Morre Fernando Monteiro, escritor, cineasta e poeta pernambucano, aos 75 anos

Escritor teve a morte confirmada nesta quarta-feira (12), e será sepultado nesta quinta (13), às 17h, no Cemitério de Santo Amaro

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(Reprodução/ Jornal Rascunho)

Morreu nesta quarta-feira (12) o escritor, crítico literário, poeta e cineasta pernambucano Fernando Monteiro. O velório do autor acontece nesta quinta-feira (13), às 14h30, no Cemitério de Santo Amaro, e o sepultamento está previsto para as 17h. A causa da morte não foi informada.

Fernando Monteiro nasceu no Recife em 1949. Formado em Ciências Sociais, estudou Cinematografia em Roma e iniciou a carreira nas artes na década de 1970 com o poema Memória do Mar Sublevado; durante o mesmo período escreveu a peça de teatro O Rei Póstumo, que rendeu um Prêmio Othon Bezerra de Melo, da Academia Pernambucana de Letras. No cinema, Monteiro produziu ao menos 15 documentários de curta-metragem, alguns dos quais foram reconhecidos por festivais de cinema internacionais.

A partir da década de 1990, passou a escrever romances e durante esta fase publicou seu livro mais conhecido Aspades, ETs, Etc, lançado em 1995 como uma celebração dos cem anos do cinema. Como romancista, Monteiro também escreveu A Cabeça no Fundo do Entulho, A Múmia do Rosto Dourado do Rio de Janeiro e O Grau Graumann (2002) e As Confissões de Lúcio (2006), dois volumes de uma trilogia que chegou a ser finalizada, mas que não teve seu último volume publicado. Nos anos 2010, voltou a escrever poemas e em 2013 lançou seu último romance, O Livro de Corintha, pela Cepe.

“Nós éramos de turmas bem distintas”, lembra Paulo Cunha, professor da Universidade Federal de Pernambuco e cineasta. “Fernando Monteiro era um pouco mais velho (seis, sete anos, o que naquela fase fazia muita diferença), vestia-se de maneira mais formal e era mais fechado. Já formado em Sociologia, tinha passado um tempo na Itália e gostava muito de westerns, Howard Hawks, Visconti. Já o bando à parte do Super-8 era formado por cabeludos, recém-chegados na Universidade (a maior parte na Universidade Católica de Pernambuco) e aprecidores de Glauber Rocha, chanchadas e Godard”, recorda. “Agora, com sua morte, sinto como foi ótimo ter convivido com Fernando Monteiro, que cobrava rigor e honestidade dos amigos.”

“Fernando Monteiro foi personagem do meu filme “Geração 65 aquela coisa toda” (Doc / 90′ / 2008 / Recife-PE), sobre esse movimento literário que marcou definitivamente a cena cultural de Pernambuco”, lembra a cineasta pernambucana Luci Alcântara. “Fernando, além das funções que exercia, arrasou com sua linda voz tanto nos depoimentos quanto como intérprete de suas poesias, abrilhantando meu documentário. Fiquei muito emocionada pela sua participação e muito orgulhosa por ele ter gostado do meu ensaio audiovisual. Dos 16 personagens participantes do ‘Núcleo Duro’ da G65, ele foi o décimo a nos deixar.”

O editor e jornalista Schneider Carpeggiani escreveu em seu Instagram sobre a morte de Monteiro, a quem chamou de herói. “Fernando sabia que a literatura é um flerte fatal e por isso acabou sendo apagado ao longo dos últimos 20 anos. Fernando denunciou os jogos de silenciamento do universo literário brasileiro”, disse. “Se ainda existir futuro, iremos ler Fernando Monteiro”,

Atualizado às 14h04 para incluir entrevistas com Luci Alcântara, Paulo Cunha, além de repercutir o depoimento de Schneider Carpeggiani.