NO PLAY, 2014
Simbora conhecer os melhores discos de 2014, brasileiros e estrangeiros
Pela Equipe da Revista O Grito!
Especial Melhores do Ano
Top 50 Músicas de 2014
Top 20 Filmes de 2014
Os discos gringos que você não ouviu
40
HOW TO DRESS WELL – What Is This Heart?
Em seu terceiro disco, What Is This Heart?, o How To Dress Well retoma o que podemos chamar de “pop de vanguarda”, com um som tão triste quanto reflexivo, cheio de interferências eletrônicas, texturas e, o mais importante no caso dele, uma interpretação carregada de drama. É um trabalho que se assume em seu melodrama sem medo ou culpa. – Paulo Floro.
39
FATIMA AL QADIRI – Asiatisch
O novo trabalho de Fatima Al Qadiri, um dos novos nomes da música eletrônica atual, vai de encontro a quem tenta colar uma determinada estética baseado nas origens do autor. Fatima, que também é artista plástica, imaginou um trabalho conceitual sobre a Ásia. Em seu universo apocalíptico ela explorou um lado menos exótico do continente e trouxe texturas gélidas para expor diferentes realidades da região. Em todas as músicas há um tom tenso, como um jogo de videogame em fase final, deixando o ouvinte alerta o tempo inteiro. – Paulo Floro.
38
PARQUET COURTS – Sunbathing Animals
Com guitarras e baterias aceleradas em músicas que dificilmente chegam aos três minutos de duração, a banda mostra evolução em relação ao elogiado trabalho de estreia, Light Up Gold. Sunbathing Animal é a banda de garagem que parece preencher um espaço que sempre estará disponível dentro do rock, não importa a época. Eles cumprem esse feito com maestria, sem precisar fazer muitas odes ao passado (2012). – Paulo Floro
37
SILVA – Vista Pro Mar
Em Vista Pro Mar, Silva trouxe a atmosfera idílica para pensar sobre a vida, erros, percalços e decisões futuras. O disco é permeado por ondas sonoras que relembram o barulho do mar e ruídos praianos, convidando o ouvinte a prazerosos momentos de dipersão. A fofurice das letras e a melodia animada conferem ao disco um tom positivo, mas o que fica claro aqui é o crescimento do músico como artista pop. É possível ver que Silva assumiu com vigor o desafio imposto de expectativa da cena nacional. Destaque especial para “Janeiro” e “Universo”, duas músicas que fazem o mais sorumbático dos cidadãos levantar da cadeira.
36
MAC DEMARCO – Salad Days
Mas, se por um lado Demarco ostenta essa atitude estranha, de garoto outsider do colégio, sua música traz uma sonoridade que não tem nada de revisionista. Usando a imaturidade a seu favor, ele se apropria de referências que vão de John Lennon a psicodelia para criar faixas como “Brother” (tristíssima, uma das melhores do disco) ou “Treat Her Better”. – Paulo Floro
35
WARPAINT – Warpaint
O Warpaint soube aproveitar bem a produção sofisticada neste novo trabalho que se afasta bastante do início da banda. Nosso review: “Neste segundo trabalho, o grupo mostrou que segue como time de primeira linha nessa turma ao mostrar um disco complexo, com bom equilíbrio de minimalismo experimental e batidas cheias de peso. Segundo a vocalista Emily Kokal, o disco teve influência do hip hop, se afastando mais do rock e apostando mais em bases cheias de peso para criar um ambiente mais sensual e com mais ritmo.” – PF.
34
PATO FU – Não Pare Para Pensar
Se formos representar graficamente a carreira do Pato Fu, o gráfico seria uma reta de crescimento contínuo, repleto de experiências inovadoras e para lá de cativantes. Não é diferente com Não Pare Para Pensar. Mais elétrico, utilizando colagens eletrônicas e guitarras fortes, o disco flerta com o trip-hop, mas vagueia por diversos ritmos e tendências musicais, com uma notória exploração dos trabalhos anteriores do grupo como em “Ninguém mexe com o diabo” e “Siga mesmo no escuro”. Experientes, seguros e concisos, o disco é o reflexo do crescimento contínuo, mesclando autocontrole com experimento, sem soar pedante. Simples, leve e inovador. – Fernando de Albuquerque.
33
ARCA – Xen
O produtor venezuelano Arca apostou em uma eletrônica sorumbática, pesada e cheia de batidas desconstruídas para o disco conceitual Xen. Nome mais promissor da cena nos últimos anos, ele criou uma persona digital sem gênero definido, amórfica, fria, distante como forma de refletir sobre identidade e representação de nossa personalidade nos dias atuais. – Paulo Floro.
32
PERFECT PUSSY – Say Yes To Love
O Perfect Pussy foi um dos destaques no rock este ano com um disco direto nas intenções e pesado nos arranjos. Do nosso review: “A banda Perfect Pussy não é o que se pode chamar de uma banda de garotas, mas o maior apelo do grupo é sua vocalista Meredith Graves. O disco de estreia Say Yes To Love, lançado este ano traz os vocais raivosos que ecoam a passividade de grupos punks que tratam de temas pessoais. Amor, obsessão, desejo e outros temas confessionais aparecem no álbum, que consegue prender a atenção do ouvinte de maneira muito rápida em seus curtíssimos 23 minutos.” – Paulo Floro.
31
ANELIS ASSUMPÇÃO – Amigos Imaginários
Anelis Assumpção chegou ao seu segundo disco com uma maior segurança e domínio de suas referências, que não são poucas. Para um disco com uma explosão tão grande de ritmos ela contou com um time de primeira linha na música brasileira hoje, como Céu e Ava Rocha. Para completar, as letras de Amigos Imaginários estão entre as mais inusitadas e instigantes dos discos nacionais deste ano. – Paulo Floro.
30
FAR FROM ALASKA – modeHuman
O Far From Alaska, de Natal, foi uma das grandes surpresas do rock brasileiro este ano. De nosso review: “O grupo também soube se vender bem neste disco de estreia, modHuman, que sai pela gravadora Deck. Eles pensaram em um conceito do androide que tenta entender o ser humano através da música. E claro, na imaginação da banda, esse entendimento vem sob riffs pesadíssimos”. -Paulo Floro
29
THIAGO PETHIT – Rock’n Roll Sugar Darling
A principal marca de grandes artistas é a possibilidade de criar em torno de suas obras um universo totalmente seu, onírico em suas medidas. Essa é a principal marca de Thiago Pethit. Um artista completo. Incomparável. Indissolúvel. Em Rock’n Roll Sugar Darling estão claras referências à Lou Reed, Bowie materializadas em versos sujos, desilusões amorosas, um certo quê de luxúria. Tudo acompanhado por um som eletrizante, dançante e reflexivo. O disco é de um som “afetado, safado, cretino” como o próprio cantor resumiu em entrevista na época do seu lançamento. – Fernando de Albuquerque.
28
JAM DA SILVA – Nord
O percussionista Jam da Silva demorou cinco anos para criar este seu segundo trabalho, Nord, um álbum que trafega pelos ambientes conceituais bem distintos – o Nordeste brasileiro e a gélida região nórdica. Bem diferente de seu trabalho anterior, Jam mostrou sua capacidade para explorar terrenos férteis em boa música, não importa onde eles estejam. – Paulo Floro
27
CRIOLO – Convoque Seu Buda
Em um espaço curto de dois anos, Criolo tornou-se este artista que ocupou um espaço vazio de ídolo controverso e idolatrado. Convoque Seu Buda é sua tentativa de dialogar com um público mais amplo. Nosso review: “É um trabalho bem acima da média tanto no gênero quanto no panorama pop brasileiro hoje. Convoque Seu Buda não foge das questões sociais tão caras à Criolo, como quando ele fala sobre o crack de forma bem delicada, mas direta, em “Casa de Papelão”, mas aponta para novas temáticas como forma de dialogar com um público mais amplo.” – Paulo Floro
26
WILD BEASTS – Present Tense
O Wild Beasts conseguiu burilar a própria personalidade como forma de encontrar um espaço particular dentro da música pop. Do nosso review: “É interessante ver um grupo como o Wild Beasts evoluir em sua idiossincrasia, se afastando do lugar-comum do indie-pop de onde se fizeram conhecidos, para apostar em um tipo de som mais inovador, mas também arriscado. Present Tense, por isso, se torna um disco que não poderia ter sido feito por mais ninguém além deles”. – Paulo Floro
25
ANGEL OLSEN – Burn Your Fire For No Witness
Burn Your Fire for No Witness é o segundo trabalho do Angel Olsen. Bastante soturno e melancólico, o disco canta fim de amores, separação, saudade e perda em um lirismo niilista da melhor qualidade. A beleza do disco não está somente na dor cantada em cada verso, mas na forma como os acordes e rifes são puxados das guitarras e do baixo… movimentos instrumentais de verdadeira conquista. – Fernando de Albuquerque.
24
ANA TIJOUX – Vengo
Quarto álbum da rapper franco-chilena, Vengo não traz nenhum sampler (tudo foi gravado em estúdio), e tem como fico a busca de Anita por suas origens. Tijoux faz uma mistura feliz de hip hop, música andina e outros ritmos latino-americanos em letras que falam também sobre pós-colonialismo, capitalismo e feminismo. O álbum conta ainda com a participação da rapper palestina Shadia Mansour em “Somos Sur” e do MC chileno Hordatoj em “Somos Todos Erroristas”. – Renata Arruda
23
PERFUME GENIUS – Too Bright
Mike Hadreas segue discutindo questões de gênero, orientação sexual, descobertas interiores neste novo disco, Too Bright. A estética do músico se manteve intacta com muito glamour, glitter e uma dose dramática quase exagerada. A grande diferença desta vez foi o maior peso que ele colocou nos arranjos, o que conferiu ao disco um tom mais incisivo que seus trabalhos anteriores, marcados pela melancolia.
22
HUNDRED WATERS – The Moon Rang Like A Bell
Melancólico, o Hundred Waters pescou referências de diversos momentos do pop, mas soube mostrar personalidade neste segundo trabalho. Do nosso review: “Depois da estreia em 2012, onde já afirmaram seu interesse em propor desconstruções no folk-rock e na música eletrônica, eles retornam neste segundo e mais bem coeso disco. Com a voz tipo angelical de Nicole Miglis, o grupo oscila entre passagens calmas, com loops de piano (“Broken Blue”), para momentos de tensão e desespero (“Cavity”). Tudo ajudado por uma produção impecável, que não deixa uma única batida ou acorde fora do lugar.” – Paulo Floro
21
APHEX TWIN – Syro
Tido como “gênio”, o produtor Richard D. James retornou com um novo trabalho após 13 anos. Do nosso review: “Syro chega brincando com o “minimalismo pretensioso” desde a capa. O nome das faixas parece uma espécie de versões inacabadas de projetos salvos no Ableton Live, o software queridinho dos DJs. “XMAS_EVET10 (thanaton3 mix)”, “4 bit 9d epi+e+6”, “syro u473t8+e (piezoluminescence mix)” e “s950tx16wasr10 (earth portal mix)” são exemplos. Como Brian Eno nos anos 70 e 80, especialmente, que definiu as bases da música eletrônica “ambient”, Richard D. James pega todo esse background e leva a outro nível: sua “missão” desde os primeiros trabalhos, com mais ou menos sucesso.” – Maurício Angelo
20
GROUPER – Ruins
Trafegando em terrenos lúgubres do ambient e psicodelia, a artista norte-americana Elizabeth Harris criou um dos trabalhos mais emocionantes do ano. A verdade do trabalho fica presente em cada faixa e serviu como um expurgo de dilemas pessoais de Elizabeth. Ruins foi feito em Portugal, em uma espécie de retiro na cidade de Aljezur. Segundo ela esse isolamento serviu para processar anos de “raiva política” e “lixo emocional” acumulado. É um disco bem pessoal, pesado, mas ao final, serve como alento de que tudo pode ser superado. – Paulo Floro.
19
FLYING LOTUS – You’re Dead
Conhecido por sua música experimental que aponta em diversas direções que vão do jazz ao hip hop, o Flying Lotus criou seu trabalho mais acessível em anos com esse You’re Dead. O disco fala da morte, mas busca tirar todo o melodrama em volta do tema para fazer uma reflexão desencantada desse assunto que atinge todo mundo. O trabalho contou com participações de Kendrick Lamar, Snoop Dogg e Herbie Hancock. – Paulo Floro
18
ARIEL PINK – Pom Pom
O norte-americano Ariel Pink tornou-se um dos artitas mais superestimados dos últimos anos, ganando a pecha de “gênio” incompreendido do pop. Não é para menos. Sua música traz um sentimento de estranheza que faz com que qualquer ouvinte busque uma opinião sobre seu trabalho. Para quem não conseguir ficar indiferente e mergulhar na proposta artística do músico a descoberta é prazerosa. Pom Pom é um disco que abusa de efeitos para criar uma narrativa nonsense sobre temas do cotidiano de uma pessoa comum. – Paulo Floro
17
WHITE LUNG – Deep Fantasy
O ano de 2014 foi prolífico tanto para o punk quanto para a presença feminina no rock. Nosso review: “Deep Fantasy, o terceiro disco dos canadenses do White Lung é uma peça que honra os méritos conquistados pelo punk-rock até aqui. Ser conciso, direto e, sobretudo, rápido. O trabalho é um dos mais impressionantes do gênero por conseguir se ater à quintessência do estilo que escolheram, mas ao mesmo tempo trazer novidades que desafiam os clichês adquiridos.” – Paulo Floro
16
ALVVAYS – Alvvays
Os novatos da banda Alvvays lançaram seu primeiro disco auto intitulado em agosto e já despontam como um dos destaques do cenário indie rock de 2014. Com um disco repleto de batidas lo-fi, eles apresentam um trabalho consistente que busca uma harmonia entre as guitarras e a voz de Molly Rankin. De uma maneira geral, não há grande ousadia. Porém, esse trajeto quase monótono entre as músicas pode surpreender os ouvintes pelo trabalho conciso que busca executar com afinco a cartilha do indie-pop dos ano 80 e 90. Alvvays não precisou ir além do horizonte do óbvio para ter um trabalho satisfatório. Esse é um disco que se valoriza pelo que é: algo simples que serve para aquietar os ânimos e relaxar observando o fim da festa. – Josafá Santana
15
DJ DODGER STADIUM – Friend Of Mine
A dupla de produtores Jerome LOL e Samo Sound Boy conseguiram dar uma revigorada no house music este ano. Do nosso review: “Mesmo sem a ousadia ou a sofisticação que a música eletrônica vem demonstrando nos últimos anos, DJ Dodger Stadium conseguiu fazer um dos melhores discos do gênero apenas reprocessando uma cartilha básico um tanto esquecida. O resultado é um disco tão revigorante que acaba servindo como um estatuto da experiência primordial do house: dançar, dançar, sem muito a se contemplar ou refletir”. – Paulo Floro
14
FUTURE ISLANDS – Singles
Singles é o quarto trabalho do Future Island, que tem no currículo diversas músicas bem compostas e melodiosas. O disco é repleto de hits e músicas que ficam na cabeça quase que instantaneamente e que possuem uma aura dos anos 80 nas batidas, guitarras, sintetizadores e teclados – estes últimos, marcam cada uma das composições com uma sensível camada sonora. Melancólico e romântico, o disco fala de amor e família sem pieguismo, mas com uma puxada pop, sem cair nas manipulações tradicionais e descartáveis do gênero. – Fernando de Albuquerque.
13
THE WAR ON DRUGS – Lost In The Dream
Intitulado Lost In The Dream, o terceiro álbum do The War On Drugs é uma colcha de retalhos de influências. Folk, Blues, Country e certo “impressionismo” musical marcam a exploração do existencialismo nas 10 faixas ao longo do disco. Longas “pausas” instrumentais com guitarras em camadas ditam a harmonia de todo o disco que compila uma sonoridade que trafega entre o sonho e uma road trip de volta pra casa. Adam Granduciel é o líder e compositor da maioria das faixas. A estranha semelhança de seus vocais à Bob Dylan faz o ouvinte viajar nos versos que aclamam uma solidão feroz, o afastamento do outro. Cada faixa há o ruminar o fato de estar sozinho entre outros diversos problemas emocionais. – Fernando de Albuquerque.
12
SHABAZZ PALACES – Lese Majesty
A dupla Shabazz Palaces nunca optou pelo caminho fácil. O mesmo aconteceu com esse disco, um dos mais enigmáticos e experimentais do hip hop em 2014. Do nosso review: “Eles chegam neste segundo álbum ainda herméticos e revelando muito pouco ao seu público, o que só aumenta a aura de opulência que querem firmar. Lese Majesty é um convite para uma espiral de beats que capturam o ouvinte em uma atmosfera que bloqueia qualquer dispersão.” – Paulo Floro
11
CARIBOU – Our Love
Em seu disco mais acessível, o músico canadense Caribou (nome artístico de Dan Snaith) fez um trabalho mais pessoal e reflexivo, com letras sobre amadurecimento e relacionamentos. Nas batidas ele decidiu criar um ambiente bem confortável ao ouvinte, buscando uma imersão para tratar de temas aparentemente clichês como o amor e amizade. Mas Snaith não decepcionou os fãs e trouxe inventividades a cada faixa, ainda que tenha segurado a mão no seu lado mais experimental como produtor. – Paulo Floro
10
JUÇARA MARÇAL – Encarnado
Estreia solo de Juçara Marçal em vinte anos de carreira, Encarnado apresenta uma nova faceta da intérprete, em um trabalho que tem a morte como fio condutor. Entre regravações e canções inéditas de compositores como Rômulo Fróes e Kiko Dinucci, Juçara apresenta a vinheta “Odoya”, composta por ela mesma, que serve de introdução para a pungente “Ciranda do Aborto”, de Dinucci. Ao contrário de outras intérpretes, a voz de Juçara é parte ativa da criação e peça fundamental para que as composições atinjam outro patamar, quase cortando o ouvinte feito navalha. – Renata Arruda
09
SPOON – They Want My Soul
Em mais um disco, o Spoon provou ser uma das bandas mais consistentes do rock atual. Do nosso review: “They Want My Soul é o retrato perfeito de uma banda tão diversificada. A primeira metade é sintomática em desvendar isso: a abertura com “Rent I Pay” é rock clássico e na medida sem jamais soar datado e como mera emulação, “Inside Out” é um devaneio etéreo-psicodélico, sem dúvida marcando a presença do produtor Dave Fridmann, responsável por participar de muito do que o Flaming Lips e o Mercury Rev fizeram (sem falar em Spaklerhorse, Low, etc)”. – Maurício Angelo
08
FREDDIE GIBBS & MADLIB – Piñata
Com Piñata, a dupla Freddie Gibbs e Madlib promovem a fusão do hip hop com jazz, eletrônica, além de incluir samplers e remixes que conferem um tom nostálgico em algumas passagens. Com 17 faixas e pouco mais de uma hora de música, Piñata é monumental em sua proposta de desconstruir o chamado “Gangsta Rap”. Além disso conta com o primeiro time do rap independente, como Earl Sweatshirt, Danny Brown, Domo Genesis, Scarface, Ab-Soul, Casey Veggies e Mac Miller. O álbum entra em nossa lista de melhores como um dos discos mais provocativos do ano: controverso em seu discurso, violento no texto e inventivo nas batidas e nas construções dos arranjos. – Paulo Floro.
07
SWANS – To Be Kind
Swans, banda que está na vanguarda do rock atual, resolveu falar de amor neste seu novo disco. O nosso review: “Com duas horas de duração, o disco consegue envolver o ouvinte em uma tomada angustiada, que caminha para uma catarse em sons pulsantes sobre morte, sexo, drogas, fim dos tempos e amor. Essas emoções estão condensadas em uma espiral de negatividade, é verdade, mas transparece no disco uma proposta de levar o ouvinte aos extremos de tais sentimentos. E se o Swans, que sempre foi ligado a momentos de desespero, vem falar de amor, esse amor vai sempre nos extremos. E se relaciona não só ao mais óbvio, como o relacionamento conjugal, mas também em relação a si mesmo e à liberdade.” – Paulo Floro
06
SHARON VAN ETTEN – Are We There
Lana Del Rey e Lord deram certa afetação à tristeza logo quando apareceram. Sharon Van Etten, que tem bem mais tempo de estrada que elas, parece referendar essa escolha em Are We There. Ao longo do disco percebe-se uma certa economia instrumental e um privilégio dos versos e de suas lamúrias. A dor e as emoções de Sharon são tão sinceras que cativam o ouvinte desde o primeiro instante, sem necessidade de explicações ou pretextos. Para ela sofre-se e pronto. O céu está cinza, por estar. Ela mixa suas melancólias cotidianas às guitarras bem executadas do seu excelente quarto disco. – Fernando de Albuquerque.
05
ST. VINCENT – St. Vincent
O autointitulado quarto álbum da cultuada compositora norte-americana – que também atende pelo nome de Annie Clark – parece indicar uma nova fase na carreira da cantora indie. Flertando com o pop e o rock, St. Vincent é seu álbum mais acessível e os fãs brasileiros poderão conferir ao vivo no ano que vem, durante a passagem de Annie Clark pelo Lollapalooza 2015 – Renata Arruda.
04
MOMBOJÓ – Alexandre
Não resta dúvida que Alexandre foi um dos melhores lançamentos do ano. Suas canções trazem letras bem construídas onde se mesclam inquietações com a ordem mercantil do mundo – “Me Encantei por Rosário” – palavras contra o conformismo – “Diz o Leão” e “Rebuliço” – e a poesia das coisas singelas como esse verso de “Hortelã”: “ouço a chuva cair, trazendo amostras do céu”. Tudo isso acompanhado por melodias inspiradas e uma sonoridade envolvente. – Alexandre Figueirôa
03
FKA TWIGS – LP1
Quando um artista como FKA twigs surge no cenário com um trabalho carregado de pretensão artística, o sentimento é primeiro de estranhamento, seguido de desconfiança, mas o resultado final muitas vezes desemboca em uma descoberta reveladora, instigante. É a prova que todos os gêneros da música ainda podem ser explorados para gerar produtos ousados como esse. Do nosso review: “LP1 pode ser encarado como um disco experimental de R&B, mas vai bem além. Usando a voz aguda e etérea da cantora como base, o álbum monta batidas desconstruídas em compasso com arranjos de métricas precisas. A orquestração dá o tom na interpretação das faixas.” – Paulo Floro.
02
LUCAS SANTTANA – Sobre Dias e Noites
Lucas Santtana fez um disco conceitual sobre o mundo acelerado dos dias atuais. Com um conjunto de arranjos diversificados que apontam para diversos gêneros ele aparece como um dos artistas brasileiros mais conectados com as tendências pop atuais. Nosso review: “Sobre Noites e Dias é um disco que soa como uma ruptura dentro do som de Lucas, que sai de uma proposta pop com inspiração tropicalista para beber em fontes mais contemporâneas. Ainda que o trabalho ainda tenho algum apelo da MPB mais tradicional, como “Mariazinha Morena Clara” e sua levada de frevo, o disco aponta caminhos mais ousados para o músico.” – Paulo Floro
01
RUN THE JEWELS – Run The Jewels 2
A dupla Killer Mike e El-P estão hoje na dianteira da inovação no hip hop. Com um discurso explosivo que trata de questões raciais, capitalismo e sociedade da informação, eles trazem uma problematização que não é comum de se verificar no rap, de hoje ou de antes. Tudo isso vem embalado em batidas pesadas, que exploram fronteiras da eletrônica e rock. O que escrevemos sobre o disco: “A proposta dos dois segue intacta e se fundamenta na química que existe entre o mix poderoso de rima e vocais de Mike e o desejo de El-P de propor batidas e uma produção sem indulgências. Tudo parece ser feito para forçar a barreira criada dentro do hip hop para fazê-lo palatável às grandes audiências. O Run The Jewels quer tornar o gênero novamente controverso na forma e na linguagem, além de apontar novos caminhos.” – Paulo Floro