Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros e a emoção remixada

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Novo filme o original de 1993. Puro remix. (Divulgação).
Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Com uma audiência anestesiada de efeitos especiais, falta carisma ao longa para criar uma produção à altura do Parque dos Dinossauros original

Por Paulo Floro

É bem curioso o quanto o novo Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros está o tempo inteiro dialogando com seu próprio material de inspiração. O novo longa, estrelado por Chris Pratt, não é um ‘reboot’ do sucesso de Steven Spielberg, mas uma continuação autorreferente e totalmente dependente de nossa nostalgia dos dinossauros no cinema. Não à toa, o filme fez mais de 500 milhões de dólares na estreia, superando Vingadores. Não se enganem, isto não tem nada a ver com qualidade.

Assistir Jurassic World é como ir ao Mirabilândia: vale mais a experiência. Se você foi ao IMAX 3D, então pegou o ticket VIP e conseguiu uma emoção turbinada por uma tela gigante e mais “imersão”. O problema do filme é que as audiências atuais já estão anestesiadas com as possibilidades da computação e efeitos especiais. Esse mesmo mal estar é sofrido pelos visitantes do parque jurássico mostrado na trama.

Com o intuito de atrair mais visitantes todo ano e se manter relevante, a direção do Jurassic World, localizado na isolada ilha Nublar, resolveu desenvolver monstros híbridos através de engenharia genética. Por isso, o maior vilão deste longa não é o T-Rex, mas um bichão gigante que é feito a partir de genes que vão de predadores como o Tiranossauro até sapos e plantas. E assusta! Os roteiristas lançam essa problemática: com tantos reboots por aí, para se manter relevante foi necessário também criar novos conceitos para o Parque dos Dinossauros de Spielberg.

Novo filme o original de 1993. Puro remix. (Divulgação).
Novo filme o original de 1993. Puro remix. (Divulgação).

Por isso, o que o filme tem de capricho técnico lhe falta em narrativa, desenvolvimento de personagens e personalidade. Chris Pratt está se vendendo bem como o maior galã em atividade hoje garantiu mais trocentos filmes nas esperadas continuações. Como a direção do parque, os produtores também estão interessados apenas em dinheiro. E eles têm total consciência: esse entretenimento vazio e desprovido de carisma nunca vai se igualar ao longa original.

Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Em determinado momento do filme, um dos operadores veste uma camisa com o logo do primeiro logo, no que é repreendido pela diretora do parque interpretada por Bryce Dallas Howard. Ele diz que aquele primeiro parque era realmente incrível, autêntico e não esse, feito de dinossauros modificados, construídos única e exclusivamente para entreter famílias. O diretor Colin Trevorrow trouxe diversos momentos que fazem referência ao longa original de Spielberg (que é um dos produtores-executivos), talvez como uma espécie de homenagem, mas acabou soando como um recibo que é difícil superar o clássico.

O primeiro Parque dos Dinossauros, lançado em 1993, tornou-se um marco da ficção-científica ao dar vida a algo apenas imaginado por quase todas as pessoas do planeta. A qualidade dos efeitos especiais para recriar os dinossauros tanto assustava quanto deslumbrava a audiência. Existia ainda um equilíbrio entre suspense, ação, drama e comédia que é típico das produções de aventura de Spielberg. Em Jurassic World, a emoção remixada não consegue maravilhar nem criar novos conceitos ao que já era incrível.

JURASSIC WORLD – O MUNDO DOS DINOSSAUROS
De Colin Trevorrow
[Jurassic World, EUA, 2015 / Universal]
Com Chris Pratt, Bryce Dallas Howard

5,5