O livro Geografia da Fome, de Josué de Castro, original de 1946, ganha nova edição pela editora Todavia que será lançada no dia 16 de setembro. A obra ambientada numa época em que o Brasil passava por um processo de redemocratização após a ditadura do Estado Novo, denuncia a fome coletiva como um fenômeno social presente em todos os continentes, com foco no Brasil, defendendo que ela é decorrente dos sistemas econômicos e sociais.
Apesar de não ter sido geógrafo de formação, e sim médico, Josué foi um dos maiores pensadores da Geografia. Unindo os saberes o autor fez no livro um panorama considerando como regiões de fome aquelas em que ao menos metade da população apresenta carências de nutrição evidentes, ao dividir o país em cinco áreas definidas por seus hábitos alimentares, identificando as que vivem em estado de fome crônica — endêmica ou epidêmica — e as que apresentam quadro de subnutrição.
Nascido em 1908, no Recife, Josué também foi professor universitário, embaixador do Brasil na ONU e mais de uma vez cotado para o prêmio Nobel. Sua pesquisa em Geografia da Fome é um marco para o campo, já que desbravou a questão da fome por não ser advinda do quantitativo de alimentos ou do número de habitantes, mas sim da má distribuição das riquezas e da concentração de renda nas mãos de grupos pequenos.
O autor faleceu em 1973, no seu exílio, em Paris.