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Matuê traz conceito e experimentações em “333”

Segundo álbum do rapper cearense se aprofunda em outras abordagens sonoras

Matuê traz conceito e experimentações em “333”
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Matuê
333
30PRAUM, 2024. Gênero: Rap, Trap


Há bons anos que Matuê está em evidência como um dos principais nomes do rap/trap nacional. O reconhecimento chegou já nos primeiros singles, lançados a partir de 2015, e se cristalizou com o álbum de estreia do rapper Máquina do Tempo, lançado em 2020. Agora, depois de um intervalo considerável, o rapper cearense surpreendeu o público com o seu segundo trabalho de estúdio 333.

Apesar de não ter feito uma divulgação tradicional, não podemos dizer que Matuê se desprendeu da midiatização. Como ação de lançamento do disco na última segunda (09), ele passou três horas e 33 minutos suspenso em uma plataforma no meio do Vale Anhangabaú, em São Paulo, e ao final da contagem se encerrou, às 15h33, o álbum chegou às plataformas. No dia seguinte, 333 já se tornou a maior estreia do Spotify Brasil com mais de 16 milhões de reproduções e todas as suas faixas entraram na playlist Top 50 Brasil.

Fora todo o volume de audiência e a comoção dos milhares fãs, pode-se dizer que 333 é um álbum bom e mostra uma evolução na forma como o rapper faz sua música. Matuê sempre se mostrou mais aberto a experimentar com sua produção em comparação a outros nomes do trap nacional e é nesse álbum que ele chega à máxima potência.

A primeira metade do álbum é morna e pouco criativa – com exceção de “Isso é Sério” ft. com Bandrão085 – em comparação à segunda leva de faixas. Esse tom mais “tradicional” na produção pode ser justificada pela ideia de que 333 narra momentos iniciais na carreira do eu lírico – que é o próprio Matuê – quando esse estava mais fechado a outras possibilidades de som, e que a virada do álbum acontece no momento em que o personagem amadurece artisticamente.

Os synths mais elaborados tomam um espaço maior e aparecem com uma sonoridade mais pop. As cordas são outro destaque, guitarras e baixos volumosos constroem arranjos interessantes para as rimas de Matuê – que se tornam mais introspectivas à medida que a reprodução do álbum acontece.

Obviamente, elementos relacionados ao sucesso financeiro e a fama aparecerem porque são significativos culturalmente dentro do rap, mas também há espaço para reflexões pessoais e análises de si. As letras aqui são bem diferentes em relação aquelas escritas em Máquina do Tempo, que, por vezes, soam impessoais e um pouco genéricas.

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(Divulgação)

A parceria com o DJ e produtor capixaba Nox – que já colabora com Matuê há bastante tempo – é um acerto se a ideia do álbum é demonstrar um amadurecimento musical por parte de Matuê, e isso se traduz, evidentemente, nas experimentações feitas no som. Por isso não é de se estranhar que a faixa “Like This!”, apesar de ser completamente distante do rap e do trap, é uma das melhores do álbum.

Matuê procurou contar uma história através de um disco e teve sucesso nisso. Apesar de não ser um álbum estritamente conceitual, 333 tem um conceito por trás de sua produção, é bem executado – ainda que tenha a questão da simplicidade em seu início – e se junta a outros discos do rap nacional que têm uma solidez em sua construção e forma.

Escute 333, de Matuê

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