Mestre Biloco, renomado artista da cena cultural de Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, comemora 80 anos neste sábado (23). Além da comemoração de seu aniversário, o artista também gravará, ao vivo, seu primeiro disco de ciranda.
Devidamente uniformizado e trajado com as roupas que remetem a Lampião, o mestre fará um baile de gala da cultura popular pernambucana e goianense. A programação é gratuita, e tem início às 21h no terreiro da casa de Mestre Biloco, na rua Rio, nº 91 – Centro/ Goiana
No palco montado em frente de casa, Mestre Biloco receberá dois importantes artistas da região: Anderson Miguel e a Ciranda Raiz da Mata Norte, de Nazaré da Mata; e Carlos Antônio e a Ciranda da Flor, da cidade de Itaquitinga.
Mestre Biloco é autodidata
Severino Feliciano da Silva é um artista autodidata. Cresceu observando o talento do seu irmão, ainda criança. Foi ele quem o inspirou a tocar, sozinho, o trombone. Sua trajetória na cultura popular teve início em 1971, com a criação da “Ciranda dos Cangaceiros”, um dos seus importantes brinquedos, que mantém há 52 anos, animando festas, eventos e festivais da cidade e região.
Inclusive, no Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC), da Ciranda, produzido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi atestado que o único mestre que ainda usa “apito” para começar a cirandar e faz questão que sua ciranda tenha a resposta; ele canta e outra pessoa repete.
A apresentação, no formato do coco de roda do litoral, com estrofes curtas e muitas vezes repetidas, diferente da contação de história de outras mestras e mestres, traz um formato exclusivo dele, e singular na cena atual da ciranda pernambucana, com traços de tradições já não mais praticadas.
Além do pé na cultura popular, Mestre Biloco também tem uma orquestra de frevo para chamar de sua, se é que assim podemos dizer. Incansável, ele está sempre presente em todos os ciclos culturais goianense. Também está entre o único remanescente da cultura do Estado a possuir uma Aruenda, folguedo presente, principalmente no ciclo carnavalesco, que surgiu durante o ciclo do açúcar entre os séculos XVI e XVIII, no nordeste brasileiro na época da colonização portuguesa.