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Magdalena Bay narra os conflitos do “Eu” em “Imaginal Disk”

Segundo disco do duo norte-americano continua no território do pop, mas com toque de rock progressivo

Magdalena Bay narra os conflitos do “Eu” em “Imaginal Disk”
4.5

Magdalena Bay
Imaginal Disk
Mom + Pop Music, 2024. Gênero: synth, pop, rock


Como podemos chegar à versão mais completa de nós mesmos? Quando nos fazemos essa pergunta estamos falando sobre dois “eus”: o atual (imperfeito, conflituoso e instável) e o nosso futuro (diferente, melhorado e inexistente), e entre essas duas versões de nós mesmos está a mudança, a fase de transição. O problema é que, na maioria das vezes, para imaginar a versão futura, dificilmente levamos em consideração que aquilo que nós somos – seja lá o que isso for – está na versão do presente, e vai continuar existindo no futuro porque aquele “eu” que imaginamos não é quem somos. 

Esse conflito entre nossos “eus” é o que inspirou a criação de Imaginal Disk, segundo disco do duo norte-americano Magdalena Bay, formado pelos músicos Matt Lewin e Mica Tenenbaum. Parte da a reflexão sobre as ideias de “eu” que o álbum traz foi ilustrada nos videoclipes que contam a história da alienígena True – interpretada pela própria Mica – que recebe um implante de um Imaginal Disk, um dispositivo que substitui personalidades, e tempos depois rejeita o objeto por interferência das memórias de sua versão suprimida – que talvez possamos chamar de sua versão verdadeira. 

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Matt Lewin e Mica Tenenbaum (Reprodução/ X: Magdalena Bay)

Através das 15 faixas do disco, Mica e Matt abrem suas mentes inquietas e os ilustram os conflitos de identidade e autoestima dentro delas. As contradições tão presentes nas letras, assim como a recorrência de temas como autorreflexão, mudança, arrependimento – bem presentes em “Image”, “Fear, sex”, “Tunnel Vision”, “Vampire in The Corner” e “Cry For Me” -, contam a narrativa de alguém que entende quem é na mesma medida que percebe o quão distante o “eu do futuro” está, a ponto de que notar que nem as mudanças radicais podem fazê-lo real.

Na produção, a dupla segue com toda a excentricidade de seus lançamentos anteriores com um uma pegada centrada no electro-pop. Assim como o elogiado Mercurial World (2021), Imaginal Disk usa uma infinidade de recursos eletrônicos, seja na percussão, cordas ou nos vocais; mas ainda há outra camada adicionada por Lewin e Tenenbaum com os instrumentos orgânicos do rock e de maneira equilibrada. O som continua sendo bastante Magdalena Bay, mas está longe de repetir algo já executado no álbum anterior. 

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O vilão “The Doctor” e a alienígena Blue (Reprodução/ X: Magdalena Bay)

Outra coisa interessante na produção do álbum é como a dupla brinca com a estrutura das músicas e altera alguns elementos comuns da indústria do pop. Por exemplo, “Killing Time” e “Fear, sex” são músicas sem refrão, apenas versos e pausas instrumentais; os encerramentos prolongados com parte extensas de instrumental. Detalhes que diversificam as faixas e tornam a experiência de reprodução divertida.

No fim das contas, Magdalena Bay se destaca por não ter medo de compartilhar as estranhezas bem guardadas da nossa individualidade. A estética do universo cibernético cheio de cores e sons diferentes são o jeito de construir uma narrativa bem interessante sobre autoaceitação e continuidade das nossas mudanças.

Escute Imaginal Disk, de Magdalena Bay

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