemporâneos.
* O jornalista viajou a convite do festival