O escritor Jeferson Tenório, que recentemente teve o seu livro O Avesso da Pele retirado de escolas em Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul, foi confirmado como uma das atrações da Bienal do Livro da Bahia, que acontece a partir de de 27 de abril. O autor irá falar sobre a censura de textos literários na atualidade no painel intitulado “Livros e Liberdade”.
No debate, junto com Jeferson, estarão a poeta baiana Lívia Natália e o jurista e professor de direito constitucional da USP Conrado Hubner Mendes. A mediação estará a cargo de Flávio Novaes.
Ao pontuarem que os livros ampliam a democracia e são os primeiros a causar desconforto quando ela está em risco, os convidados debaterão sobre o cerceamento da liberdade de expressão e o controle de conteúdo em obras diversas. Afinal, até mesmo a retirada dessas obras de prateleiras e projetos tem acontecido com maior frequência, no Brasil, nos últimos anos.
Os demais participantes do painel também têm histórias pessoais intimamente relacionadas com o tema em debate. O poema “Quadrilha”, de Lívia Natália, foi censurado em outdoors de Ilhéus, em 2016, por trazer à tona a violência policial contra populações negras, o mesmo mote central de O Avesso da Pele. Já o professor Conrado Hubner Mendes, autor de obras como “O discreto charme da magistocracia”, tem sofrido tentativas de censura, por conta de suas opiniões e de sua atuação pública em colunas de jornais.
O livro O Avesso da Pele de Jeferson Tenório voltou a compor o material didático das redes de ensino de Goiás e do Paraná.
Segundo a Secretaria de Educação afirmou, a decisão de devolver os livros às escolas aconteceu depois que as advogadas da editora HSF entraram com um mandado de segurança contra o recolhimento dos livros e uma intimação exigindo que os governos estaduais fornecessem mais informações sobre a razão pela qual recolheram os exemplares.