Cantora lisboeta apresenta o seu universo de músicas emocionais em promissor disco de estreia
Da colaboração da Revista O Grito!, em Lisboa
Na primeira música do disco, “O Segredo”, o início percussivo e o tom ligeiramente jazzy funcionam como cartão de visita de uma viagem caracterizada por uma autoralidade muito própria. A pop canônica de “Cabra-Cega” é ainda mais reveladora, “Tenho cara de quem morde, mas apenas sou o que mereço”, canta Márcia sem rodeios. A auto-confissão percorre Dá transversalmente, alimentada pelo orgão hammond, farfisa, fliscorne e, claro, a guitarra acústica da cantora. Uma das músicas mais interessantes é “Pudera Eu”, introduzindo um canal de voz limpa e outro de voz distorçida, numa torrente de sentimentos difusos. Para além da produção certeira de João Paulo Feliciano, a cantora lisboeta contou com dois ilustres convidados, B Fachada e Tó Trips que emprestaram brilho ao trabalho. A ausência de refrão é outra das características de Dá, imediatamente substituída pelas sensações que as canções provocam nos ouvintes. O primeiro disco de Márcia ainda não é a sua pedra de toque, mas o futuro é promissor. [Pedro Salgado]
MÁRCIA
DÁ
[Pataca Discos, 2010]
NOTA: 7.0