Luiza Lian lançou o clipe de “Mil Mulheres”, nova parceria com a produtora Filmes da Diaba (formada pelo duo Camila Maluhy e Octávio Tavares). A faixa faz parte do álbum Azul Moderno, lançado no ano passado.
A música composta por Luiza Lian surgiu de um bilhete que nunca foi deixado pra um amor efêmero na cidade de São Paulo. Com movimentos de câmera mecânicos e efeitos de iluminação, o clipe traz uma concepção artística para ilustrar o relacionamento de um casal, que oscilam entre a paixão e o distanciamento. Tendo apenas uma cama como cenário, o clipe é estrelado pela própria Luiza e por Artur Mattar.
Por conter nudez, o clipe foi bloqueado no YouTube, Instagram e Facebook. A cantora chegou a colocar restrições de idade e até mesmo borrou algumas imagens, mas ainda assim o vídeo saiu do ar. O clipe agora está de volta ao Vimeo, sem censura.
A cantora divulgou um texto falando sobre a censura.
Nos programamos hoje pra lançar o clipe de Mil Mulheres e fomos bloqueados em três plataformas diferentes, instagram, youtube e facebook. Que a censura dos corpos nas redes é uma realidade, a gente já sabe faz tempo, nenhuma novidade. Mas restringimos a idade, protegemos o conteúdo, borramos as imagens e ainda assim foi surpreendente a agilidade com que se prontificaram em tirar esses videos do ar, os alertas gritam mais alto quando o assunto é nudez.
A música é sobre isso, sexo, o clipe também, bem simples e feijão com arroz, sem querer nem conseguir ficar emperequetando as ideias com imagens, essa foi a nossa decisão enquanto artistas, ser mais literais. Falar dos corpos, da pele, do que transcende nos encontros, bem crus e bem reais.
Tínhamos esperança que com a restrição de idade o clipe ficasse lá, já que o filme que nos inspirou a fazê-lo, muito mais radical e explícito, está na íntegra no canal. Love, do Gaspar Noé.
A sensação que fica é que corremos sempre atrás do rabo no que diz respeito a nossa expressão, um passo pra frente e 10 pra trás. Esculturas e pinturas de homens nus são espalhadas pelas cidades do mundo desde a Grécia antiga, vem algum eleitoreiro reclamar de uma performance no MAM. As pessoas dão um jeito de moralizar o sexo de toda forma que for possível, com os maiores malabarismos de discurso, a direita e a esquerda, o desejo é um tabu. é mais tabu pra “políticas de comunidade” do que os milhares de vídeos de pessoas morrendo, levando tiro, da violência diária física, fotografada e verbal sofrida por mulheres, vídeos misóginos, vídeos racistas, tudo passa pelo algoritmo e precisa de muito mais pra ser derrubado. Discursos de ódio que destroem completamente a vida de pessoas, notícias falsas, nunca são derrubadas, mas é o corpo nu… o corpo nu que é perigoso. O corpo nu precisa de uma hora pra ser repreendido. O desejo que é o que mais mata.
Luiza Lian
Veja o clipe: