DO PRAZER DE SER INÓSPITO
Banda canadense Malajube reafirma sua estranheza em novo disco e cresce para criar sonoridade ímpar na música pop
Por Paulo Floro
MALAJUBE
Labyrinthes
[Dare To Care, 2009]
O indie-pop do Malajube, com sua francofonia esquisita já chamava atenção em 2006, quando lançaram Trompe-l’œil e receberam boa resposta da crítica especializada – ainda que seus fãs não sejam muitos fora do Canadá, sua terra natal. Agora, neste terceiro disco, Labyrinthes, a banda decidiu arriscar um pouco e mostrar que seu diferencial é bem mais do que usar a língua francesa para se destacar entre o sem-número de grupos que surgem tão rápido quando um F5 no Hype Machine.
Alargando sua proposta de adicionar psicodelia às canções, a banda neste disco parece querer fazer um revival dos anos 1990, sobretudo o início da década. Em alguns momentos soa moderno como o primeiro single “Porte Disparu”, um rock dançante e melancólico, que lembra as músicas mais conhecidas do disco anterior, como “Montréal -40°C” e “Pate Filo”. Mas as influências não são nem de perto o que fundamenta o Malajube como uma das bandas relevantes nesta década que termina. A curiosidade que despertam tem a ver com estarem buscando criar, eles próprios, uma referência dentro da música pop.
Isolados num universo que se vale de criar similaridades e intersecções entre diversas épocas, o Malajube soa esquisito e com orgulho. A voz de Julien Mineau, um dos cabeças do grupo parece sempre esmagada por um instrumental meio bagunçado, está sempre a gritar, em algumas ocasiões, parece sufocado. Em “Luna”, com um piano estilo cabaré sujo, parece respirar, mas sua voz ainda soa angustiada. E nessa passada, o disco vai pontuando esses momentos de sofreguidão, que, como já provou o rock desde o final dos anos 1980 é bastante apreciado por aqueles que buscam nas canções uma trilha sonora para mazelas.
Formado em 2004 pelos amigos de escola, Julien Mineau (voz e guitarra), Francis Mineau (bateria), Mathieu Cournoyer (baixo) e Thomas Augustin (teclado e voz), o Malajube tem uma curta biografia – inclusive não muito interessante, mas em três discos já desenhou uma personalidade peculiar e parece estar firme em sua proposta musical. Labyrinthesreafirma essa estratégia de se vender como algo estranho ao pop feito hoje em dia. Ainda que assuma alguns riscos – e cometa alguns erros, a banda foi bensucedida no seu caótico barulhento rock falado em francês.
NOTA: 9,0