A efervescência cultural pernambucana dos anos 1990, principalmente no campo da música, tinha um epicentro: a Soparia. A história do icônico bar de Roger de Renor, no bairro do Pina, é contada pelo jornalista José Teles, no livro “Soparia: de boteco a palco de todos os sons”. A publicação será lançada pela Cepe no dia 6 de outubro, às 16h, no Auditório Círculo das Ideias da XIV Bienal Internacional do Livro de Pernambuco. No lançamento, Teles e Roger vão participar do bate-papo Soparia, a biografia de um bar e de uma cena, mediado por Valentine Herold, editora assistente do jornal literário Pernambuco (Cepe).
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Para resgatar a história, Teles foi atrás não só dos famosos, mas de quem fazia o estabelecimento funcionar, como a produtora cultural Paula de Renor, irmã e braço direito de Roger no negócio, garçons, seguranças e frequentadores do bar. E o que se vê nas 212 páginas do livro, com cerca de 50 imagens, é resultado de dezenas de entrevistas, pesquisas em jornais antigos e em trabalhos acadêmicos, além de análise de material de divulgação do bar e de fotografias.
A Soparia foi aberta por Roger de Renor em 1992. Começou a funcionar sem a pretensão de ser o que se tornou. Alguns fatores contribuíram para se transformar em referência cultural. Um deles, as frequentes “canjas” dadas por Lula Cortês, músico já consagrado. Outro fator foi a Maré de 73 Lançamentos, como ficou conhecida a noite que juntou Mundo Livre S/A e Chico Science & Nação Zumbi. Além da apresentação das duas bandas, o evento contou com exibição de clipes e de um documentário chamado Mangue, chancelando a Soparia como a casa da nova música pernambucana. A partir daí, subiram ao palco grupos como Mombojó, Mestre Ambrósio, Cascabulho, Comadre Florzinha, Paulo Francis Vai Pro Céu e Querosene Jacaré.
Em 25 de março de 1999, o bar encerrou as atividades. O fechamento atraiu milhares de pessoas. Após virar a noite, no dia seguinte, Roger fecha o ciclo do bar.
O livro não se limita à história da Soparia. Teles aponta os bares da época do Soparia e de décadas anteriores. Dos anos 1970, por exemplo, lembra do Bar do Beco, onde inicialmente passaram sambistas cariocas – Clementina de Jesus, Cartola, Zé Keti, Nelson Cavaquinho, Grande Otelo –, e posteriormente virou referência para a psicodelia pernambucana, o chamado Udigrudi.