Matuê – Turnê 333
Classic Hall, Complexo de Salgadinho
Sábado, 27 de janeiro
A sofisticada produção, o apuro cenográfico e a experiência visual e sonora da turnê 333 deixou claro na noite do último sábado (26) o porquê de Matuê ser hoje um dos artistas que melhor entenderam as novas regras do jogo no showbiz. Tudo precisa estar bem alinhado: imagem, som, personalidade, presença online, conceito. O rapper cearense se apresentou no Recife no Classic Hall com o show do seu mais recente disco, lançado no ano passado.
Matuê construiu nesta nova fase uma proposta coesa entre imagem e som, perfeitamente embalados em uma estética que se apoia em várias referências, como a psicodelia e o ciberfuturismo. Seu show também reflete o amadurecimento do trapper, que agora abusa bem menos do autotune e traz uma excelente banda no show – uma novidade em relação às apresentações anteriores.
“O álbum novo tem uma vibe mais análogica, misturada ao digital. E eu sempre sou um cara que trago muito psicodelia dentro das minhas músicas, mas eu acho que dessa vez eu consegui me superar. E a gente tenta trazer isso para dentro do espetáculo de uma forma visual”, disse Matuê em entrevista antes de subir ao palco. “E outra diferença é a banda, que tem até sax, backing vocals. E isso é totalmente diferente do que eu fazia antes, que era só voz e DJ”.
Em um palco repleto de telões de LED por todos os lados e com uma pirâmide cenográfica espelhada, o show é grandioso em todos os sentidos, com presença de efeitos visuais como fumaça e projeções. Do ponto de vista da experiência visual, o show é irrepreensível e cumpre do que se espera de alguém no primeiro escalão do pop BR hoje.

O novo álbum marca uma clara evolução de Matuê enquanto letrista e isso fica bem evidente ao vivo, onde ele consegue trazer ainda mais emotividade na interpretação de faixas como “333” e “O Som”. Em geral, o repertório tem um bom ritmo, com a presença de faixas de maior energia na primeira metade do espetáculo. A trinca de abertura traz “Crack com Mussilom”, “Conexões de Máfia” (um dos seus hits mais antigos) e “Castlevania”, do disco novo.
Em alguns momentos, as canções antigas acabam soando um pouco deslocadas, um tanto pueris e bastante comerciais, dada o salto enorme que 333 trouxe para a carreira do artista, que agora insere elementos de indie-rock, psicodelia, MPB e reggae. Mas as faixas antigas, ainda que simplistas, mantêm seu charme, como é o caso de “Quer Voar”, “Kenny G” e “Vampiro”. Mas são as músicas do trabalho mais recente que deixam bem claro a excelente fase de Matuê, que inclusive toca guitarra em um dos momentos mais interessantes do show.


O público, formado em sua maioria por adolescentes e jovens na faixa dos 20 e tantos, ovacionou o artista em todos o momentos, seja na fase atual mais conceitual, seja nas músicas mais antigas. O artista nordestino mostrou tem uma conexão bastante genuína com a geração atual, ainda que seu novo disco crie pontos de contatos para além de seus fãs mais devotos.
O show do Recife ainda contou com a abertura de Brandão, artista que faz parte da produtora de Matuê, a 30PraUm e o DJ Math Gomes.
Veja o setlist:
Crack com Mussilom
Conexões de Máfia
Castlevania
É Sal
4Tal
Quer Voar
04AM
Maria
Anos Luz
Imagina esse cenário
A Morte do Autotune
Luxúria
O Som
Isso é Sério
Kenny G
Máquina do tempo
333
Vampiro
777-666


