A cineasta brasileira Marianna Brennand recebeu o Women In Motion Emerging Talent Award 2025, durante cerimônia promovida pela Kering em parceria com o Festival de Cannes. A premiação, realizada durante o tradicional jantar oficial do programa na Riviera Francesa, celebra mulheres promissoras na indústria cinematográfica e marcou os dez anos da iniciativa. Na mesma noite, a atriz Nicole Kidman foi homenageada pelo conjunto de sua carreira.
“Ser a primeira brasileira a receber o Women in Motion Emerging Talent Award é uma conquista que carrega força coletiva”, afirmou Brennand. “Traz visibilidade não só pra mim, mas pra todas as mulheres incríveis que constroem o cinema ao meu lado — colegas, parceiras, amigas de jornada. Receber esse prêmio ao lado de Nicole Kidman, que tem um compromisso público com a representatividade feminina e se propôs a trabalhar com uma diretora mulher por ano, torna tudo ainda mais simbólico. Esse reconhecimento fortalece meu compromisso com um cinema de impacto, e me enche de fôlego pra seguir criando com coragem, afeto e propósito.”
Indicada pela cineasta malaia Amanda Nell Eu, vencedora da edição anterior do prêmio, Marianna teve seu trabalho destacado como parte de uma tradição que valoriza narrativas femininas e o diálogo entre diferentes gerações de realizadoras.


O reconhecimento internacional se soma à trajetória do longa Manas, que estreou no Brasil no último dia 15, com distribuição da Paris Filmes. Desde sua première mundial no Festival de Veneza, em 2024, a obra acumula mais de 20 prêmios, incluindo o Director’s Award na mostra Giornate Degli Autori.
A produção é ambientada na Ilha do Marajó (PA) e acompanha Marcielle, uma adolescente de 13 anos interpretada pela estreante Jamilli Correa, em meio a um contexto de violência e resignação. O roteiro é assinado por Brennand ao lado de Felipe Sholl, Marcelo Grabowsky, Antonia Pellegrino, Camila Agustini e Carolina Benevides.
Produzido pela Inquietude, o longa tem coprodução da Globo Filmes, Canal Brasil, Pródigo e Fado Filmes (Portugal), e conta com o apoio de cineastas como Walter Salles e os irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, que atuam como produtores associados. A direção de fotografia é de Pierre de Kerchove, a direção de arte de Marcos Pedroso e a montagem de Isabela Monteiro de Castro.
Segundo a diretora, a inspiração para o filme surgiu a partir de denúncias de exploração sexual de crianças nas balsas do Rio Tajapuru. Inicialmente pensado como um documentário, o projeto ganhou forma como ficção após reflexões éticas sobre o tratamento do tema. “Era inaceitável para mim como documentarista colocar à frente da câmera crianças, adolescentes e mulheres para recontarem situações de abuso pelas quais haviam passado. […] O desafio era retratar não só uma dor física e emocional, mas também existencial, e isso foi algo que a ficção me permitiu trabalhar”, explicou Marianna.


