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Foto: Parisa Taghizadeh / Divulgação.

Lockwood & Co: nova aposta de fantasia do streaming é um caça-fantasma com alma teen

Série é inspirada no romance homônimo de Jonathan Stround

Lockwood & Co: nova aposta de fantasia do streaming é um caça-fantasma com alma teen
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Lockwood & Co. – Primeira Temporada
Criado por Joe Cornish
Reino Unido, 2023, 8 episódios disponíveis no Netflix

Com Ruby Stokes, Cameron Chapman

Os oito episódios da temporada de estreia da nova aposta de fantasia da Netflix, Lockwood & Co, são o pontapé inicial do que pode vir pela frente nos próximos anos (caso haja renovação). Nesta leva inicial, o foco está na apresentação do universo caça-fantasma que abraça a narrativa e na montagem da engrenagem dos mistérios que aplica o roteiro.

Inspirada na série de livros homônima de Jonathan Stround, a produção de Joe Cornish, é um thriller policial fantástico voltado ao público teen. Na charmosa Londres, onde a trama central se concentra, os “visitantes”, aqui codinome para fantasmas, são uma realidade. E neste contexto, apenas jovens são capacitados com dons sensoriais para ver, sentir e ouvir esses seres paranormais.

A organização principal de recrutamento dos adolescentes com dons é a Fittes, que trabalha como uma agência treinadora e formadora de equipes para combater as aparições e ameaças que envolvem o meio. Fora desse campo convencional de agentes, está o trio protagonista. Anthony Lockwood, (Cameron Chapman), Lucy Carlyle (Ruby Stokes) e George Karim (Ali Hadji-Heshmati), que formam a Lockwood & Co, uma agência independente de investigações.

O tripé, ainda que muito diferente nas personalidades, orbita uma característica em comum: são órfãos, evidentemente, cada um à sua maneira. Propriamente dito órfão, Lockwood, o líder e dono da agência, jovem soberbo, nada modesto, egocêntrico e até inconsequente, foi quem perdeu os pais desde muito cedo. E vale ressaltar que toda essa trama envolvendo a paternidade do personagem também entra na gama dos mistérios que a série propõe. Já George, o mais cabeça do grupo, responsável pelas pesquisas dos casos, e um tanto excêntrico em seu comportamento, com manias curiosas e cômicas, decidiu sair de casa. Enquanto Lucy, quem meio que caí de paraquedas em Londres, fugiu da cidade natal após uma tragédia envolvendo um rol de injustiças na Fittes onde se formou, e também porque sua mãe é péssima. A jovem é um destaque quanto às suas habilidades, sendo uma ouvinte superdotada capaz de se comunicar com o tipo mais poderoso/perigoso dos fantasmas.

Embasada nestes processos a série flui, apresentando o mundo das criaturas paranormais, suas tipologias, o departamento responsável por esses agentes, os casos que surgem para o trio independente, que obviamente é desvalorizado frente a grande organização que é a Fittes, enquanto ao mesmo tempo trabalha as questões morais e emocionais de seus personagens principais.

E talvez aí que estejam alguns dos problemas que estão grudados no roteiro. Fora do hype do streaming, ainda que com uma proposta atrativa ao público fã de fantasia, o roteiro deveria amadurecer o tratamento mais dramático de seus personagens. Isso acabaria trazendo um aprofundamento e uma identificação ainda maior do público com o trio protagonista. Ainda que tratando de temas leves e propositalmente superficiais, como o evidente interesse amoroso de Lockwood e Lucy, o drama é um alvo que se alcança em partes. Talvez a inexperiência do elenco responda estas questões, que refletem até nos momentos que exigem uma tensão maior e uma entrega mais genuína na atuação, que não convence.

No mais, Lockwood & Co é uma produção que vale a pena o tempo de tela, já que no quesito afinidade e carisma, o elenco vai bem. O cenário obscuro londrino é um destaque, os mistérios são bem bolados e o universo fantástico é consistente, além do fato desta primeira sequência de episódios terminar com pontas soltas, que até valem a pena ser amarradas numa próxima temporada.