Lola e Seus Irmãos
Jean-Paul Rouve
FRA, 2021, 1h45, 12 anos. Distribuição: Pandora Filmes
Com Ludivine Sagnier, José Garcia, Jean-Paul Rouve
Parece que o cinema francês conseguiu emular e atingir um certo patamar e status de “cinema industrial”, nos moldes do norte-americano. Ou seja, partem da ideia de fomentar e alimentar a sua própria produção, criação e obras audiovisuais que talvez, pelo menos no ocidente, não seja um modelo tão comum de se observar em outras filmografias de diferentes países. Percebe-se isto pois há uma série de projetos e lançamentos franceses a partir de uma espécie de “cinema médio”, este referente a um tipo de produção com orçamento não tão pequeno, para ser considerada independente, e nem tão alto para caracterizar um caso de blockbuster de verão.
O “mediano”, neste contexto, diz respeito tanto ao custo do filme e suas pretensões mercadológicas em atingir uma parcela específica do público, mas também pode ter a ver com a qualidade temática e de narrativa da própria trama da história. Romances e comédias parecem escorregar com frequência neste padrão de feitura, e a tradição cinematográfica francesa, tão apontada e reverenciada por sua capacidade inovadora em vários aspectos, também consegue entregar projetos “médios”, como este Lola E Seus Irmãos, que estreia nesta sexta no país.
Leia mais: Críticas de cinema
- “Dahomey”: poderosa meditação sobre a alma amputada do povo beninense
- “O Aprendiz”: Donald Trump e os fragmentos de uma vida sem escrúpulos
Como o título já aponta, temos aqui um enredo a respeito de um núcleo familiar, algo tradicional e dramaturgicamente bastante frequente em qualquer cinema, seja de que país for. Relações familiares engajam e suscitam constantemente um tipo de identificação entre as pessoas. Aqui há um tipo de protagonismo em conjunto, com o trio de irmãos do título, com um leve destaque para Lola, a única mulher entre os três. Advogada, demonstra bastante paixão pela profissão; assim como seu irmão Benoît, dono de uma ótica e bastante destrambelhado no novo casamento. Quem fecha o grupo é Pierre, o mais velho, recém-demitido de um emprego de muito tempo na construção civil, e pai de um adolescente carismático.
Situações do cotidiano farão com que os três acabem vivenciado momentos em que precisarão do apoio e segurança um do outro. Ludivine Sagnier (paixão de muitos millennials fãs incondicionais de vários de filmes protagonizados pela atriz, como As Canções de Amor (2007) dá graça e brilho ao longa, e sua presença é afetuosa; com o resto do elenco a acompanhando como pode.
Lola E Seus Irmãos é uma comédia convencional e completamente previsível, com alguns diálogos inspirados e um verniz fofo e leve completamente harmoniosos com aquela noção colocada mais acima de “filme mediano”. É um produto algo esquecível, talvez presente no circuito apenas para cumprir uma certa cota de produção anual do cinema francês, mas com espaço cativo e esperado pela audiência acostumada com as já comédias românticas do país. Uma distração inofensiva, que entrega exatamente aquilo que se espera dela.