Morre Evandro Teixeira, destacado fotojornalista brasileiro, aos 88 anos

Fotojornalista que registrou momentos históricos da ditadura militar no Brasil faleceu no Rio de Janeiro

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Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil.

O fotojornalista Evandro Teixeira, um dos maiores nomes da fotografia documental brasileira, faleceu na manhã desta segunda-feira (4), aos 88 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado na Clínica São Vicente, na Gávea, onde tratava de complicações de uma pneumonia. De acordo com informações da instituição, a causa da morte foi falência múltipla de órgãos.

Nascido em Irajuba, no interior da Bahia, em 1935, Teixeira iniciou sua carreira jornalística em Salvador, no jornal Diário de Notícias, e logo transferiu-se para o Diário da Noite, no Rio de Janeiro. Em 1962, passou a integrar a equipe do Jornal do Brasil, onde permaneceu por 47 anos, até o encerramento das edições impressas do veículo, em 2010.

Ao longo de quase sete décadas de atuação, Evandro Teixeira se destacou pela cobertura de eventos históricos e políticos, especialmente durante o período da ditadura militar no Brasil. Em 1964, registrou a ocupação do Forte de Copacabana na madrugada do dia 1º de abril, logo após o início do regime militar, consolidando-se como o único fotógrafo a documentar a tomada do local pelos militares.

Também é de sua autoria uma série de imagens icônicas da época, incluindo a perseguição a estudantes durante a Sexta-Feira Sangrenta, em 1968, e a Passeata dos Cem Mil, no mesmo ano.

Teixeira também ganhou reconhecimento internacional por seu trabalho em 1973, quando esteve no Chile durante o golpe militar que instaurou a ditadura de Augusto Pinochet. Na ocasião, ele foi o único fotojornalista a registrar a morte do poeta chileno Pablo Neruda, capturando imagens do velório que se tornaram históricas.

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Enterro do poeta Pablo Neruda no Cemitério Geral de Santiago, Santiago, Chile. (Foto: Evandro Teixeira/Acervo IMS.)

Além das coberturas políticas, Evandro Teixeira fotografou figuras de destaque como Pelé e Ayrton Senna, além de eventos internacionais, como as visitas da Rainha Elizabeth II e do Papa João Paulo II ao Brasil. Seu acervo, composto por mais de 150 mil imagens, inclui uma importante produção autoral sobre Canudos e está presente em coleções de instituições culturais como o Museu de Arte de São Paulo (MASP), o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) e o Instituto Moreira Salles.

Em nota oficial, o Palácio do Planalto lamentou o falecimento de Teixeira. A declaração, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, destacou que “Evandro deixa um acervo de fotos que são parte da história do Brasil”. O velório do fotojornalista será realizado nesta terça-feira (5), das 9h às 12h, no Palácio Pedro Ernesto, sede da Câmara dos Vereadores, no Centro do Rio de Janeiro.

Evandro Teixeira deixa a esposa, Marli, com quem foi casado por 60 anos, duas filhas e três netas. Seu legado permanece como um importante registro visual da história brasileira e internacional, marcado pela documentação de momentos significativos do século XX.

Com informações da Agência Brasil.