Num ano de tantos lançamentos, festivais e mostras, colaboradores, críticos e jornalistas especializados fazem a triagem do que melhor aconteceu em 2007 nos cinemas. O GRITO! agradeçe a todos que enviaram suas listas pessoais de melhores filmes e comentários.
LUIZ JOAQUIM
[Colunista da Folha de Pernambuco e editor do site Cinema Escrito]
Tropa de Elite – Goste ou não, o filme de José Padilha marcou 2007; foi não só a maior bilheteria entre os nacionais, como virou febre entre os piratas e suscitou as mais diversas discussões fora do âmbito cinematográfico. Também criou gírias – “pede pra sair!” – que devem ficar. O Oscar de 2009 o aguarda.
Santiago: Reflexões Sobre o Material Bruto – João Moreira Salles nem pensavam em lançá-lo comercialmente. Para nossa sorte, quando exibido pela primeira vez ao público, no festival internacional de documentário Cinéma du Réel, na França, e depois em Amsterdã, a criação mostrou a seu criador que ali existia uma pérola sobre humildade, perserverança humana e metalinguagem cinematográfica.
Borat – E o britânico Sasha Baron Cohen ficou mundialmente famoso com sua bisonha sunga de banho verde. O “glorioso repórter do Kazaquistão” humilhou descaradamente a cultura do Tio Sam e fez o resto do mundo rir com ele. Resultado, um tonelada de processos judicial e as portas abertas da hollywoodland para ele.
O Amor em 5 Tempos – François Ozon nos deu seu mais maduro filme. Desdobrou pelo inverso o percurso feito por um amor com tanta elegância e sobriedade que não deixou nenhum espectador impune do sofrimento, nos forçando rever nossos próprios descaminhos num relacionamento.
Amantes Constantes – Philippe Garrel criou um mundo paralelo em preto e branco de textura absolutamente hipnótica, no qual o cenário é a Paris de 1968 e o personagens são jovens entre a indignação e a inércia. Mezzo-histórico, mezzo-romance, “Amantes…” é de uma melancolia profunda quando mostra que vivemos sobre um certa indefinição constante a respeito do que está e do que não está ao nosso alcance. Lindo.
Baixio das Bestas – Claudão Assis deu uma nova marretada na cabeça do dormente espectador brasileiro. Nos mostrou que do meio da explícita violência física e psicológica entre os vermes numa Zona da Mata pernambucana podemos produzir um filme que se aproxima de outras grandes importantes obras do cinema mundial. Resultado, respeito e prêmios em Roterdã.
Possuídos – Ninguém conseguia entender com o septuagenário Willian Friedken (ele mesmo, que deu ao mundo ‘O Exorcista’ há quase 40 anos) ainda conseguia perturbar com tanto desenvoltura e segurança cinematográfica, nos sugando para uma trama claustrofóbica. Um mergulho de cabeça no assunto solidão, com Ashley Judd em um papel digno, nunca tão bem interpretado pela moça.
Cão sem Dono – Em janeiro, em Tiradentes (MG), Beto Brant foi eleito melhor diretor brasileiro dos últimos 10 anos. E ‘Cão sem Dono’ nem havia sido lançado comercialmente. De uma crueza impar para contar uma história de amor, Brant suga o melhor de seus atores criando um ambiente tão naturalista que fica difícil saber o que foi planejado e o que entrou no filme pela beleza poética que um câmera capta pelo seu poder autônomo de registrar a vida.
Maria – Abel Ferrara abriu a sessão de arte do Cine Rosa e Silva. O melhor cartão de apresentação que a sala podia oferecer. O enfant-terrible de Nova Iorque surpreendeu a todos com esse ácido petardo sobre o cinismo da mídia em um contraste brutal com a pureza da fé, independente da instituição ‘religião’. Interpretações lindas e comoventes ajudaram ainda mais na desgustão dessa peça rara do cinema norte-americano.
Algo Como a Felicidade – Árido e humano como só algumas produções do Leste Européu consegeuem representar. Este veio da república Tcheca; no Recife passou apenas em 7 sessões. Mosta a penúria social e pessoal de uma comunidade num prédio pobre, acorrentada às dificuldades que aparentam não ter fim e onde, mesmo assim, ainda se vislumbra espasmos de felicidade.
AUGUSTO PAULO GONÇALVES
[Redator do site Adoro Cinema]
1. Batismo de Sangue
2. Leões e Cordeiros
3. Piaf – Um Hino Ao Amor
4. A Rainha
5. O Último Rei da Escócia
6. Tropa de Elite
7. Ratatouille
8. Notas Sobre Um Escândalo
9. A Maldição da Flor Dourada
10. Fantasmas de Abu Ghraib
JOÃO CÂNDIDO ZACHARIAS
[Redator do site Filme B]
1. Jogo de Cena
2. Maria Antonieta
3. Ratatouille
4. Em Busca da Vida
5. Possuídosn
6. Medos Privados em Lugares Públicos
7. Ligeiramente Grávidos
8. Novo Mundo
9. Apocalypto
10. A conquista da Honra
2007 foi um ano com uma quantidade acima da média de filmes que me tiraram do chão. Por isso, resolvi deixar de lado os filmes vistos em mostras e festivais e me ater a filmes que entraram em cartaz. Senão, acabaria tendo que escolher dez de uma lista de 20, 25 filmes incríveis, o que seria um sacrifício. Deixo portanto os títulos que só passaram em festivais pras listas dos anos em que eles estrearem.
BRUNO REIS
[Redator do site Outernative]
1 – Zodíaco
Conhecido por seu trabalho sempre inovador e livre de limites, Fincher desta vez se coloca como espectador de uma história de tirar o fôlego. Um filme longo, mas que mal sentimos passar. Destaque para o roteiro sem furos, a atuaçâo inspirada de Robert Downey Jr. e a composição perfeita dos anos 70. Filmaço.
2 – Não Por Acaso
A sensibilidade demonstrada por Barcinski na hora de compôr os ângulos que nos inserem no filme é tão aflorada quanto a própria história. Quem dera se tivéssesmos no Brasil mais cineastas que se prestam a contar casos com os quais conseguimos nos identificar. Não Por Acaso é, acima de tudo, um filme bonito de morrer.
3 – Ratatouille
Faz tempo que animação em cinema perdeu a pecha de “filme infantil”. Ratatouille é mais uma prova disso. Um roteiro adulto, cheio de idéias que funcionam muito bem e conflitos psicológicos que muitos filmes ditos sérios não conseguem abordar com correção. Brad Bird faz tudo isso e ainda diverte, e muito, seu espectador.
4 – O Ultimato Bourne
Chave de ouro para fechar uma das trilogias mais interessantes dos últimos tempos. É palpável o crescimento do personagem Jason Bourne ao longo dos três filmes, e em O Ultimato Bourne Greengrass chega próximo da perfeição na arte de filmar ação. É o filme ideal para mudar a concepção daqueles que ainda torcem o nariz ao ouvir falar do gênero.
5 – A Rainha
Stephen Frears faz um retrato comovente da rainha da Inglaterra em um período de turbulências para a família real. Helen Mirren em atuação destacada ao praticamente incorporar Elizabeth II, um roteiro inteligente e a sensação de que estamos dentro da mais importante família européia. Isso é A Rainha.
6 – Os Simpsons – O Filme
O que falar de um episódio da melhor série animada da história que dura uma hora e meia, sem perder o pique e com uma história deliciosa, cheia de detalhes e piadas aqui e ali que não nos deixam parar de rir? Para quem gosta do seriado, é um verdadeiro deleite. Para quem não gosta (alguém não gosta?), trata-se de uma ótima animação de comédia.
7 – Hairspray – Em Busca da Fama
Os musicais costumam ser vistos com certa desconfiança pelas pessoas. Uns taxam de chato, outros preferem um filminho de terror com bastante sangue. Mas Hairspray diverte com as músicas e com as atuações de Nikki Blonsky e John Travolta, e ainda vai ao tema social, neste caso o preconceito racial, com graves e agudos.
8 – Mais Estranho Que a Ficção
Will Ferrell em personagem sério? Difícil acreditar que ficaria tão bom. É claro que faz diferença o filme ter ficado nas mãos do talentoso Marc Forster. Além disso, uma história com um mote bacana desses não é fácil estragar. Destaque para a atuação comovente de Farrell e para o diretor e os grafismos usados por ele para nos mostrar o que se passava na cabeça do protagonista.
9 – Ligeiramente Grávidos
Depois de fazer filmes engraçados mas abestalhados como O Virgem de 40 Anos, Apatow resolveu tirar um pouquinho o pé nas piadas nojentas e investir um pouco mais na comédia suave. E mais: o diretor e roteirista soube usar muito bem seu ator principal, Seth Rogen, e deu sensibilidade e leveza pra fita com a história de amor entre Ben e Alison.
10 – À Procura da Felicidade
Se tem um filme capaz de fazer as pessoas chorarem rios desgovernados, é exatamente este. Baseado em uma história real, o longa de Muccino é tão sensível, tão emocionante, que até o Will Smith conseguiu se sair bem. Brincadeiras à parte, a química dele com seu próprio filho em cena realmente fez a diferença nesse drama.
RICARDO MALTA
[Colaborador d’ O GRITO! e dono do blog Videodrome]
1. O Labirinto do Fauno
2. Zodíaco
3. Escola de Idiotas
4. Superbad
5. Tropa de Elite
6. Planeta Terror
7. 300
8. Shrek 3
9. Rocky Balboa
10. Ratatouille
GILBERTO TENÓRIO
[Repórter d’ O GRITO!]
1. O Céu de Suely
2. Tropa de Elite
3. Bubble
4. Piaf – Um Hino ao Amor
5. Baixio das Bestas
6. Maria Antonietta
7. O amor em 5 tempos
8. O Labirinto do Fauno
9. Em Direção ao Sul
10. Paris, Te Amo
PAULO FLORO
[Editor d’ O GRITO!]
1. Superbad – É Hoje!
2. O Céu de Suely
3. Baixio das Bestas
4. Rattatouile
5. O Labirinto do Fauno
6. Batismo de Sangue
7. Maria Antonieta
8. Inland Empire
9. Zodíaco
10. Tropa de Elite
ANDRÉ BALAIO
[Jornalista e músico, editor do blog Dubalai]
Bug (Possuídos)
Zodíaco
O homem duplo
Baixio das Bestas
Os anjos exterminadores
Santiago
Império dos Sonhos (INLAND EMPIRE)
Cartas de Iwo Jima
O Hospedeiro
C.R.A.Z.Y. – Loucos de Amor
HIRAN HERVÉ
[DJ e colaborador d’ O GRITO!]
1. Shortbus
2. Pecados Íntimos
3. Labirinto do Fauno
4. C.R.A.Z.Y
5. Maria Antonieta
6. O Céu de Suely
7. Notas de um Escândalo
8. Baixio das Bestas
9. A Rainha
10. Simpsons