Um grito e, ao mesmo tempo, um abraço. Assim o artista pernambucano Max Motta define a exposição A Cara do Brasil 7 – Sal e Sol, em cartaz no Instituto Ploeg, no bairro da Boa Vista, até 15 de novembro. A sétima edição marca o retorno da série após um hiato de dois anos e reúne cerca de 60 obras, sendo 17 inéditas, sob curadoria do próprio artista e da produtora cultural Amanda Lira. A entrada é gratuita e todas as obras estão disponíveis para venda.
“Criei A Cara do Brasil porque sentia falta de me ver, de ver meu povo nas imagens que eu mesmo e meus amigos pintavam. A gente cresceu achando que o Brasil bonito era o que parecia ‘de fora’, que o certo era esconder nosso sotaque, disfarçar nossa cor, silenciar nossa origem. Essa exposição é uma resposta a isso. É sobre colocar no centro quem sempre foi jogado pros cantos. É sobre dizer que o povo daqui, com sua pele, sua luta, seus olhos fundos de sol, é arte sim. E da mais bonita. ‘A Cara do Brasil’ é um grito, mas também é um abraço. Um convite para olhar com verdade e com afeto. E que bom que tanta gente tem topado dividir esse olhar comigo”, afirma Max Motta.
A mostra convida o público a percorrer cinco espaços temáticos que combinam muralismo, instalações interativas e texturas. Logo na entrada, um corredor de murais conduz os visitantes até o quintal do casarão, atravessando ambientes que exploram diferentes dimensões do Brasil.

Na primeira sala, intitulada “Carne do Brasil”, estão obras de caráter crítico e social, como Melhor Amigo, que retrata a lealdade de um cão ao tutor em situação de rua. Já a releitura da Pietà de Michelangelo, com uma mulher negra segurando o filho morto nos braços, traz um impacto visual e simbólico: o sangue escorrendo forma o mapa do Brasil, em uma potente reflexão sobre dor, resistência e identidade.
O salão principal concentra a maior parte das obras organizadas em temas diversos. EmSal e Sol, Max celebra a praia, a beleza dos corpos negros e a alegria por meio de cores vibrantes. Já em Família, retrata pessoas de diferentes idades em cenas do cotidiano, revelando momentos de nostalgia e intimidade. O artista também mergulha no interior do Brasil, registrando feiras populares, a cachaça e a estética das caligrafias vernaculares.
A exposição também estabelece diálogos com a literatura e a música. Entre os destaques estão as obras originais criadas por Max para ilustrar o clássico Clara dos Anjos, de Lima Barreto, relançado pela Editora Planeta e a trilogia inspiração na canção “Dorival”, da banda Academia da Berlinda, que retrata o personagem indo para o mar, trabalhando nele e voltando para a sua amada.
Outro ponto de destaque é o “Atelier Aberto”, que receberá atividades ao longo da mostra e exibe trabalhos de alunos de Max, frutos de nove meses de cursos de pintura no Instituto Ploeg. Há ainda um ambiente pintado por completo – paredes e chão – retratando pessoas negras, indígenas, fauna e flora brasileiras, com a frase “O Brasil tem sua cara”. No quintal, novos murais ampliam a experiência.

Além de obras inéditas, a mostra também reúne trabalhos das seis edições anteriores de “A Cara do Brasil”, desde a estreia em Belo Horizonte, em 2022, até a sexta edição na Casa Criatura, em Olinda, durante o Circuito Fenearte.
A exposição é realizada pela ACabra Produções e pelo Instituto Ploeg, com apoio da Iquine, Sete Engenharia, Eugênia Lima e Café São Braz, e contará ainda com programação paralela de visitas guiadas, oficinas, apresentações de dança, desfile e uma semana didática de workshops.
SERVIÇO
Exposição “A Cara do Brasil 7 – Sal e Sol”, de Max Motta
Quando: até 15 de novembro de 2025
Horário: segunda a sábado, das 10h às 17h
Onde: Instituto Ploeg – Rua da Santa Cruz, 190, Boa Vista, Recife (em frente ao Mercado da Boa Vista)
Entrada gratuita


