Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos do século XX e XXI, faleceu hoje (23), aos 81 anos, em Paris. A confirmação da morte veio através das redes sociais do Instituto Terra, organização ambiental fundada por Salgado e Lélia Wanick Salgado, sua esposa, com quem teve dois filhos, Juliano e Rodrigo. A causa da morte não foi divulgada.
No comunicado, o instituto celebra o legado artístico e ativista de Salgado, e diz que ele “semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora.”

Nascido em Aimorés, interior de Minas Gerais, no dia 08 de fevereiro de 1944, Sebastião Salgado era formado em economia e tinha fotografia como hobby, especialmente quando viajava a trabalho, quando fotografava os locais que visitava. A partir de 1973 se tornou fotojornalista independente e ao longo da década passou por diversas agências, período no qual produziu um ensaio dos 100 primeiros dias do mandato de Ronald Reagan como presidente dos Estados Unidos, incluindo o atentado contra a vida de Reagan.
Ao longo de sua carreira, Salgado documentou com sensibilidade a condição humana em todo o mundo, especialmente em momentos de crise ou vulnerabilidade, abordagem que posteriormente também se estendeu à natureza. Desde as populações esquecidas da América Latina em Outras Américas (1986) – seu primeiro livro -, passando pelo registro do trabalho manual em Trabalhadores (1993) e pelas crises migratórias globais em Êxodos (2000).

Seu último trabalho publicado foi Aqua Mater: Sebastião Salgado, fotolivro composto por cerca de 50 fotografias tiradas em lugares no mundo em que a água se tornou uma questão pública. Antes disso, publicou Gold: mina de ouro Serra Pelada, livro com retratos do maior garimpo de ouro a céu aberto no mundo, que foi visitado e fotografado por Salgado em 1986, no Pará. Uma das imagens de Serra Pelada foi selecionada pelo New York Times como uma das 25 imagens que definem a modernidade desde 1955.
Além da fotografia, dedicou-se com vigor à causa ambiental. Em Minas Gerais, sua terra natal, criou com Lélia o Instituto Terra, um projeto de reflorestamento da Mata Atlântica que recuperou milhares de hectares de vegetação nativa e promove a educação ambiental de comunidades locais. Este compromisso com o planeta também se refletiu em colaborações com organizações como Médicos Sem Fronteiras, UNICEF, OMS e ACNUR.


