No atual panorama do cinema nacional Pernambuco segue ainda como um dos centros mais fortes de produção. Tanto que em um festival de grade extensa como o Janela Internacional de Cinema é possível fazer uma programação apenas com os filmes pernambucanos. O festival, que começa nesta sexta e vai até o dia 2 de novembro, reúne a safra recente local, com destaque para filmes que circularam por eventos importantes como Cannes e o Festival de Brasília – e saíram com prêmios.
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Como são inéditos por aqui, esses filmes só agora ganham o escrutínio do público local. Mas um volume tão grande atesta que a produção vem se renovando a cada ano. Deste ciclo atual destaque para Tião, que apresenta seu novo curta, Sem Coração, feito em conjunto com Nara Normande. O filme, que se passa no Litoral Norte de Pernambuco e Alagoas, mostra o cotidiano de uma garota em uma vila de pescadores.
Tião despontou como um dos jovens autores do cinema nacional ao vencer o prêmio “Um Novo Olhar” de Cannes, em 2008 com Muro. Neste ano ele voltou a receber um prêmio no festival francês com Sem Coração, desta vez o Illy Prize. As premiações aumentam a expectativa para ainda inédito primeiro longa e o colocam como promessa do audiovisual nacional.
O Janela deste ano ainda traz o novo trabalho de Gabriel Mascaro, nome conhecido pelos filmes Domésticas (2012) e Um Lugar Ao Sol (2009), ambos documentários com reflexões sobre as tensões de classe no Brasil de hoje. Neste ano, Mascaro se arriscou pela primeira vez na ficção com Ventos de Agosto. O filme foi exibido no Festival de Locarno onde ganhou menção honrosa do júri. Além do Janela, também está sendo exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. A trama fala de Shirley, uma garota que deixou a cidade grande para viver em uma pacata vila litorânea para cuidar de sua avó. Mesmo isolada, cultiva o gosto pelo punk rock e o sonho de ser tatuadora
Outro nome da mesma geração, Marcelo Pedroso exibe Brasil S/A, que venceu cinco prêmios no Festival de Brasília, incluindo melhor diretor. Conhecido pela experimentação estética, Pedroso explora uma narrativa que mistura história brasileira e ficção nonsense. Diz a sinopse: “No Brasil dos últimos 500 anos, Edilson esteve cortando cana de açúcar. Um dia, as máquinas chegaram e ele deixou o corte para se engajar em sua primeira missão espacial. Um pequeno passo para ele, um salto enorme para o Brasil.”
Daniel Aragão é outro que vem firmando uma assinatura muito própria desde que lançou sua estreia em longa com Boa Sorte, Meu Amor (2012). Ele traz ao Janela o novo Prometo Um Dia Deixar Essa Cidade, que conta a relação de uma filha recém-saída de uma clínica de reabilitação e seu pai. História da Eternidade, de Camilo Cavalcanti, estrelado por Irandhir Santos, traz três história que provocam um novo olhar sobre o Sertão. O filme foi exibido no ressuscitado Festival de Paulínia e foi bastante aplaudido pelo público.
Fora de competição o festival exibe Permanência, estreia em longa de Leonardo Lacca, sobre um fotógrafo pernambucano viaja a São Paulo para sua primeira exposição individual e encontra sua ex-namorada, hoje casada. O Janela de Cinema ainda traz os novos curtas de Júlio Cavani, História Natural; Neco Tabosa (João Heleno dos Brito); Loja de Répteis (PE), de Pedro Severien e Noites traiçoeiras (PE), de João Lucas Melo Medeiros.
O Janela de Cinema exibe todos esses filmes em sessões no Cinema São Luiz e no Cinema da Fundação. Veja aqui a programação completa e aqui informações sobre os ingressos.