Lily Allen | It’s Not Me, It’s You

lilyallen4

LILY, TRADEMARK
Inglesinha abusada continua rancorosa com ex-namorados em novo álbum, e já pode outorgar pra si o estilo das cantoras supostamente emancipadas e de rebeldia maquiada
Por Gabriel Gurman

LILLY ALLEN
It’s Not Me, It’s You
[Capitol, 2009]

200px lilyitsnotmesleeveQuando um artista diz que pretende reinventar a carreira antes mesmo de lançar o segundo (!!!) disco, é sinal de uma pretensão resultante da bajulação exacerbada ou do total descontrole da cena musical. No caso de Lilly Allen, pode-se dizer que o recém-lançado resultado desta intenção, intitulado de It’s Not Me, It’s You é a perfeita combinação destes dois atributos.

Intrinsecamente conectada com a fama de ter sido descoberta no My Space e, a partir daí, assinado com uma major e ter viajado mundo afora (incluindo um insosso show no Brasil), a inglesa finalmente conseguiu soltar este segundo disco, prometido e já gravado há um punhado de meses.

A expectativa de uma evolução – afinal já se passam cinco anos desde que as músicas de seu debut foram gravadas -, desmoronam por completo ao se ouvir o álbum inteiro. São poucas as canções que surpreendem ou que pelo menos indicam algum diferencial. “Not Fair”, com sua levada country spaghetti e impulsionada por um banjo contagiante é uma delas. Impossível não estalar os dedos com a melodia. Outra que chama a atenção é “Never Gonna Happen”, uma inusitada mistura de bolero com uma fofa melodia que remente a The Boy Least Likely To.

Com uma “imagem de marca” – afinal, Lilly Allen é hoje apenas um produto da Indústria Musical – relacionada a uma rebeldia maquiada, a cantora abusa das letras irônicas que criticam a sociedade ou eventuais ex-affairs. “Fuck You” cabe perfeitamente para as garotas desiludidas fecharem os olhos em cantarem “fuck you very much” em uma melodia tão doce quanto infantil. De resto, músicas dispensáveis como “Him”, “Who’d Have Know” e “Chinese”, que parecem estar no CD apenas para completar o número de faixas exigido pela gravadora.

Apesar de todas as boas intenções, It’s Not Me, It’s You prova que o melhor de Lilly Allen não está em sua música, mas nos mais bizarros e divertidos boatos que circulam pela internet quase que diariamente, ajudando a ficar em evidência. Desta maneira, não será estranho que o legado deste álbum sejam fotos como esta abaixo e não as canções.

Reader Rating0 Votes
0
5