O disco Moraes é Frevo reflete a relação do compositor, novo e eterno baiano, com Pernambuco e o frevo, relação construída e eternizada nas composições de Moraes que são cantadas até hoje. Lançado no dia 19 de janeiro, o álbum — idealizado por Pupillo, Davi e pelo produtor Marcelo Soares — é resultado desses pensamentos.
Na produção do disco, os maestros do frevo tomam espaço; Duda, Nilsinho Amarante, Spok e Henrique Albino dividem o espaço e interpretam os arranjos. Nos vocais, Lenine, Otto e UANA trazem o sotaque pernambucano e são acompanhados, também, por vozes de fora
A escola a que Davi se refere aparece em “Moraes é frevo” em diferentes gerações, nas figuras dos maestros Duda, Nilsinho Amarante, Spok e Henrique Albino, que dividem os arranjos do álbum. Representantes de Pernambuco também estão presentes na lista de cantores. Lenine, Otto e Uana sustentam o sotaque do estado, cujas fronteiras se ampliam na direção do restante do time de convidados: Céu, Agnes Nunes, Maria Rita, Moreno Veloso, Luiz Caldas e Criolo.
A relação de Moraes com o frevo e com Pernambuco tem raízes fundas e copa frondosa. O carnaval baiano do trio elétrico, invenção de Dodô e Osmar, nasce baseado no frevo relido pelo olhar de Salvador. E Moraes, quando pôs letra no frevo “Pombo correio” (já na época um sucesso do carnaval em sua versão instrumental), tornou-se o primeiro cantor dos trios, ajudando a redefinir a folia baiana.
“A chegada do frevo na Bahia repaginou o frevo de uma maneira geral, fez nascer o novo” — avalia Pupillo, ex-baterista da Nação Zumbi. — “E Moraes é pedra fundamental nessa transformação. A minha geração é formada nesse conceito, de pegar a tradição e jogar pra frente. Moraes foi um cara que fez isso.”
A capa do disco, uma arte assinada por Magoo Felix, sintetiza essa relação Bahia-Pernambuco que se dá em Moraes. Elementos clássicos como a sombrinha de frevo e o trio elétrico se unem na figura de Moraes, que flutua no espaço.
“Moraes é frevo” foi feito em três etapas. Na primeira, Davi (guitarra), Pupillo (bateria) e Kassin (baixo) gravaram juntos as bases. Em seguida, entravam os arranjos de sopros escritos pelos maestros pernambucanos. Por fim, os cantores convidados punham suas vozes.
Faixas
Sob a batuta de maestros como Nilsinho e Spok, a coletânea une os artistas. “Pernambuco meu” abre o álbum na voz de Lenine, revelando a fusão da Bahia e Pernambuco, enquanto “Festa do Interior” ganha nova vida na voz de Maria Rita. Criolo, sob a direção de Spok, reinventa “Preta Pretinha”. A colaboração entre Davi e Moreno Veloso em “Todo Mundo Quer” se destaca pela inventividade, enquanto “Guitarra Baiana” encerra a jornada com a voz emotiva de Moraes, acompanhada pela guitarra de Davi.